Amado Maita – Amado Maita

Gênero: MPB
Duração: 28 min.
Faixas: 10
Produção: Cesare Benvenuti e Daniel Taubkin
Gravadora: Copacabana/Patuá

4.5 out of 5 stars (4,5 / 5)

Este é um daqueles tesouros inexplicáveis da música brasileira. Lançado em 1972, mesmo ano de “Transa” (Caetano Veloso) e do “Clube da Esquina” (Milton Nascimento e Lô Borges), o primeiro álbum do violonista, baterista, cantor e compositor paulistano Amado Maita demorou apenas 36 horas para ser gravado. Com uma voz grave e “gorda”, Amado lembra muito o jovem Milton Nascimento de “Travessia”, mas sua sonoridade é muito mais complexa e ampla que a do então estreante cantor mineiro. Por conta de problemas de distribuição e falta de visão, o álbum pouco vendeu, tornando-se cult com o passar do tempo.

É fácil entender o motivo: ao longo das dez faixas do disco nos deparamos com pequenas belezuras híbridas de samba, jazz e bossa, tudo misturado e refeito com o toque pessoal de Amado, que era um baita músico e cantor. Talvez a mistureba surgida por aqui com a influência do jazz sobre ritmos nacionais – samba, bossa nova – tenha sido uma das fusões mais interessantes da música popular do século 20. Em alguns momentos fica quase impossível classificar as canções que vão saindo do equipamento de som.

Ano passado a gravadora Patuá resolveu fazer uma nova prensagem do álbum em vinil e o colocou no mercado para a alegria dos admiradores. Será possível ouvir em boas condições belezuras como “Gestos”, “Os Mergulhadores”, a inquietante “O Monstro Verde do Mal” e a lírica “Mariana”, em homenagem a uma de suas filhas. A outra é a cantora Luisa Maita.

Não perca a oportunidade de conhecer uma música rica, lírica e esteticamente inquietante e, ao mesmo tempo, incontestavelmente brasileira.

Carlos Eduardo Lima

Ouça primeiro: “Os Mergulhadores”

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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