Os Nossos 50 Discos Internacionais de 2023

 

 

A gente acredita piamente no poder da informação e do conhecimento.  Sempre aproveitamos este período de listas de melhores de ano para apresentar novidades a quem nos lê. Claro, temos o cuidado de escolher os trabalhos mais bacanas que ouvimos, mas, enquanto muitos veículos brasileiros seguem copiando as relações de álbuns feitas no exterior – fruto de uma vivência totalmente diferente da nossa – a gente vem teimando em apresentar o novo.

 

Sendo assim, ao lado de artistas mais conhecidos, temos uma turma da qual você talvez ainda não tenha ouvido falar e isso será sensacional. Passe os olhos na lista – cheia de links para conhecer ainda mais o que está escrito – e dê asas ao seu gosto musical recém-renovado. Existe muito mais para conhecer além do que está no topo das paradas indies dos grandes veículos gringos. Assim como na nossa lista nacional, abrimos espaço para álbuns ao vivo, tributos, EPs e tudo mais que mereça fazer parte do retrato musical do melhor de 2023.  Temos discos destacados, comentados e uma relação de álbuns hors-concours, no fim da lista.

 

Em tempo: a gente também não tem qualquer pudor em incluir artistas mais velhos na nossa lista. Parece bobagem dizer isso, mas há verdadeiros disparates cometidos em nome de um abraço vazio e fútil a uma modernidade de costumes que a gente repudia veementemente.

 

Conheça, ouça, comente, é assim que avançamos.

 

 

– Kacey Johansing – Year Away
– Tennis – Pollen
– Sufjan Stevens – Javelin
– Slow Pulp – Doubt
– Munya – Jardin
– Jenny Lewis – Joy’All
– Fruit Bats – A River Running To Your Heart
– The Sextones – Love Can’t Be Borrowed
– New Pornographers – Firework In The Falling Snow
– Depeche Mode – Memento Mori
– Mon Laferte – Autopoiética
– Empty Country – Empty Country II
– Don Letts – Outta Sync
– Slowdive – Everything Is Alive
– Ratboys – The Window
– Local Natives – Time Will Wait For No One
– Beirut – Hadsel
– Estrella del Sol – Figura de Cristal
– Deer Tick – Emotional Contracts
– Mark de Clive-Lowe – Hotel San Claudio

 

 

25 – 100 Gecs – 10.000 Gecs – A dupla formada por Laura Les e Dylan Brady faz música revirando o grande lixão da indústria musical e cultural. E fazem isso com humor de gosto duvidoso, dando porradas de diferentes intensidades na cara da sociedade e do status quo. Este novo álbum deles é uma sucessão de absurdos sonoros, que vão do estranhíssimo ao estranho em pouco tempo mas, com momentos de genialidade enlouquecida, como é o caso da absurda “Doritos And Fritos”, que entrou na nossa playlist gringa do ano passado. Ouçam. Ou não.

 

24 – Yo La Tengo – This Stupid World – “This Stupid World” é um típico álbum do Yo La Tengo, dos bons, não dos próximos da perfeição. Nesta altura do campeonato, é o que todos estávamos querendo.  (leia mais aqui)

 

 

23 – Teenage Fanclub – Nothing Lasts Forever – Com a temática alinhada, um punhado de ótimas canções, cheio de objetividade e pé no chão, fica fácil pra o Teenage Fanclub bater no peito e se orgulhar deste novo trabalho, que teima em nos fazer acreditar no rock como o melhor veículo para dizer tantas coisas assim. Que lindeza.  (leia mais aqui)

 

 

22 – Wilco – Cousin – Será “Cousin” o primeiro de uma nova sequência de trabalhos mais experimentais do Wilco? Será apenas um álbum isolado, inquieto e si mesmo, refletindo a verve de músicos talentosos e capazes? Ou não será nada disso? Vamos aguardar. (leia mais aqui)

 

 

21 – Duran Jones – Wait Til I Get Over – Este disco esteve separado para ser resenhado no site e, sinceramente, os motivos pelos quais ele não o foi me escapam. O fato é que ele é um baita trabalho, a estreia solo do vocalista dos Indicators e um passaporte ao seu mundo, no qual ele vem exorcizando fantasmas do passado e lidando com reminiscências sobre preconceitos de todos os tipos. É um trabalho sobre sua Lousiana natal e os perrengues que viveu até aqui. No meio do caminho ele deixa pérolas como “Miss Sadie” e “See It Through”.

