Entrevista – Ed Motta

 

 

Ed Motta é sempre um ótimo entrevistado. Ele é um artista que precisa falar e, felizmente, tem muito a dizer. Seu novo trabalho, o elaboradíssimo “Behind The Tea Chronicles” (leia aqui a nossa resenha) é uma espécie de coroamento de sua busca pela perfeição técnica e pela total fruição. Nele há bem decupadas influências, muita musicalidade e muito apuro, mas, arrisco dizer que o que realmente importa neste álbum é a perfeita tradução do que Ed considera importante. “Tea” traz sua consolidação como letrista, a confirmação – se é que havia alguma necessidade – de seu talento como músico, criador e arranjador e tudo mais que importa pra ele. Ele encontrou lugar para seu amor pelo cinema dos anos 1950, pelas séries de TV dos anos 1960 e pelos quadrinhos.

 

Mas Ed é um “outspoken” (“falador”, numa tradução espontânea) e gosta de falar sobre vários assuntos. A indústria musical e suas injustiças. O DNA de seu trabalho, sempre destacado em relação ao que se produz aqui e ali, em diferentes épocas e, sobretudo, o mérito de se estudar bastante sobre seu ofício. “Gosto se aprende” diz ele a certa altura, frisando a importância de conhecer arte, falar sobre arte, ter acesso à arte, como forma de forjar uma personalidade que vai além do âmbito, digamos, artístico, e adentra o terreno da cidadania. E Ed vai além das personas que lhe atribuem no trato social. Ele não é o “chato, pretensioso” nem o “bonachão, engraçado”, é um sujeito de 52 anos, que vive num país que vive profunda transformação social e, portanto, cultural, num tempo muito rápido. E, como tal, Ed vive num mundo que também anda muito mais rápido do que o tempo que sua obra exige para a apreciação total. Como fazer? Veja o vídeo da nossa conversa.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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