Sting – My Songs

Gênero: Rock
Duração: 68 min
Faixas: 19
Produção: Martin Kierszenbaum, Dave Aude e Jerry Fuentes
Gravadora: Universal

1 out of 5 stars (1 / 5)

 

Sting sempre pareceu ser um cara inteligente, mas poucos artistas foram tão afetados negativamente pela modernidade como ele. Descontando um disco morno, lançado há três anos, sua carreira solo está congelada criativamente desde o início dos anos 2000. Imerso em releituras de musicais, obras clássicas e outros projetos de ressuscitação de canções do The Police, ele parece completamente desprovido de criatividade. Se formos rigorosos, seu último trabalho realmente legal foi “Ten Summoner’s Tales”, de … 1993. O lançamento deste péssimo “My Songs” vem comprovar esta impressão.

 

Numa onda de “modernizar” sua obra e se conectar com novas audiências, Sting resolveu pegar algumas de suas faixas mais óbvias da carreira solo e do The Police, levá-las ao estúdio e regravá-las, com novos vocais e instrumentos. Só que o resultado é praticamente igual aos originais, com uma terrível diferença: não há um único arranjo refeito que seja minimamente próximo dos anteriores. Tudo parece obra de algum remixador mequetrefe, que recebeu a tarefa de transformar algumas das criações do cantor e compositor em trilha sonora de shopping center, ou, sei lá, de barbearia gourmet, dessas em que se paga 100 reais para fazer a sobrancelha enquanto bebe uma cerveja artesanal e vê um jogo repetido da NFL.

 

O tal público jovem a que Sting visa atingir vai passar batido por este disco, pelo simples fato de que ele não tem nada a ver com as sonoridades atuais. Canções belas como “Walking On The Moon” e “Shape Of My Heart”, só para ficarmos em dois exemplos, não sofreram quase nenhuma modificação. Talvez o ouvinte ocasional nem note que está diante de alguma versão modificada. Nos casos em que se notam distinções, especificamente, “If You Love Somebody Set Them Free” e “Demolition Man”, a impressão é igualmente ruim. A primeira virou trilha sonora de festa da agência de publicidade, enquanto a segunda teve sua sutileza policeana substituída por guitarradas truculentas.

 

Difícil imaginar que Sting, um cara que, repito, parece ser inteligente, tenha gostado deste resultado pífio. “My Songs” é um disco absolutamente inútil, que nem dá aquela vontade de ouvir originais, pelo contrário, faz a gente pensar que Sting nunca foi nada além de um espertalhão. Passe longe. Ou melhor, se tiver que ouvir, nem que seja para pagar promessa, ouça a versão de “Can’t Stand Losing You”, uma canção tão sensacional que nem Paula Fernandes estragaria. Quer dizer…

 

Ouça primeiro: “Can’t Stand Losing You”

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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