 

 

20 – El Mató A Un Policia Motorizado – Súper Terror – “Super Terror” é um discaço, universal, ótimo, bem feito, com músicas muito, muito boas. Tem tudo para ser um sucesso global. (leia mais aqui)

 

 

19 – Augustine – “Youth And Why It Ends” é o segundo álbum do jovem artista sueco, que pode ser entendido como uma mistura bem dosada de Sondre Lerche com Harry Styles. Uma veia soul pop percorre todas as canções do disco, mostrando que Augustine, ainda que só tenha 18 anos, tem as manhas da coisa. Uma lindeza para ouvidos exigentes.

 

 

18 – Arlo Parks – My Soft Machine – “My Soft Machine” é mais um passo dado pela cantora e compositora em direção a uma posição de protagonismo dentro do cenário mundial. Arlo é muito, muito boa e talentosa. Seu jeito de compor e cantar cativam pela naturalidade e sinceridade. Se tudo der certo, ela vai longe. (leia mais aqui)

 

 

17 – Zaho de Sagazan – La Symphonie Des Éclairs – Zaho de Sagazan tem 24 anos, é uma mistura de Rufus Wainwright, Pet Shop Boys e Air, tendo lançado este álbum magnífico. Os arranjos misturam technopop oitentista com sintetizadores vintage da década anterior e uma ótima voz, além de muita habilidade para compor canções, caso de “Fontaines de Sang” e “Langage”. Há uma semana, Zaho lançou uma belíssima cover de “99 Red Balloons”, aquele hit maneirinho da alemã Nena. Fiquem de olho nela.

 

 

16 – Grian Chatten – Chaos For The Fly – estreia solo do vocalista do grupo irlandês Fontaines DC e já com o pe direito, numa onda de emular o pop orquestral americano do fim dos anos 1960, no sentido Glen Campbell-Walker Brothers do termo. E tome belezuras como “Last Time Every Time Forever”, “Fairlies” e “Bob’s Casino”, todas presentes na nossa playlist de melhores do ano.

 

 

15 – The Coral – Sea Of Mirrors – “Sea Of Mirrors” é um discaço, uma pequena pérola que existe em seus próprios termos e regras. É um intervalo no corre corre diário, oferecendo uma música que clama por atenção aos seus detalhes. E, repito, traz um desfile de canções perfeitas. É muito pra 2023.  (leia mais aqui)

 

 

14 – Noel Gallagher’s High Flying Birds – Council Skies – Noel sabe bem que seu novo disco não é inovador, nem pretende ser. É um trabalho conciso, extremamente inspirado e que revê sua trajetória com olhos de carinho, mas sem saudade. É um álbum belo, com canções que o recolocam na prateleira dos mais inspirados compositores do rock em atividade. (leia mais aqui)

 

 

13 – Anohni And The Johnsons – My Back Was A Bridge For You To Cross – Anohni há tempos não é Antony Hegarty, líder da banda Antony And The Johnsons e, como tal, é dona de uma palheta musical diversa e surpreendente. Por exemplo, este ótimo “My Back …” é um álbum de soul. Ou pretende ser, até porque, nada é exatamente o que parece por aqui, mas há uma constante: a beleza das canções e a pungência dos arranjos. Nossas faixas preferidas são “It Must Change” e “Can’t”, duas porradas, cada uma à sua maneira.

