Thaysa Pizzolato – Low Hype Machine

 

Gênero: Eletrônico

Duração: 15 min.
Faixas: 6
Produção: Thaysa Pizzolato
Gravadora: Indepentente

4 out of 5 stars (4 / 5)

 

 

A gente aqui na Célula Pop tem uma dinâmica de trabalho. Damos notícias aqui no site mas usamos muito o Instagram – se você ainda não segue, vai lá – para dar avisos e as famosas “notinhas”. Geralmente é para questões que não cabem no post no site, como avisos de lançamentos de singles, lives e lançamentos que queremos divulgar mas que não teríamos como fazer uma postagem completa. Daí o uso dos stories é ideal, porque espalhamos a notícia, todo mundo vê e cumprimos nossa missão de informar de uma maneira muito mais completa. De vez em quando, raramente, a gente dá de cara com um assunto que seria divulgado por stories, mas ele é tão interessante que acaba valendo o espaço no site. Este é o caso do EP “Low Hype Machine”, da capixaba Thaysa Pizzolato, que chegou como pauta hoje de manhã.

 

Com seis faixas e 15 minutos de duração, o disquinho virtual é uma lindeza que encanta a gente fascinada pelos timbres de sintetizadores dos anos 1980, meu caso. E mais: ele dialoga com esta estética de synthpop de hoje, que muita gente chama de “futuro do passado”, termo que eu já uso há bastante tempo para nomear essa sonoridade que ficou datada e segue interessante. Só que o contato com a História me deu uma visão mais completa disso tudo, que passa pelas ideias e projeções que fazemos do futuro em cada época. Explicando e simplificando: o que pensávamos que ia ser o futuro em 1980, há 40 anos, não é o que pensamos hoje. Só que o ano de 2020 integra este campo que era futuro naquela época, o que proporciona esta sensação de desencontro. Sendo assim, Thaysa faz música que, em 1980, seria “de hoje”, 2020. E, claro, o que temos hoje é bem distinto do que se pensava, aliás, como deve ser, uma vez que não somos profetas.

 

Deixando o papo acadêmico de lado, o EP é ótimo. Todas as seis faixas são belamente produzidas, os timbres de teclados são variados, as batidas são muito bem pensadas e melodias belíssimas surgem. O destaque absoluto vai para a impressionante “Room 87”, uma verdadeira pororoca tecladeira, com melodia comovente, lembrando algo que poderia ser do Tangerine Dream se ele fosse menina e capixaba. Exagero à parte, é um ótimo exemplo do talento de Thaysa, que se revela muito mais do que uma integrante de sua banda de origem – a Auri – e uma musicista acessória. Este disquinho mostra seu potencial se realizando e bem.

 

 

Além das canções, o clima de “Miami Vice” encontra “Super-Máquina” dá aos velhuscos um tom nostálgico, enquanto chama os xóvens para o looping do tempo, esta coisa fascinante e explorada quase sempre sem a sabedoria necessária. Não é o caso de Thayza e de seu “Low Hype Machine”.

 

Ouçam, é uma belezura surpreendente.

 

Ouça primeiro: “Room 87”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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