Todo apoio a Glenn Greenwald

 

Glenn Greenwald, um americano do distrito de Queens, New York, é o melhor jornalista em atividade no Brasil nestes tempos tristes.

 

Hoje ele foi agredido fisicamente por augusto nunes , durante o programa pânico, da rádio jovem pan, de São Paulo.

 

Este programa, para quem já o conhece, é uma espécie de arena de gladiadores, em que o apresentador, emílio surita, promove temas polêmicos, assessorado por um time mambembe de comentaristas e formadores de opinião, com a única intenção de suscitar a violência e a baixaria.

 

Mesmo sabendo disso, Glenn compareceu ao programa, afinal de contas, ainda estamos num país em que há a liberdade de imprensa e do cidadão.

 

Gleen foi agredido fisicamente por nunes porque comentou que este havia dito algo “muito baixo e muito sujo, provavelmente o mais baixo que ele já havia ouvido em sua carreira de jornalista”. Que nunes havia dito que Glenn e seu companheiro, o deputado federal do PSOL/RJ, David Miranda, eram negligentes com seus filhos, porque ficavam o tempo todo publicando notícias falsas e atacando o governo. Logo, por conta destas atividades, as crianças ficariam desassistidas e um juiz de direito deveria tirar-lhes a guarda dos filhos.

 

Glenn disse – com razão – que uma pessoa que fala isso é covarde. E falou na cara de nunes. Que revidou, a princípio em palavras, depois, partindo para a agressão. Pronto, o objetivo do pânico estava alcançado, mais uma vez.

 

Nas redes sociais não se fala de outra coisa. Na minha bolha facebookiana, o repúdio é unânime, mas há algumas poucas pessoas dizendo que Glenn, sabedor do que estava por enfrentar, não deveria ter ido.

 

E este é o problema. Dizer isso é o mesmo que falar que a moça não deve usar roupa curta, porque os outros vão atacá-la. É transferir a culpa do agressor para o agredido. É se conformar com a truculência e o fascismo que já estão entre nós, respaldados pelo silêncio e conivência de muitos. Dos isentos, dos conformados, dos cínicos, dos que acham que este período horrível do Brasil vai passar e não vai atingi-los.

 

Não podemos, pelo menos os progressistas, pensar assim. Temos que defender a nossa integridade e as nossas opiniões. Glenn certamente sabia que estava indo em campo minado. E cumpriu com seu objetivo, de expor a feiúra dessa gente diante de todos. De esfregar a burrice e má intenção deles nas caras de todos.

 

Glenn enfrentou a NSA, não é um augusto nunes e uma trupe de causadores de caso que vai pará-lo. E, para os que acham que ele, LGBT assumido, é mais frágil por isso, saibam que Glenn é mais homem que todo fascista que declara seu amor pelo atual governo e pensa que vai resolver os problemas da vida na violência.

 

Glenn é um homem de diálogo. Honrado, defensor da democracia e da liberdade. Ainda bem que temos ele por aqui, justo neste tempo.

 

Todo apoio a ele.

 

Em tempo: todas as minúsculas em nomes de pessoas físicas, jurídicas e atrações radiofônicas são intencionais.

 

Em tempo 2: emílio surita, apresentador do programa, disse, após a agressão: “Nem mulher briga tão feio quanto você, Glenn”.

 

São estas pessoas que fazem o Brasil ser o que é hoje.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

2 thoughts on “Todo apoio a Glenn Greenwald

  • 8 de novembro de 2019 em 20:09
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    Acho que as atitudes podem ser reprováveis ou, quem sabe, passíveis de análise, especialmente diante das posturas e posições que a pessoa detém. No caso do augusto nunes, trata-se de um lamentável jornalista com vasto currículo de falcatruas e situações lamentáveis.

    Quanto ao Jean Wyllys, não vi você mencionar, em hora nenhuma, o que o levou a cuspir na cara dos bolsonaros, também não vi você censurar a apologia à ditadura ou ao brilhante ustra. Neste caso, nem postura, nem posição diante dos fatos livra essa gente.

    Espero que não seja o seu caso, meu caro.

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  • 8 de novembro de 2019 em 19:50
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    Todo repúdio a qualquer tipo de violência. Dito isso, não creio que seja uma pauta progressista. Caso fosse, não teríamos aplausos quando zé de abreu cuspiu na cara de uma mulher. Não teríamos comemorações (ou justificativas) quando jean wyllys cuspiu na cara de jair bolsonaro. Não teríamos diversos personagens da esquerda hipócrita brasileira tendo posições diametralmente opostas, quando lhes é conveniente. O “fascismo” nesse caso é inerente ao indivíduo, não a posição política.

    Resposta

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