 

 

12 – Dina Ogon – Oas – O quarteto sueco Dina Ogon é um dos tesouros escondidos da música mundial fora do óbvio. É dever nosso mostrá-lo a quem passa os olhos nessa lista e os caras nem precisavam lançar um álbum tão belo como “Oas”. É um trabalho de light soul eletrônico, algo como se o Stereolab ressuscitasse como algo mais orgânico e vivo. Não tem desperdício ao longo das faixas e a gente recomenda “Mormor” e “Berget” como nossas preferidas do álbum. Ouçam.

 

 

11 – Jalen NGonda – Come Around And Love Me – Jalen Ngonda é voz do presente a serviço de uma tradição atemporal, com compromisso narrativo em expor as emoções do amor, da elevação espiritual, da consciência e do envolvimento comunal. Esta carga de significados e sentidos se aninha naturalmente em suas costas. O cara veio para ficar. (leia mais aqui)

 

 

10 – Iraina Mancini – Undo The Blue – Seria incongruente dar uma nota máxima para um álbum apenas revisionista. O que leva “Undo The Blue” para outro patamar é o uso inteligente das referências, do clima, do pacote visual para criar música nova, de ótima qualidade, tudo para ser cantado e defendido por uma performer que já surge tão sensacional. Para as listas de melhores do ano. (leia mais aqui)

 

 

09 – Boygenius – The Record – “The Record” é mais que um disco de ótimas canções, é uma síntese de sentimentos, carreiras, experiências e saudades, mantendo intactas as características das três artistas envolvidas, apontando pro futuro a partir do presente e do passado. É um evento belo e raro, que você tem que prestigiar. (leia mais aqui)

 

 

 

08 – Jungle – Volcano – “Volcano” é um disco que incita a viagem, a desconexão com a realidade, nem que seja por alguns poucos e necessários minutos. É um bálsamo sonoro, coisa linda. Sem dúvida, um dos melhores álbuns de 2023, fácil. Ouça e ame, você não tem como evitar. (leia mais aqui)

 

 

07 – Everything But The Girl – Fuse – No fim das constas, “Fuse” é um disco de escape da crueldade midiática e existencial de hoje através do olhar gentil e atento para vivências e experiências. É um dos álbuns mais sinceros e belos que ouço em muito tempo. E, assim como o próprio EBTG em pleno 2023, é algo raro e sensível. Ouça e entenda.  (leia mais aqui)

 

 

06 – The Lemon Twigs – Everything Harmony – “Everything Harmony” é um disco belíssimo e que escapa lindamente da cópia, mesmo que muito bem feita. Ele pertence a uma linhagem raríssima e com poucos representantes, de trabalhos fora do tempo, misteriosos e com uma aura que evoca várias emoções. Deve ser ouvido com muito carinho, visto que é um artefato que não se vale de qualquer truque moderno para soar “in” ou “cool”. Não perca. (leia mais aqui)

 

 

05 – Paul Simon – Seven Psalms – “Seven Psalms” é um evento que merece ser entendido como tal. Não é um álbum para ouvir toda hora, não tem hits, não tem nada que não seja um ícone da música mundial abrindo o coração e confessando seus pensamentos a quem possa ouvir. É como um livro de memórias, algo bem profundo e sério. E generoso. (leia mais aqui)

 

 

04 – Blur – The Ballad Of Darren – Este nono álbum do Blur é um aceno aos fãs que acompanham a banda há décadas, mas não só a eles. Qualquer pessoa que se interessar em ouvir as canções de “The Ballad Of Darren” vai se deparar com uma banda de peito aberto, assumindo sua idade, permanência e relevância ao longo do tempo. E aceitando o seu transcorrer e tudo o que implica esta aceitação. É disco pra ouvir, guardar e amar. (leia mais aqui)

 

 

03 – Olivia Rodrigo – Guts – Olivia Rodrigo conseguiu fazer um álbum ainda melhor que sua estreia. Mais focado, mais sutil e igualmente pródigo em ótimas canções. Não há ninguém tão bom quanto ela no pop multimundial no momento. E ela não parece a fim de mudar essa situação. Estamos de olho, ela tem tudo para ser, de fato, uma grande estrela da música. (leia mais aqui)

