Nossa Playlist Internacional de 2023
Aqui está o nosso inventário pessoal de canções estrangeiras de 2023. Escolhemos ao longo do ano, mês a mês, dia a dia, à medida em que os lançamentos eram feitos. Tem de tudo por aqui: medalhão, novidade, cover, original, instrumental, gravação ao vivo. A gente não acha que apenas as canções inéditas devem entrar nesse tipo de lista, mas, quando inserimos uma versão ou uma gravação ao vivo, levamos em conta a inventividade e a disposição em não repetir o original, especialmente se este for muito conhecido.
Abaixo listamos as cem escolhidas e comentamos as nossas quinze preferidas do ano. Divirtam-se, concordem, discordem, passem adiante.
– Margo Price – Time Machine
– Joesef – It’s Been A Little Heavy Lately
– CVC – Anogo
– The Lovelines – Make Believe
– Kig Tuff – Love Letters To Plants
– JW Francis – Going Home To A Party
– Hi-Fi Sean & Dave McAlmont – The Fever
– Paramore – Big Man, Little Dignity
– Yo La Tengo – Fall Out
– Tennis – Pollen Song
– Gorillaz e Stevie Nicks – Oil
– Allison Russell – Eve Was Black
– Brittany Howard – What Now
– Midland – Wichita Lineman
– Depeche Mode – Ghosts Again
– The Reds, Pinks And Purples – Too Late For A Early Grave
– Boygenius – Not Strong Enough
– Eddie Chacon – Sundown
– Josh Rouse – The Model
– Jenny Lewis – Psychos
– Fruit Bats – Tacoma
– Brian Dunne – The Kids Are All Grown
– Giorgio Tuma – Embracing Livia
– Giorgio Tuma – Primsma Clarisse
– Nico Paulo – Time
– Dina Ogom – Berget
– Durand Jones – See It Through
– Durand Jones – Sadie
– 100 gecs – Doritos & Fritos
– Slowdive – Kisses
– The National – Tropic Morning News
– The National – New Order T-Shirt
– Temples – Liquid Air
– Friend Of Mine – Carnival Kid
– The Lemon Twigs – In My Head
– The Lemon Twigs – What You Were Doing
– The Lemon Twigs – When Winter Comes Around
– Alex Lahey – On The Way Down
– Ironsides – Changing Light
– Raul Malo – Solitary Blues
– Arlo Parks – Blades
– Arlo Parks – Dog Rose
– Beach Fossils – Seconds
– Queens Of The Stone Age – Carnavoyeur
– Estrella Del Sol – Tangible
– Local Natives – Just Before The Morning
– Jungle – I’ve Been In Love
– Jungle – Good At Breaking Hearts
– Noel Gallagher’s High Flying Birds – Dead To The World
– Noel Gallagher’s High Flying Birds – Easy Now
– Metric – Just The Once
– Dominic Fike – How Much Is Weed?
– Animal Collective – Soul Capturer
– ANOHNI – It Must Change
– ANOHNI – Can’t
– Wednesday – Bath County
– Augustine – Mary Cookins
– Mon Laferte – Tenochtitlán
– Portugal The Man – Grim Generation
– Deer Tick – Forgiving Ties
– Deer Tick – My Ship
– The Coral – Faraway World
– Slow Pulp – Doubt
– Slow Pulp – Slugs
– Grian Chatten – Bob’s Casino
– Grian Chatten – Last Time Every Time Forever
– Grian Chatten – Fairlies
– Teenage Fanclub – Back To The Light
– Chemical Brothers – Fountains
– Olivia Rodrigo – Bad Idea, Right?
– Pretenders – I Think About You Daily
– Sextones – Daydreaming
– Munya – Hello Hi
– Munya – Nelly
– Kacey Johnsing – Year Away
– Kacey Johnsing – Old Friend
– Beirut – So Many Plans
– Peter Gabriel – And Still
– Jalen Ngonda – Come Around And Love Me
– El Mató a un Policia Motorizado – Medalla de Oro
– El Mató a un Policia Motorizado – El Número Mágico
– Blur – The Narcisist
– Local Natives – Just Before The Morning
– The New Pornographers – Angel Cover
– The Hives – Bogus Operandi
15 – Everything But The Girl – Run A Red Light – “Fuse” marcou a volta do EBTG ao disco depois de muito tempo. Com o álbum veio uma versão madura e tristonha, ainda que reflexiva, do pop eletrônico maravilhoso da dupla. Esta canção tempera tudo isso com pianos chuvosos e um belo momento vocal de Tracey Thorn.
