Artur Nabeth se une à Kriança Índia no clipe “Tiradentes”

 

 

Após conquistar o prêmio de melhor clipe de animação do Music Vídeo Festival (MVF) do ano passado com “Mitos”, o cantor e compositor Artur Nabeth está de volta com outro filme impactante. “Tiradentes” é estrelado pela personagem em quadrinhos Kriança Índia e criado por Rafael Campos Rocha e Livia Serri Francoio. Mesmo com leveza, traz cenas fortes como a do Ex-Ministro da Educação Carlos Sales na boca de um jacaré, do Ministro da Economia Paulo Guedes se enforcando e do Presidente Jair Bolsonaro arfando e babando numa coleira sob o comando de um militar.

 

“O Brasil está sendo destruído por esse atual governo e para mim não faz sentido que qualquer brasileiro consciente e com voz ativa, hoje, prefira falar de outra coisa que não desta destruição. Eu, como artista, não canso de me indignar, e o vídeo ‘Tiradentes’ é uma expressão disso: se a correlação de forças atual não nos permite fazer muita coisa no plano prático já que temos um Congresso comprado, que façamos ao menos no campo simbólico”, justifica o artista.

 

Ele conta que o pensamento abertamente antifascista o uniu ao ilustrador Rafa Campos, recentemente indicado ao HQ Mix, o mais importante prêmio de quadrinhos brasileiros. “Achei que tinha tudo a ver juntarmos nossos trabalhos em um novo vídeo que, assim como o anterior, tivesse como antagonista este Governo. O que me levou a pensar num vídeo anti-bolsonarista para esta canção foi não só a indignação que funciona como motor desse meu trabalho, mas algumas coincidências da letra com cenas da realidade”, revela.

 

“ Um trecho em que uso o verbo apunhalar, que não se referia diretamente à tentativa frustrada da facada do Adélio, mas acabou caindo com uma luva no contexto. Assim como no verso, ‘beber mentiras num copo, até cair’, que não poderia ser melhor representação das fake news”, exemplifica o cantor.

 

Usando de arte e talento como resposta para tanto descaso, talvez o segredo da força do som e dos vídeos de Artur Nabeth estejam além da inovação e qualidade. Talvez seja mesmo o sentimento de revolta, tão bem transmitido na poesia e nas imagens, que faça com que as pessoas se identifiquem com este artista.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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