 

 

02 – Nico Paulo – Nico Paulo – Nico Paulo, a cantora, é o maior achado deste 2023, desde já. E seu disco de estreia já leva nota máxima aqui pelo peito aberto, pela simplicidade que gera complexidade, pela generosidade e pela coragem de fazer algo tão impressionantemente belo em tempos em que o feio, o mau e o comercial dão as cartas. Nico nos oferece um paraíso perdido, finalmente reencontrado. Coisa que não acontece sempre, aliás, quase nunca. Não perca esse sonho. (leia mais aqui)

 

 

01 – Peter Gabriel – i/o – Este álbum traz canções feitas por um artista septuagenário que reúnem preocupações comuns a todos, mas que se comunicam de modo mais imediato com quem já tem pelo menos seis décadas de sofrimento, de perdas, de dúvidas e de eventuais alegrias nas costas. É música catártica, capaz de aplacar por algum tempo as dores e as angústias de quem a ouve. Assim são os trabalhos mais recentes de artistas idosos como Bob Dylan e Paul Simon, embora o novo álbum dos Rolling Stones ande na contramão dessa tendência e busque irradiar a energia identificada com a juventude. Ambos os caminhos são válidos, sobretudo se forem palmilhados de modo inteligente e empático. Espero que i/o não seja o último álbum de Peter Gabriel, que ele desafie a própria letargia fonográfica e lance mais material novo em breve porque sempre existirá demanda por música inventiva, sensível e bonita. (leia mais aqui)

 

 

HORS-CONCOURS

 

– Roger Waters – The Dark Side Of The Moon (Redux) – Roger Waters é um radical, no bom sentido do termo. E imperfeito. Aqui, no entanto, os méritos por rever sua obra, clamá-la de volta para si e reafirmar seu significado, é digno de aplausos inquestionáveis. Esta versão redux de “The Dark Side Of The Moon” é bela e serve como uma altiva e impávida companhia para o álbum original de 1973.  (leia mais aqui)

 

– Cat Power – Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert – Se esta apresentação de Chan Marshall/Cat Power vai servir para que novas gerações conheçam e se apaixonem pela obra vastíssima e definitiva de Bob Dylan, só o tempo dirá. Este álbum é uma curiosidade técnica, provavelmente um triunfo pessoal de uma intérprete que procura ser criativa sempre que possível. Aqui, ela fez diferente e, dentro dos limites de sua empreitada, fez o certo. (leia mais aqui)

 

 

– Fito Paez – EADDA 9223 – “EADDA9223” não tem o brilho do álbum original e nem pretende. É uma celebração de um feito cultural, de um disco de amor que fez renascer um dos grandes nomes da música argentina. É um típico álbum de amor, inteiramente dedicado a uma musa – a própria Cecilia Roth, com quem Fito foi casado até 2003 – e que marca uma dessas unanimidades que se mantém com o passar do tempo. Lindeza. (leia mais aqui)

 

 

– Daft Punk – Random Access Memories (Drumless Edition) – Esta versão Drumless de “Random Access Memories” mostra duas coisas, meio paradoxais. O original é imaculado e, como tal, precisa descansar, ser deixado de lado. Ao mesmo tempo, é legal ouvir essa reimaginação sem bateria. É estranha, meio desnecessária, mas, tem seu charme. É um complemento interessante. 🙁leia mais aqui)

 

 

– Giorgio Tuma – We Love Gilberto (EP) – Giorgio Tuma é um entusiasta da música brasileira, seja ela bossa nova, seja ela tropicalista. Além disso, é um talento imenso no domínio de um pop fluido e retrô, com muita habilidade nas composições, algo como um Burt Bacharach mais pop e moderno. Seu álbum “My Vocalese Fun Fair”, de 2008, é uma lindeza sem tamanho. Em “We Love Gilberto”, ele presta, como o título já diz, uma homenagem à ideia gringa de bossa nova, que é um pop luminoso, fluido e belo, ajudado pelos vocais da cantora Clarissa Rustico.