Teenage Fanclub – single inédito e outras 14 Canções
A mais querida banda escocesa em atividade anunciou o lançamento de seu novo álbum “Endless Arcade” para o dia 05 de março de 2021. Outros comunicados pré-Covid davam conta de que o novo trabalho sairia entre outubro e novembro deste ano mas, certamente a pandemia colocou água no chopp do pessoal. Para dar uma segurada na ansiedade, eles lançaram uma faixa inédita, “Home”. Sua estreia foi na programação da BBC2, sendo que o grupo já havia dado pistas sobre algum comunicado importante já anteontem, por meio de seu perfil no Instagram.
Como Teenage Fanclub é caso extra-jornalístico, ou seja, quem escrever aqui é o CEL fã da banda e não o CEL frio e sensato, resolvi acompanhar esta notícia com uma listinha de 14 canções que fariam, a meu ver, a playlist ideal para se amar e conhecer o arsenal de amor e melodia do grupo. Como o novo single chega hoje, resolvi colocá-lo aqui também e juntar o assunto numa única postagem. Se você é fã irracional – como eu – e coloca o coração na ponta da chuteira, venha conferir a novidade e a lista, além de, como sempre fazemos aqui, dar a sua opinião e revelar as suas preferidas.
Aqui está a capa, anunciada hoje também.
Chega logo, março!!
14 – Live In The Moment – faixa do último disco da banda, “Here”, de 2016. Ao contrário dos outros trabalhos do grupo, este álbum tem uma produção que dá a impressão de alguma sujeira nas canções, algo que dá uma dimensão distinta à música do TFC. Esta música se beneficia muito disso, adicionando este elemento novo à doçura habitual da melodia e letra.
13 – Hang On – canção de abertura de “Thirteen”, o terceiro álbum do grupo, de 1993. Talvez seja a mais firme incursão do Teenage no terreno da psicodelia, misturando guitarras semi-grunge com flautinhas e melodias beatle. É um bom exemplo de como os caras podem ser surpreendentes.
12 – Star Sign – canção presente em “Bandwagonesque”, o “disco do saco de dinheiro”, segundo álbum da banda. Aqui o Teenage ainda está meio primitivo, equilibrando melodia e barulho, algo que se solucionou a partir do quarto álbum. No entanto, um dos maiores charmes deles sempre foi esta indecisão entre o esporro e o docinho. Aqui está tudo na medida.
11 – Winter – do quinto álbum, “Songs From Northern Britain”, um trabalho meio subestimado pelos fãs do grupo. Aqui é o caso típico do Teenage mais maduro, com ênfase total nas melodias, nos vocais de apoio e nas guitarras harmoniosas, que colocam canções como esta na mesma árvore genealógica de clássicos dos Byrds e dos Beatles.
10 – Save – é mais uma dessas pepitas escondidas em álbuns do Teenage Fanclub, neste caso, em “Man Made”, o sétimo disco deles. A produção de Sean O’Hagan, dos High Llamas dá polimento ainda maior às melodias perfeitas e aqui o resultado é próximo da perfeição, com cordas, timbres de guitarras alternados e um refrão de fazer chorar o mais inclemente ser.
9 – Neil Jung – uma das joias de “Grand Prix”, o quarto e definitivo disco da carreira do Teenage Fanclub. Serão muitas nesta lista, quase sempre se alternando na preferência do articulista. É mais um dos incontáveis exemplos da maestria melódica que a banda exibe aos borbotões. O solo de guitarra meio desajeitado é um bônus. Lindeza e belezura.
8 – I Don’t Care – outra faixa de “Songs From The Northern Britain”, dessa vez com um andamento mais rápido que o normal das canções da banda, porém com a mesma doçura e habilidade em criar um clima de amor incontestável. “Eu não ligo se você me despreza, eu sigo aqui, baby”. Quem nunca?
7 – Sometimes I Don’t Need To Believe In Anything – faixa do ótimo “Shadows”, de 2010, um álbum que os fãs ouviram pouco. Esta é sua faixa de abertura, com ares meio épicos, ainda que conserve a espontaneidade habitual que o TFC tem para falar de amor como realização pessoal e a resistência às intempéries da vida como meio de existência. Clássico esperando reconhecimento.
6 – The Concept – a canção que abre “Bandwagonesque”, um cartão de visitas para o mundo e até hoje uma preferida imaculada dos fãs. Está tudo aqui, ainda que meio enlameado: harmonia, precisão, melodia, tudo envolvo por uma aura de sujeira guitarrística que foi se convertendo em precisão e doçura. Clássico.
5 – Don’t Look Back – outra do diadema que é “Grand Prix”, misturando letra de amor dilacerado, sentimento sincero e guitarrinhas invocadas. Esta canção é a síntese da banda em sua forma mais lapidada. Tem figuras como “sunshine in your eyes”, “steal a cara to drive you home” e por aí vai. Um oásis para corações descompassados.
4 – Sparky’s Dream – o maior hit do Teenage em toda a sua carreira, é outra joia do diadema musical que é “Grand Prix”. É mais uma daquelas canções em que a banda conduz a melodia um pouco mais rápido do que o normal. Tudo funciona, a melodia é perfeita, tudo faz sentido e até alguns passarinhos surgem para cantar na sua janela. Pode ir lá conferir.
3 – Verissimilitude – e tome “Grand Prix”. Outra canção campeã do álbum de 1995. Fica difícil enumerar suas qualidades de modo original, visto que é mais uma das inúmeras criações de Gerard e Norman que ostentam este brilho dourado e polido de canção clássica mesmo antes de nascer.
2 – Gene Clark – quebrando a sequência vitoriosa de “Grand Prix”, eis que surge a última canção de “Thirteen”, cujo título alude ao grande ex-integrante dos Byrds, então recentemente falecido (1991). Ainda assim, a estrutura da canção é totalmente devedora de Neil Young e seu Crazy Horse, com um imenso solo de guitarra logo no início e melodia absolutamente bela. Um clássico sentimental.
1 – Discolite – aqui está a campeã, outra faixa de “Grand Prix”. Tem a levada aerodinâmica, as guitarras que conduzem a harmonia, o refrão que parece um carro de montanha russa em meio a loopings e curvas, além de uma onda de vocais de apoio perfeitamente colocados. Tudo é sensacional aqui, um dos momentos mais belos da música dos anos 1990.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Opa, meu caro, obrigado! Alguns amigos ficaram meio enfurecidos com a lista!! Abração.
Faltou só “Norman 3”!
Parabéns, que lista show.