Juliana Hatfield – Weird

Gênero: Rock Alternativo
Duração: 37 min.
Faixas: 11
Produção: Juliana Hatfield
Gravadora: American Laundromat
3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

 

Não parece, mas Juliana Hatfield já tem mais de 30 anos de carreira. Este “Weird” é o seu décimo-sétimo álbum e chega com o mesmo espírito (pós) adolescente que os primeiros trabalhos lá dos anos 1990. Cantora de timbre vocal arejado e boa compositora, Juliana sempre manteve-se fiel a este rock alternativo ianque noventista, uma coisa de guitarras distorcidas e vocais inocentes embalando letras atormentadas sobre relacionamentos fracassados, afirmações de empoderamento (já naqueles tempos) e percepção do mundo. Funcionava lá, funciona agora.

Ano passado Juliana deu um passo inusitado em sua trajetória, quando gravou um álbum em homenagem a ninguém menos que Olivia Newton John, mostrando um insuspeito amor pelo pop tradiocional e harmonioso dos anos 1970. De alguma forma, a abordagem rock que ela usou para travestir o cancioneiro redondinho de Olivia perpassou para “Weird”, enfatizando guitarras e velocidade dos arranjos. Bom exemplo disso é na soturna “Lost Ship”.

“Weird” também traz uma característica recorrente na obra de Juliana: a solidão. A moça gosta de compor letras que falam de pessoas – mais precisamente, ela mesma – que vivem e curtem a solidão como uma forma de existir no planeta. O amor perdido/desejado faz parte deste imaginário filosófico e se sustenta como um alicerce poderoso. Algumas canções são especialmente legais, caso de “Broken Doll”, que tem andamento aerodinâmico na medida, guitarrinhas invocadas e um arranjo objetivo que joga a favor do ouvinte. “Do It To Music”, a faixa de encerramento, é a única a ultrapassar a barreira dos quatro minutos de duração, mostrando que Juliana não quer desperdiçar tempo com grandes reflexões. Ainda assim, a canção é totalmente pop e perfeita para públicos que ainda veem valor em pular ao som de guitarradas num buraco qualquer. Como ela diz: “just a set of headphones and a girl.”

Carlos Eduardo Lima

Ouça primeiro: “Broken Doll”.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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