Carole King, 80 anos, 17 canções na voz de outros

 

 

Carol Klein, nome artístico, Carole King, está completando 80 anos de idade. Quando nossos descendentes do século 30 olharem para os arquivos em busca de compositores da música popular do século 20, o nome dela surgirá ao lado de gente como Lennon/McCartney, Brian Wilson, Paul Simon, Tom Jobim, Cole Porter, entre outros. Carole, especialmente ao lado do ex-marido, Gerry Goffin, foi uma trabalhadora da indústria musical durante muitos anos. Sua função era escrever melodias perfeitas, quase num sistema “on demand”, no qual a rapidez na feitura da canção era essencial para seu sucesso. Nos tempos de Brill Building, famoso prédio em Nova York que aglutinava vários escritórios de gravadoras independentes, editoras e estúdios, Carole e Gerry escreveram clássicos de um pop-rock alternativo que surgia naquele início de anos 1960.

 

Carole só foi iniciar sua carreira como cantora em 1970, após tentar fazer parte de um trio dois anos antes, o The City, que só gravou um disco – ótimo, por sinal. Foi com “Tapestry”, seu segundo trabalho solo, lançado em 1971, que Carole entrou para o primeiro time dos artistas vendedores de música. Levou Grammys, consolidou-se como uma força criativa dentro da música pop e seguiu gravando álbuns ao longo das décadas seguintes. Seu enorme legado como compositora, entretanto, é maior que sua carreira discográfica solo, uma vez que Carole foi gravada por uma ampla gama de artistas. E segue sendo até hoje. Sendo assim, resolvemos compilar gravações sensacionais que foram feitas ao longo dos anos, com artistas do naipe de Beatles, Marvin Gaye, The Monkees, The Byrds, entre outros tantos, se apropriando de composições de Carole. Periga você ouvir esta playlist e pensar: “uau, eu não sabia que essa música era dela!”. Prepare-se e divirta-se.

 

“The Loco-Motion” – Grand Funk Railroad (1974) – um dos maiores sucessos do grupo americano de hard rock, que fez uma versão pesadinha muito bacana para esta belezura dançante. Do álbum “Shinin’ On”, de 1974.

 

“Pleasant Valley Sunday” – The Monkees (1967) – outra lindeza ensolarada e emblemática da carreira dos Monkees. O título é sobre o lugar onde Carole morava com Gerry Goffin em Nova Jersey. Do sensacional disco “Pisces, Aquarius, Capricorn And Jones”, de 1968.

 

“Chains” – The Beatles (1962) – Carole King pertence ao seleto grupo de artistas e compositores que foram gravados pelos Beatles. Fim. Faixa presente na estreia do Fab Four, “Please Please Me”, de 1962.

 

“Will You Love Me Tomorrow” – The Shirelles (1961) – single sensacional das Shirelles, um grupo vocal multirracial que fez muito sucesso nas paradas pop. Primeira canção que se tem notícia a falar sobre a postura da mulher ao transar – ou não – no primeiro encontro e o “dia seguinte”.

 

“Up On The Roof” – The Drifters (1962) – canção maravilhosa e escapista por excelência, fala sobre uma pessoa que tem paz e sossego quando vai ao terraço de sua casa e vê os problemas menores, lá embaixo. Sucesso absoluto dos Drifters.

 

“Some Kind Of Wonderful” – Marvin Gaye (1968) – Marvin Gaye sempre foi um excelente vocalista e músico, incuindo covers bacanas em shows da primeira década de sua carreira. Esta é uma gravação presente em seu álbum “At The Copa”.

 

“Snow Queen” – The City (1968) – composição de Carole gravada pelo trio que ela integrou durante pouco mais de um ano, The City. A versão que ela registrou com eles é a melhor desta canção e uma das mais belas gravações de sua carreira. Do álbum homônimo, de 1968.

 

“Goin’ Back” – Larry Lurex (1973) – pra quem não sabe, Larry Lurex era o nome artístico de Farroukh Bulsara antes de se batizar como Freddie Mercury. Entre alguns compactos que ele gravou no início da carreira, está esta cover de Carole.

 

“Brother, Brother” – Isley Brothers (1972) – faixa que Carole dedicou a Marvin Gaye por conta do questionamento que ele fizera, um ano antes, com “What’s Going On”. A versão dos Isley Brothers é matadora e está no álbum “Brother, Brother, Brother”.

 

“Crying In The Rain” – A-Ha (1990) – o grupo norueguês lançou esta bela versão em 1990, apresentando a Carole compositora para uma geração nova de fãs. Está no álbum “East Of The Sun, West Of The Moon”.

 

“It’s Too Late” – Andy Williams (1972) – talvez o maior sucesso solo de Carole seja esta faixa de 1971, que puxou o multivendedor “Tapestry”. Dentre as várias versões que já recebeu, esta aqui, com arranjo chupado de “What’s Going On”, de Marvin Gaye, é a melhor. Irresistível. Presente no álbum “You’ve Got A Friend”, de Andy Williams, de 1972.

 

“So Far Away” – Johnny Rivers (1971) – Johnny Rivers era bem mais que um crooner de rock no fim dos anos 1960, época em que gravou álbuns maravilhosos, como “Home Grown”, em que está contida esta bela versão para outra faixa clássica de “Tapestry”. Lançado em 1971.

 

“(You Make Me Feel Like) A Natural Woman – Aretha Franklin (1968) – Aretha recebeu este presente de Carole King e a tomou para si. Não há versão melhor e mais importante do que esta. Fim. Presente no álbum “Lady Soul”, de 1968.

 

“Smackwater Jack” – Quincy Jones (1970) – Quincy Jones tem uma fase space-jazz no fim dos anos 1960, início dos anos 1970, que é sensacional. Esta canção deu título a seu álbum de 1970, uma versão sensacional para mais esta composição de Carole.

 

“You’ve Got A Friend” – Donny Hathaway (1972) – seria muito previsível colocar a gravação de James Taylor para este clássico de Carole, sendo que esta versão ao vivo de Donny é, a meu ver, a melhor versão da canção. Do álbum “Live”, de 1972.

 

“Just Once In My Life” – Righteous Brothers (1966) – uma das canções mais belas do mundo, imortalizada na voz classuda dos Righetous Brothers, com produção wall of sound de Phil Spector. Direto de 1966.

 

“Wasn’t Born To Follow” – Byrds (1968) – faixa presente na trilha sonora de “Easy Rider” e no álbum “Notorious Byrds Brothers”, de 1968. Quem não gosta dos Byrds, bom sujeito não é.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

One thought on “Carole King, 80 anos, 17 canções na voz de outros

  • 3 de dezembro de 2022 em 21:46
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    Que lindo!
    Não dá pra eu entender como você conseguiu sintetizar essa carreira tão linda, espetacular e única em tão poucas palavras…
    Eu sou fanzasso desse Mulher, desde os meus dezesseis, dezessete anos (e olha que isso faz tempo hein…rsr) e vou admirá-la por todo o sempre!
    Parabéns por essa viagem curta e longamente fascinante.
    É certo que existem tantas outras gravações desses hinos por outros não menos famosos artistas, mas isso é uma outra história…
    Abraços
    Nel Bispo

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