Sharon Van Etten – Remind Me Tomorrow

Gênero: Folk, Rock
Duração: 41 min.
Faixas: 10
Produção: John Congleton
Gravadora: Jagjaguwar

Este quinto disco é aquilo que os empreendedores chamam de “turning point” numa trajetória. Ou seja, dispensando o inglês dispensável, significa dizer que este trabalho marca uma mudança na carreira da artista. “E o que mudou?”, perguntaria você, incrédulo. É simples. Sharon, jovem e talentosa cantora/compositora de afinidade com o folk, abriu mão do purismo do estilo e deixou de lado as restrições a violões e pianos acústicos, incorporando sintetizadores, teclados, loops eletrônicos e demais ferramentas de estúdio que conferem um ar mais contemporâneo às suas canções. No terreno lírico, entretanto, nada mudou. Sharon continua observando os tiques e taques dos corações alheios, quando não está percebendo o seu. E faz bela música disso.

“Remind Me Tomorrow”, na condição de disco que abraça uma palheta sonora mais ampla, recebe um jeitão meio setentista, como se fosse uma modernização do que bandas como Fleetwood Mac costumavam fazer naquele tempo. Toda essa novidade fez muito bem para a inspiração de Sharon. Ela se sai com ótimos momentos ao longo de todo o disco, com destaque para a reflexiva “No One’s Easy To Love”, a soturna “Memorial Day”. Há toques mais dançantes/futuristas em “Comeback Kid”, enquanto “Jupiter 4” tem um clima meio Florence And The Machines sem a grandiloquência. “Seventeen” e “Malibu” mostram desenvoltura nesta proposta de expandir inspirações. A primeira é uma bela canção em midtempo, enquanto a outra é uma balada solene com intervenções pianísticas.

Também em detalhes nos arranjos de “You Shadow”, cheia de órgãos, timbres e mistérios , a melhor canção por aqui, Sharon e Congleton mostram o quanto a parceria de ambos rendeu bons frutos. Ouça com ouvidos bem abertos.

Ouça primeiro: “You Shadow”.
Em uma linha: Cantora folk abre espaço para arranjos atuais e dá novas cores a novo disco.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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