Bob Dylan e a Esteira da História

 

Bob Dylan e uma de suas canções mais cortantes. Ele escreveu e gravou isso com 22 ANOS.

 

Eu era um perfeito idiota com essa idade.

 

Desde então, como se fosse uma crônica de uma época anunciada, esta canção permanece como uma espécie de esteira móvel literária, adaptável a tudo. A nossa situação política e econômica, por exemplo, a inversão dos lados, dos papeis. Os jovens que defendem o confronto como algo melhor e mais eficaz do que o diálogo. A balança da História é assim.

Dylan, aos 22 anos, percebeu isso e, como tal, sua canção segue atual.

 

 

As Coisas Estão Mudando (tradução livre)

 

Reúnam-se
Onde quer que vocês estejam
Admitam que as águas ao seu redor subiram
Aceitem que em breve vocês estarão encharcados até os ossos
Se o tempo para vocês vale a pena
É melhor começar a nadar ou vocês vão afundar como uma pedra
Os tempos eles estão mudando

 

Venham escritores e críticos
Profetizar com sua caneta
Mantenham os olhos bem abertos
A chance não vai voltar
Não falo cedo demais pois a roda ainda gira
Não há ninguém dizendo quem é quem
Para o perdedor será ainda mais tarde
Os tempos eles estão mudando

 

Venham senadores, congressistas
Por favor atendam a chamada
Não fiquem na porta
Não bloqueiem o corredor
Pois aquele que se machucar
Será o que parou
Há uma batalha lá fora
Em breve abalará suas janelas e sacudirá suas paredes
Os tempos eles estão mudando

 

Venham mães e pais
Por toda a terra
Não critiquem o que vocês não conseguem entender
Seus filhos e suas filhas estão além do seu comando
Sua estrada está rapidamente envelhecendo
Por favor, saiam do caminho se vocês não puderem, dar suas mãos
Os tempos eles estão mudando

 

A linha é desenhada
A maldição é lançada
O que é lento agora
Mais tarde será rápido
Como o presente
Mais tarde será passado
A ordem está rapidamente desaparecendo
E o primeiro agora será o último
Os tempos eles estão mudando

 

THE TIMES THE ARE A-CHANGING, BOB DYLAN, 1964.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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