Minha filosofia no novo Teenage Fanclub

Há um provérbio indiano simples e repleto de sabedoria que, vez ou outra, ressoa no meu pensamento: quando possuímos a beleza em sua forma mais simples – e nada mais -, temos, na verdade, tudo o que a vida tem de melhor para oferecer.

 

Curioso como os provérbios populares e milenares têm a habilidade de apontar a verdade subjacente a todas as coisas. Bem, e sobre coisas belas ditas da maneira mais simples, há quem diga que ninguém operou melhor esse trabalho do que o Teenage Fanclub.

 

Aqueles que têm um mínimo de familiaridade com a banda escocesa, certamente, sabem do que estou escrevendo. Eu posso até apostar que se essas pessoas tornaram suas almas mais belas e souberam apreciar as maravilhas mais singelas da vida, depois de ouvir, com sensibilidade, álbuns como “Bandwangonesque” ou “Shadows”. E aproveitando o ensejo para tomar de empréstimo as palavras do meu amigo Cel, editor deste amado site, essas pessoas se transformaram, sem dúvida, em gente que leva mesmo a sério o amor na vida cotidiana: o amor pelo parceiro ou pela parceira, pela família e pelos amigos.

 

Dizer que o Teenage Fanclub merece um lugar de destaque na história da música pop é, usando novamente a sabedoria dos ditos populares, como chover no molhado. A importância da banda e sua relevância são inegáveis, especialmente ao se considerar o cenário alternativo das décadas de 1980 e 1990. Com suas melodias cativantes, harmonias vocais ricas e letras sinceras, o Teenage Fanclub conseguiu, de forma unânime, capturar a essência de uma geração e construir um legado musical duradouro.

 

Não é novidade que a banda mudou comparada aos tempos passados, quando mesclavam guitarras sujas e ruidosas a melodias apaixonantes, criando a impressão de que a inspiração fluía de forma permanente entre os integrantes. Contudo, a verdadeira beleza da obra da banda sempre repousou na simplicidade de sua abordagem, uma característica que permanece inalterada, inclusive em “Nothing Lasts Forever”. Suas canções ainda brilham como joias lapidadas, irradiando uma luminosidade intemporal, combinando a vitalidade do rock alternativo com a sensibilidade do pop, resultando em músicas que ecoam com uma autenticidade emocional profunda. As guitarras cristalinas e os arranjos cuidadosamente elaborados transportam a música a um patamar sublime – quase ingênuo -, enquanto suas letras continuam a ser um hino à vida cotidiana, explorando temas como amor, amizade e a busca por um significado.

 

O 12º álbum do Teenage, “Nothing Lasts Forever”, obviamente não nos surpreende em relação ao que esperamos da banda, mas mesmo assim, o novo trabalho consegue tocar profundamente nossos corações, nos lembrando do lado mais doce e belo da vida. Diferentemente do álbum anterior, “Nothing Lasts Forever” revela uma abordagem lírica de alguém resignado e em paz com a vida e, definitivamente, alguém que aceitou a transitoriedade das coisas – afinal, nada dura para sempre.

 

As belas faixas “Middle of My Mind”, “Back To The Light”, “I Will Love You” e “Tired Of Being Alone” resumem uma abordagem poética e nostálgica que nos faz ansiar por uma época que talvez não tenhamos vivido, onde a melodia reinava supremamente em bandas de rock, e ouvir um álbum era um convite para relembrar como a música tem o poder superior de criar conexões emocionais profundas.

 

Mais uma vez, o Teenage Fanclub nos mostra ao longo de sua carreira que é perfeitamente possível criar músicas que transcendem gêneros e décadas. O grupo conseguiu evocar sentimentos de nostalgia e esperança, um presente verdadeiramente especial para aqueles que ainda se emocionam com a música. Todos nós buscamos um amor que dure a vida inteira, uma amizade para a eternidade um trabalho que nos apaixone por toda a jornada ou uma trilha sonora para a nossa vida. Todos anseiam pelo golpe certeiro do cupido em seus corações. Se, porventura, você não confie tanto no acaso ou queira fazer um esforço consciente, aqui vai um conselho: ainda há tempo para se apaixonar pelo Teenage Fanclub. Eles são mesmo uma das joias mais preciosas e estão sempre prontos para conquistar nossos corações e nos lembrar da verdadeira magia e beleza da música… e da vida.

 

Escute primeiro: “Tired Of Being Alone”

 

Clique aqui para ler a nossa resenha sobre o disco.

 

 

Maisa Carvalho

Maísa Mendes de Carvalho é piauiense com toques paulistas, advogada, criadora e apresentadora do Distorção Podcast, amante das artes humanas e apaixonada por música.

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