Chaka Khan – Hello Happiness

Gênero: Funk
Duração: 27 min
Faixas: 7
Produção: Switch, Sarah Ruba
Gravadora: Island

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

 

Chaka Khan é uma das maiores vozes do soul/funk em atividade. Mesmo que esteja sem lançar material novo desde 2007, ela dá provas suficientes neste “Hello Happiness” que está em forma vocal e antenada em relação ao que está acontecendo por aí. Isso não significa, necessariamente, incorporar a linguagem funk de laptop presente no meio alternativo ou o batidão sintético e pouco criativo do mainstream. No caso dela, significa revestir canções que poderiam estar em seus discos dos anos 1980 com um verniz de modernidade e cair na dança ou se derramar de amor, dois de seus caminhos mais visitados enquanto diva da canção. Aliás, Chaka é uma das poucas que merecem ser chamadas assim.

“Hello Happiness” é curtinho, tem apenas sete faixas mas com pouquíssimos momentos desperdiçados. O single “Like Sugar”, lançado ano passado, já mostrava que Chaka vinha com fome de bola. Abalada pela morte do amigo Prince, ela se retirou e assimilou o golpe em silêncio. Quando se sentiu forte novamente, lançou o single e, ao lado do produtor Switch, concluiu as gravações das outras seis faixas. Sendo assim, é possível se divertir com a robusta linha de baixo do single, que é um enorme atrativo, além dos vocais sobrepostos e clima de “disco music do mal” reloaded. É um ótimo cartão de visitas.

A faixa-título, que abre os trabalhos, tem ares de pazes feitas com o ofício de cantar e gravar. Chaka declarou que produziu material nesses últimos doze anos, mas não se interessou por lançar. Novamente a linha de baixo é o diferencial por aqui, fornecendo firmeza para a faixa alçar vôos dançantes. “Like A Lady” é exuberante e cheia de ganchos com teclados e vocais de apoio dobrados. “Too Hot” é outro colosso suarento para as pistas de dança, “Isn’t Tha Enough” tem ares reggae enquanto “Ladylike” é balada acústica com percussão sintética, enfatizando o lado feminista que Chaka sempre teve.

O único momento de oscilação fica por conta da eletrônica oca de “Don’t Cha Know”, que embaça o brilho das outras canções, mas não é nada que chegue a atrapalhar o desempenho deste ótimo disco. Em menos de meia hora, Chaka dá sinais evidentes de vida e atividade, e mostra que está aí, firme, forte e com lenha pra queimar. Ouça.

Ouça primeiro: “Like Sugar”

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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