Dario Julio & os Franciscanos – Como Diria O Poeta
Um grande sujeito do menosprezado rock independente brasileiro de outros tempos está de volta ao disco: Dary Jr. Ex-guitarrista e vocalista de bandas muito legais como lorena foi embora e Terminal Guadalupe, o homem esteve fora do circuito musical, mesmo em suas raias mais independentes e undergounds. Agora ele volta com um novo disco, intitulado “O Menino Velho da Fronteira”.
Dary (agora sem o Jr) sempre foi um cara atento ao pop rock de momentos como os anos 1970, especialmente de artistas que dominavam a arte da composição, como Belchior e Guilherme Arantes, muito antes de ser hype gostar deles. Seu novo projeto, Dario Julio & Os Franciscanos, propõe uma viagem a um tempo que já passou, mas que é extensamente lembrado nas obras de muitos artistas em atividade na música nacional. Dary está lançando o primeiro single desta nova fase, “Como Diria o Poeta”, uma homenagem ao escritor Manoel de Barros. A faixa ganha um clipe, que você vê aí embaixo.
Conversei com Dary há pouco pelo whatsapp para falarmos da novidade e, ao ouvir a canção, perguntei:
– É uma música de amor ao próximo, né? Uma canção de amor sem um sujeito específico.
E ele respondeu:
– É exatamente isso. Num tempo em que o ódio é tão popular, fazer uma canção sobre o quanto é legal e importante amar é um ato político.
Dary é uma espécie de poeta pantaneiro contemporâneo, uma vez que nasceu em Corumbá, MS e vive no Paraná atualmente. É um cara com uma sensibilidade fora do eixo, com insights valiosos. Pelo que diz a canção, é provável que “O Menino Velho da Fronteira” esteja cheio dessa produção pop nacional setentista, que as pessoas amam sem saber.
Ele vem escrevendo novas canções desde 2017, entre participações em tributos de artistas e jornadas ao seu baú pessoal de composições arquivadas. Deu no que deu.
Digna de nota é a participação do guitarrista Bruno Sguissardi, também convidado a produzir o material, resultando na formatação de “O Menino Velho da Fronteira”. Além de Dary e Bruno, o disco conta com Ivan Rodrigues (bateria), Marcelo França (baixo), Matheus Bittencourt (guitarra) e Romann (piano e teclado).
O disco estará disponível nos streamings da vida até o fim do mês. Não vai dar pra perder, pessoal. Recomendo desde já.
Foto: Thais Mallon.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.