Roupa sempre nova?

 

 

Uma inusitada notícia percorreu o circuito de veículos informativos ao fim do dia de ontem: O Roupa Nova, ele mesmo, aquele grupo de pop nacional, está mudando de nome. Passa a se chamar ROUPA SEMPRE NOVA. O comunicado veio na conta de Instagram do grupo:

 

“Completamos 40 anos de estrada com a mesma energia de sempre e queremos marcar esse momento. Por isso, decidimos atualizar o nome da banda: a partir de agora somos Roupa Sempre Nova!”

 

Eu vos pergunto: pra quê isso, gente?

 

Houve intenção de usar bem sacadas construções frasais? Por exemplo, a oposição do “sempre” com o “nova”? Algo que está “sempre novo” estaria, necessariamente, renovado constantemente? Ou não?

 

O fato é que o Roupa Nova – me permitirei ser conservador aqui – teve origem num grupo tijucano dos anos 1970, chamado Os Famks. Evoluiu para uma formação consistente de pop rock na virada dos anos 1970, emplacando hits como “Clarear” e “Canção de Verão” e, daí em diante, se tornando uma banda extra-oficial de estúdio, dada a habilidade técnica de seus integrantes. Tocaram com Gal Costa coletivamente e seus membros aparecem em vários discos gravados a partir dos anos 1980.

 

Em álbum, o Roupa Nova moveu-se deste pop arejado, mas bem comportado – que teve em “Whisky A Go-Go” o seu maior sucesso, para uma banda que privilegiava a música romântica, num vale-tudo que comportava cover vocal dos Beatles, misturada com Milton Nascimento, canção da novela global da época e, sei lá, qualquer coisa que caísse no colo dos caras, que tocavam e topavam tudo.

 

A última informação que tive do Roupa Nova dava conta de que a banda estava num cruzeiro com fãs, em algo que poderia ter os mesmos efeitos de “O Destino do Poseidon”, aquele filme catástrofe em que o navio é atingido por um vagalhão e que tem o Gene Hackman como um pastor presbiteriano que guia os sobreviventes para a salvação. Era um clássico as noites setentistas da globo. Enfim…

 

Ah, os caras também são do time de artistas que posou com sérgio moro.

 

Enfim, o Roupa é tudo, menos nova. Que dirá “sempre nova”. Se mudassem o nome para ROUPA DE BECHÓ… Melhor esquecer.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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