14 – Boygenius – True Blue – O grupo de indie rock americano sensação de 2023. Esta canção amplia o escopo das guitarras e melodias noventistas para inserir uma narrativa autobriográfica e tristíssima. Cesta de três pontos.
13 – Jungle – Back On 74′ – 2023 foi o ano de consolidação do Jungle como um dos melhores artistas atuantes no segmento do funk-pop eletrônico de alto impacto, mas conservando uma aura de projeto underground de cena dançante alternativa. Esta canção é uma aula do que se pode fazer neste terreno atualmente.
12 – Wilco – Infinite Surprise – esta é a faixa de abertura do novo álbum do grupo, “Cousin” e espelha vários momentos passados em que Jeff Tweedy se equilibraram entre a melodia linear e várias experimentações sonoras. Belezinha.
11 – Empty Country – Dustine – esta gravação me despertou a lembrança de algum elo perdido noventista, algo que poderia ser de gente como Sparklehorse, Grant Lee Buffalo ou algo do gênero. A letra é impressionante, triste, melancólica e o instrumental emula um folk rock à beira do precipício.
10 – Billie Eilish – What Was I Made For? – o grande mérito de Barbie, no fim das contas, passada toda a agitação do “Barbieheimer” é esta canção, linda, de Billie Eilish, que é, fácil, a melhor artista de sua geração em atividade nos Estados Unidos.
09 – Noel Gallagher’s High Flying Birds – Council Skies – Noel voltou ao jogo com um belo álbum em 2023 e esta canção conseguiu evocar uma Manchester que ele nunca havia conseguido cantar, nem nos tempos do Oasis. Beleza que lembra várias outras belas canções de pouco tempo atrás.
08 – Iraina Mancini – Sugar High (Saint Etienne Remix) – Iraina é uma das fofuras de 2023, pelo menos aqui na nossa área. Esta versão amplia a lindeza do original, formatando um andamento meio reggae, enchendo de barulhinhos e enfatizando o uso das cordas e efeitos para o seu máximo prazer. Uma beleza total.
07 – Dina Ogom – Mormor – uma mistura de Stereolab com Glen Campbell, se é que isso é possível. O grupo sueco é uma das melhores descobertas de 2023, uma máquina do tempo em looping, com efeito bumerangue para 1969. Essa gravação é uma beleza melancólica e nostálgica.
06 – Blur – Barbaric – uma pequena análise de conjuntura feita pelo Blur em plena meia idade. Esta canção é isso e ainda tem um arranjo milagroso e direto, além de um refrão matador. O que poderíamos esperar?
05 – Peter Gabriel – Love Can Heal – “i/o”, o novo e assombroso álbum de Peter Gabriel chegou tarde demais para a parte delivery da imprensa musical, que não teve tempo de digeri-lo como devia. Ele é cheio de momentos maravilhosos, como esta impressionante canção em homenagem à mãe morte de PG.
04 – Nico Paulo – Now Or Never – a cantora luso-canadense é uma estrela solitária no céu da beleza, do romantismo mais vulnerável, do coração na ponta da chuteira e demais metáforas para sentimento total como mola-mestra criativa e realizadora. E ainda faz tudo parecer como se Joni Mitchell estivesse começando sua carreira.
03 – Olivia Rodrigo – Vampire – o primeiro single de “GUTS”, o último álbum da cantora americana, é uma baita canção, bem arranjada, dramática e infecciosa. Mais um passo de Olivia em direção ao lugar que é seu por direito.
02 – Peter Gabriel – Playing For Time – Mais uma baita canção que Peter Gabriel gravou em seu último álbum, uma crônica sobre a passagem rápida e abrupta do tempo em nossas vidas e o que fazer com isso. PG é mestre total.
01 – NewJeans – Supershy – e o k-pop chegou à nossa playlist de melhores do ano. Mas, quando o fez, veio na forma de um tsunami colorido, irresistivelmente melódico e cheio de fofura. Desafio: tente ouvir “Supershy” uma única vez. É impossível.
Hors-Concours – Beatles – Now And Then – bem, nem que seja por uma questão de estatística, nos anos em que há canção inédita dos Beatles sendo lançada, não pode ser diferente. E ponto final.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.