Resumão Globo de Ouro 2020

 

Numa cerimônia mais ágil e objetiva, especialmente em relação a premiações como o Oscar, o Globo de Ouro teve sua noite de gala. Vários prêmios justos foram dados, outros nem tanto e as homenagens de praxe: o Prêmio Carol Burnett para Ellen DeGeneris e o Prêmio Cecil B. de Mille para Tom Hanks, ambos pela carreira, importância e relevância para o cinema e para a TV ao longo do tempo. Válido, sobretudo para Ellen, que conseguiu sobreviver à homofobia quando assumiu-se gay ainda no fim dos anos 1990, quando isso parecia impensável. Perdeu sitcoms, ganhou um talk show e o respeito de boa parte da América. A parte que importa. Hanks é Hanks. Aquele sujeito talentoso, boa praça e bom ator. Poderia ter sido um Charlie Sheen, mas escolheu ser bom moço. Deu certo.

 

Os prêmios para TV e cinema mostraram alguns fatos interessantes. A Netflix, que entrou pra valer no mercado em 2019, teve 34 indicações e recebeu apenas dois prêmios, um por melhor atriz coadjuvante em filme dramático (Laura Dern em “História de um Casamento”) e outro por melhor atriz em série dramática (Olivia Colman em “The Crown”). Das indicações, 17 foram para oito series ou minisséries (“Living with Yourself”, “The Spy”, “Russian Doll”, “Dead to Me”, “The Crown”, “O Método Kominsky”, “The Politician” e “Inacreditável”) e mais 17 para quatro filmes (“O Irlandês”, “História de um Casamento”, “Dois Papas” e “Meu Nome é Dolemite”).

 

Na parte do cinema, os prêmios confirmaram a importância de “Era Uma Vez Em Hollywood”, de Quentin Tarantino, que levou Melhor Roteiro, Melhor Filme Musical/Comédia e Melhor Ator Coadjuvante, para Brad Pitt. Na categoria Drama, o diretor inglês Sam Mendes levou por “1917”, que também faturou o prêmio de Melhor Filme. Nos desempenhos individuais, Renée Zelwegger foi a Melhor Atriz em Drama, por “Judy”, enquanto Joaquin Phoenix levou Melhor Ator em Drama, por “Coringa”. Já no setor de Comédia/Musical, Taron Eggerton faturou Melhor Ator por “Rocketman” e Akwafina foi a Melhor Atriz, por conta de seu desempenho em “A Despedida”.

 

Na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”, o sensacional “Parasita”, que nós elegemos aqui como o Melhor Filme de 2019, foi aclamado. No discurso de agradecimento o diretor sul-coreano Bong Joon Ho falou sobre o maravilhoso mundo de filmes existentes “além das legendas”, mencionando a preguiça do público em ver longas estrangeiros. Valeu a cutucada.

 

No setor televisivo, séries como “Fleabag”, “The Sucession” e “Chernobyl” levaram prêmios importantes, mas os discursos pessoais, especialmente os de Patricia Arquette (Melhor Atriz Coadjuvante em Série Limitada ou Filme para a TV) e Michelle Williams (Melhor Atriz na mesma categoria), valeram pela conclamação das mulheres ao voto, como uma forma inequívoca de interromper o governo machista atualmente no poder, numa menção clara à figura de donald trump.

 

Fechando as premiações principais, Elton John e Bernie Taupin receberam, pela primeira vez na história, uma homenagem conjunta, que veio pela escolha da canção “I’m Gonna Love Me Again”, como Melhor Canção Original, por “Rocketman”.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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