The Cranberries – In The End

 

Gênero: Rock alternativo
Duração: 43 min
Faixas: 11
Produção: Stephen Street
Gravadora: BMG
3 out of 5 stars (3 / 5)

 

A morte da cantora e compositora irlandesa Dolores O’Riordan definiu o fim de sua banda, Cranberries. Surgida no início dos anos 1990, com uma receita sonora que consistia na diluição do que faziam formações mais encorpadas e legais como Lush, Sundays, Cocteau Twins, entre outras, o quarteto irlandês obteve grande sucesso com a balada “Linger”, em 1993. Mesmo que não tenha repetido a dose em nível planetário, eles ainda cravaram outras canções de sucesso como “Ode To My Family”, “Zombie” e “Dreams” no coração de seus admiradores, muitos deles aqui no Brasil. Ao longo do tempo, Cranberries registrou sete discos, mais ou menos parecidos entre si, sem causar muita comoção ou espanto.

Não espanta, portanto, que o trio remanescente se reúna para fazer este “In The End”, um álbum póstumo, formado por demos que Dolores havia registrado, devidamente finalizadas em estúdio, com a presença do produtor inicial do grupo, Stephen Street. O resultado vai agradar em cheio aos saudosistas e manter vivo o fascínio que o grupo exercia em seus fãs. A voz de Dolores estava com força e sentimento, suas composições se encaixavam dentro do que o grupo vinha registrando, ou seja, era um movimento natural pensar que a realização do disco aconteceria, independente do ocorrido.

Talvez este seja o grande mérito de “In The End”. o de não parecer um disco póstumo. Suas letras, arranjos e canções são totalmente familiares, a temática da perda e do amor que se foi – molas mestras na composição da banda – conferem esse sentimento de dejá vu ao fã da banda, quase permitindo que ele compartilhe do sentimento. Fica tudo implícito, mas não compromete que um eventual neófito em relação ao trabalho do quarteto possa desfrutar de canções como a faixa-título e as boas “All Over Now” e “Wake Me When It’s Over”, todas com um acabamento de primeiro nível por parte do trio remanescente, com destaque para os irmãos Noel e Mike Hogan, responsáveis por guitarra e baixo, respectivamente.

O ato de dar corpo a estas últimas composições mostra que os músicos e Dolores desfrutavam de cumplicidade suficiente para que este nível de entrosamento fosse possível, mesmo depois das cirscunstâncias. “In The End” é um bom disco, bem feito, bem produzido e que vai agradar em cheio aos fãs, preenchendo um pedaço de seu vazio.

Ouça primeiro: “Wake Me When It’s Over”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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