O folk existencial de The Professional Whistlers

 

 

The Professional Whistlers – Late Confessions Of a Sentimental Drunk

Gênero: Folk alternativo
Faixas: 4
Duração: 11 min.
Produção: Eddie Shumway
Gravadora: Independente

 

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

 

 

“Aproveitando” esse período de isolamento e necessidade de sim ficar em casa, não esqueçam disso, The Professional Whistlers, projeto do multi-instrumentista Eddie Shumway vem com aquela leva de músicas para sair assobiando. Já conhecido na cena alternativa, integrante da Lava Divers, Eddie lança quatro faixas em um EP que aposta mais nos violões que nos sintetizadores, e funciona tudo muito bem. Seguindo as temáticas atemporais “Late Confessions Of a Sentimental Drunk” foi inteiramente gravado e produzido pelo artista. E como é bom poder ouvir um trabalho tão bem cuidado, um carinho para os ouvidos.

 

Comecei a ouvir o EP e logo veio à mente o melhor de Wilco e também Wings, não sei, me peguei assobiando, eu e meu colega de trabalho, que divide a sala comigo. Pois é, amo compartilhar músicas.

 

Eu, como uma frequentadora de cabarés existenciais, me vi nas letras de “Late Confessions Of a Sentimental Drunk”, pois me soa com uma ressaca lo-fi, aquele choro que a gente engole pois tem que postar o melhor nas redes sociais com os filtros do absurdo.

 

Quem nunca bebeu pra esquecer ou para se desgovernar, não viveu direito, passou por essa existência sem sentir. Quatro faixas muito bem executadas, assim como no primeiro EP lançado em 2020, que compõem um trabalho muito conciso em toda a mistura fina de complexidade dos temas baseados no cotidiano e a aquela coisa simples como um sol com chá de hortelã.

 

“Late Confessions Of a Sentimental Drunk” traz a dor da quebra, de corações, relações e expectativas. Sobre a quebra de outros corações. Sobre a dor embriagante de saber que vai doer e mesmo assim seguir expondo aquele corte, que sim, pode cicatrizar mas também pode infeccionar. Essas temáticas são tão importantes e me deixa feliz esse movimento de poder ter essas produções que são voltadas ao eu e aos dramas, nos faz sentir, repensar e reconstruir. Como um grande trem desgovernado, possibilita experimentar um pouco do íntimo, daquilo que negamos sentir, mas que o travesseiro é testemunha.

 

Trabalho sensível, simples e importante que nos transmite dores, recomeços e reconhecimento de tudo que sentimos e normalmente negamos. Novamente acertando no tom e na despretensão, entrega aos ouvintes muita delicadeza, profundeza em um lo-fi acústico muito bem executado. Ouça tudo, é rápido, sirva uma bebida e curta. Mas mantenha a terapia em dia.

 

 

 

Ariana de Oliveira

Ariana de Oliveira é canhota de esquerda, Cientista Social, estudante de Jornalismo e comunicadora da Rádio Univates FM. Sobre preferências: vai dos clássicos aos alternativos.

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