Das telas pros tambores: Blocobuster

 

 

 

Chegou 2020 e com ele o carnaval de rua invadiu o Rio: o dia 5 de janeiro marcou a abertura não oficial da folia, quando mais de 20 blocos agitaram as ruas do Centro da cidade com muita música, cor e alegria, apesar de todas as dificuldades para acontecer. De acordo com a Prefeitura, a maior festa popular do país começou mesmo dia 12 do primeiro mês do ano…

 

Só que não. Bem antes disso, os blocos avançam – e trabalham muito – na criatividade, na pluralidade e nas opções para os foliões, que vêm de todos os lugares para curtir a festa. Neste contexto, imagine a estreia de um bloco que toca trilhas e temas de filmes, séries e novelas, com seus ritmistas vestidos como os personagens das obras de ficção? Imagine, por exemplo, ouvir o tema do Titanic em arranjos para uma bateria de, até agora, 50 ritmistas?! Este é o Blocobuster!

 

Resultado da reunião de amigos e batuqueiros de outros blocos, o Buster começou a ser concebido em dezembro de 2018, quando os hoje diretores Cesar Augusto Tenório e Luciano Fernandes convidaram os amigos e batuqueiros Natalia Lima, Fernanda Archanjo e Dani Freitas para início dos trabalhos. Já em abril do ano passado, após cervejas e mais cervejas no Bar do Augusto, na Lapa, fecharam o conceito, estratégia, estrutura e demais detalhes; em agosto começaram os ensaios e, finalmente, a trupe apresentará seu desfile parado no dia 15 de fevereiro, dividindo o palco com o Bloco Brasil, na Praça Almirante Júlio de Noronha, no Leme, a partir das 8h.

 

“Mais do que música, queremos oferecer uma experiência. O folião que for nos assistir vai se sentir dentro de um filme ou de uma novela. Além disso, nossa proposta é gerar interesse para quem não conhece determinada música como, por exemplo, a trilha de Um Tira da Pesada”, explica Luciano. “Queremos levar frescor e mais uma alternativa de diversão para a cena do carnaval de rua, que anda lutando para sobreviver”, complementa Cesar Augusto. Segundo ele, a ideia é que o figurino contribua para criar essa experiência, e o Buster conta com a participação dos foliões para vestir aquela fantasia de Viúva Porcina, ou de Rocky Balboa.

 

“Somos cinéfilos e noveleiros, e fizemos um apanhando de tudo o que gostávamos nesse contexto”, diz Fernanda, explicando que o levantamento gerou mais de 12 horas de sugestões e muito trabalho de estudo junto ao mestre de bateria, Fabricio Santos. Estão no repertório músicas como Eye Of The Tiger, tema do filme Rocky; Me Chama que eu Vou, da novela Rainha da Sucata; Ghostbusters, do filme Os Caça Fantasmas; Footloose, do filme homônimo; É o Amor, do filme 2 Filhos de Francisco; Tropa de Elite, tema do filme de mesmo nome; e Noite Preta, da novela Vamp, entre outras novidades.

 

Além da bateria do K7, como foi criativamente batizada, o Blocobuster conta também com três cantores, baixo, guitarra, cavaquinho, trombone e trompete. Em outubro de 2019 fez seu primeiro show, no Baródromo, na Lapa, superando expectativas. Já em novembro do mesmo ano promoveram uma feijoada e um show no Bar Leviano, também na Lapa, lotando a casa nas duas datas.

 

Mas nem tudo é só confete e serpentina – para atender às exigências legais e literalmente colocar o bloco na rua, Buster se afiliou à associação de blocos Coreto e aprendeu muito ouvindo outros blocos, como o Bloco Brasil, com quem vão se apresentar.

 

“Queremos também que o Blocobuster crie um ambiente no qual nossos batuqueiros venham e se sintam bem, se divirtam. Chegamos ao nome da bateria e ao repertório com sugestões da nossa bateria que, junto aos foliões, são os grandes atores desse longa metragem”, diz  Natália. “Nossa expectativa é alta para dia 15 de fevereiro, e queremos atrair turistas do Brasil e do exterior, cariocas, noveleiros, cinéfilos e quem mais gostar de música boa. Todos serão bem vindos!”, finaliza Luciano.

 

O Blocobuster está nas redes sociais e batalha uma campanha de financiamento coletivo para fazer sua folia. Que venha – em uma versão sem cortes! – o Bloco Buster e o Carnaval!⠀

Celso Chagas

Celso Chagas é jornalista, compositor, fundador e vocalista do bloco carioca Desliga da Justiça, onde encarna, ha dez anos, o Coringa. Cria de Madureira, subúrbio carioca, influenciado pelo rock e pela black music, foi desaguar na folia de rua. Fã de poesia concreta e literatura marginal, é autor do EP Coração Vermelho, disponível nas plataformas digitais.

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