Tears For Fears – 13 (+3) Canções Para Guardar
Ontem, dia 06 de outubro, Roland Orzabal e Curt Smith, mais conhecidos como Tears For Fears, anunciaram um novo álbum juntos. Daqui a alguns meses, mais precisamente, no dia 25 de fevereiro de 2022, virá “The Tipping Point”. Se a gente pensar na carreira da dupla, veremos que são poucos os álbuns lançados até agora. Temos seis discos de inéditas, sendo que, apenas quatro foram gravados em dupla. São eles: “The Hurting” (1983), “Songs From The Big Chair” (1985), “The Seeds Of Love” (1989) e “Everybody Loves A Happy Ending” (2004). Os outros, “Elemental” (1993) e “Raoul And The Kings Of Spain” (1995), foram registrados apenas por Orzabal, que deteve os direitos do uso do nome após a separação da dupla no início dos anos 1990. São poucos trabalhos para uma carreira que já tem 38 anos, certo?
O fato é que o Tears For Fears disputa com Hall & Oates o posto de dupla pop-rock mais importante da música nas últimas quatro décadas e, como os americanos, Orzabal e Smith têm uma mãozada de hits maravilhosos. Claro, a praia deles é o pop pós-punk e sintetizado britânico e não o soul-pop americano de Hall e Oates, mas o Tears For Fears é extremamente bem sucedido comercialmente, mesmo com esta discográfica esparsa. Para provar – nem era preciso – o alcance das canções da dupla de Bath, Inglaterra, a gente resolveu fazer uma das nossas clássicas listas de 13 melhores canções, dessa vez com três bônus e que já inclui o single lançado ontem, “The Tipping Point”, uma enorme amostra do que está por vir neste que será o sétimo disco da dupla.
Veja se a sua preferida está na lista e, se não estiver, nos avise! Elas estão posicionadas em ordem crescente de preferência.
– Raoul And The Kings Of Spain (1995) – o disco em que Orzabal revisitou suas origens espanholas, esboçando um trabalho meio conceitual sobre o assunto. O fato é que o pop perfeito do TFF permaneceu intacto, ainda que um pouco abaixo da média da dupla, uma vez que Roland estava trabalhando sozinho.
– Advice For The Young At Heart (1989) – um dos singles de “The Seeds Of Love”, tem, assim com o restante do disco, um arranjo luxuoso e produção esmerada. A melodia é mais suave e a letra é como se fosse uma conversa com um amigo mais velho.
– The Tipping Point (2021) – faixa-título e primeiro single do próximo disco da dupla. A mistura de elementos acústicos com sintetizadores oitentistas já revela que o Tears For Fears não perdeu a mão para, ao mesmo tempo, mostrar suas origens sonoras e abraçar o momento musical. Belezura.
– The Working Hour (1985) – faixa meio obscura de “Songs From The Big Chair”, marcada pelo ótimo uso do saxofone e pelo arranjo que chega a misturar influências progressivas.
– Goodnight Song (1993) – faixa de “Elemental”, o primeiro dos dois álbuns que Orzabal gravou sozinho. É mais uma melodia perfeita, com ótimo trabalho de guitarras – ele é ótimo guitarrista – e os vocais mais gravas, característicos do sujeito. Maravilha low profile.
– Closest Thing To Heaven (2004) – todo mundo deveria largar tudo o que está fazendo e ir ouvir “Everybody Loves A Happy Ending”, o disco que marcou o reencontro de Orzabal e Smith. É um álbum nos mesmos moldes de “The Seed Of Love”, cheio de influências beatle mas, a meu ver, com canções ainda melhores que o disco de 1989. Esta aqui é uma maravilha luxuosa e melódica.
– Secret World (2004) – outra canção maravilhosa de “Everybody Loves A Happy Ending”, que exalta as influências beatle na amplitude do arranjo, cheio de cordas e metais. A melodia é cheia de belezas ao piano, a voz de Smith surge perfeita e tudo funciona nos mais de seis minutos da canção, que tem um refrão maravilhoso.
– Woman In Chains (1989) – um dos grandes sucessos da dupla, trazendo Phil Collins na bateria, Pino Palladino no baixo e a participação vocal de Oleta Adams. É um clássico do pop bem feito, bem produzido e exuberante que a dupla conseguiu apresentar em “The Seeds Of Love”.
– Mad World (1983) – este é o Tears For Fears raiz, ainda imerso no pós-punk inglês oitentista, encontrando seu lugar ao sol e enxergando no uso dos teclados e nas harmonias vocais – um dos pontos fortes da dupla desde sempre – a sua razão de ser. Clássica e ponto final. Do primeiro disco, “The Hurting”.
– Break It Down Again (1993) – o grande hit do Tears For Fears nos anos 1990 é esta canção, que puxou “Elemental”. O arranjo é o forte, ainda cheio de influências beatle e com a voz de Orzabal em ótima forma. É uma canção praticamente perfeita.
– Head Over Heels (1985) – o terceiro single de “Songs From The Big Chair” tem um uso muito bem feito dos pianos e dos efeitos vocais. A melodia é maravilhosa e a letra, sensacional. O clipe trazia a dupla numa biblioteca, um pequeno clássico dos anos 1980.
– Everybody Loves A Happy Ending (2004) – faixa-título do último álbum de inéditas que a dupla gravou. Como já dissemos, é um exemplo de pop maravilhoso e cheio de efeitos. Note na citação explícita à bateria de “Come Together”, dos Beatles, logo no início da canção.
– Sowing The Seeds Of Love (1989) – hit absoluto do terceiro disco, esta canção marcou a mutação psicodélica e colorida da dupla. Foram criticados na época por este abraço ao pop perfeito e beatlemaníaco, mas as canções sobreviveram ao teste do tempo. Especialmente esta, a melhor daquele álbum.
– Pale Shelter (1983) – um pequeno milagre em forma de canção. “Pale Shelter”, o single do primeiro álbum, “The Hurting”, consegue ser solar, melancólica, eletrônica e acústica, tudo ao mesmo tempo. Até hoje é uma das melodias mais belas que a dupla já fez, com vocais perfeitos de Smith. Clássica.
– Shout (1985) – o segundo single de “Songs From The Big Chair” chega como a materialização do título do álbum, ou seja, “coloque tudo pra fora”, “livre-se do que te angustia”. Essa mensagem veio sob a forma de uma canção angulosa, mântrica e marcada por vocais e guitarras perfeitos. Um monstro, no melhor sentido do termo.
– Everybody Wants To Rule The World (1985) – essa canção é absolutamente perfeita. Ela poderia ser vista e entendida como a síntese da música pop feita nos anos 1980. Tudo nela é milimetricamente projetado para grudar na sua mente e nunca mais sair. É o maior triunfo da dupla e nunca será igualada. Ponto.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Bah!!!, excelente lista, outra coisa até hoje me emociono com o clip da musica ” Advice For The Young At Heart”