Noel Gallagher e sua canção noir

 

 

Demorei quatro dias para ouvir “Dead The The World”, a nova canção que Noel Gallagher lançou como single, antecipando a chegada de seu quarto álbum com os High Flying Birds, “Council Skies”. Quase caí da cadeira porque a canção é linda. E digo “linda” com certa surpresa, porque ela não se parece com nada que Noel tenha feito em toda a sua carreira. Não é uma balada que caberia no Oasis, ainda que ele tenha dado várias provas de que é muito capaz de escrever uma dessas canções lentas e épicas. Também não é algo que poderia caber em sua atual banda, para a qual não ligo muito. O próprio Noel entregou o jogo em seu perfil no Facebook:

 

 

“Ela tem esse clima de film noir. É diferente de qualquer canção que eu tenha escrito até agora. É muito melancolica, mas eu gosto. Eu sou geminiano, vivo em altos e baixos emocionais mas o truque é encontrar um lugar entre os extremos e transformá-lo em música”.

 

 

Noel também contou a origem da canção. Disse à revista Far Out que começou a rabiscá-la na Argentina, por conta de uma noite de insônia, devidamente preenchida pela presença de fãs na porta de seu hotel.

 

 

“Eu sempre fico no mesmo hotel. Os fãs argentinos são ótimos – eles levam mulheres, crianças, tocam violão – e ficam até tarde. Dessa vez eu estava sem sono e ouvia os fãs cantando das músicas do Oasis e do HFB lá embaixo e pensava – ora, eles estão errando as letras, eu não disse essa palavra. Daí comecei a achar a melodia de “Dead To The World”, que significa, mais ou menos, estar sem nenhuma disposição para discutir sobre um ou outro assunto. É como eu dissesse: não estou ouvindo você”.

 

 

“Council Skies” já foi definido pelo próprio Noel como um álbum em que ele tenta buscar as origens de suas composições e inspirações. A julgar pelos três singles lançados – “Pretty Boy” (com participação de Johnny Marr), “Easy Now” e agora, “Dead To The World”, cujas cordas foram gravadas em Abbey Road, o disco vem para equilibrar o jogo pessoal de Noel com seu irmão, Liam, que vem apresentando uma carreira solo muito mais consistente.

 

 

A conferir. Enquanto isso, ouçam “Dead To The World”.

 

I can lend you a dream
‘Til we meet again
I’m dead to the world
I don’t know where I’ve been

And if you say so
I’ll bend over backwards
For love

Gonna write you a song
Won’t take me long
You can change all the words
And still get them wrong

And if you say so
I’ll bend over backwards

But if love ain’t enough
To make it alright
Leave me dead to the world
If love ain’t enough
To make it alright
Leave me dead to the world
‘Cause I’m sleeping

It’s time to let go
I’m bent over backwards
I’m so tired
Let these be my last words

If love ain’t enough
To make it alright
Leave me dead to the world
If love ain’t enough
To make it alright
Leave me dead to the world
If love ain’t enough
To make it alright
Leave me dead to the world
If love ain’t enough to make it alright
Make it alright
Make it alright
It’s too bad
‘Cause I’m sleeping

I can lend you a dream
‘Til we meet again
I’m dead to the world
I don’t know where I’ve been

 

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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