Sidney Poitier, RIP

 

 

Morreu, aos 94 anos, Sidney Poitier. Quem deu a informação foi o vice-primeiro ministro das Bahamas, Chester Cooper, em sua conta no Twitter. A família do ator emigrou das Bahamas para os Estados Unidos nos anos 1920 e o pequeno Sidney nasceu na Flórida, em Miami, no dia 20 de fevereiro de 1927. Nos anos 1960, Poitier ficou conhecido como o primeiro ator negro a ganhar um Oscar, no caso, pelo filme “Uma Voz Nas Sombras”. O público, no entanto, há de lembrar dele como o professor de “Ao Mestre, Com Carinho”, cuja canção tema, “To Sir With Love”, interpretada pela cantora britânica Lulu, se transformou num dos grandes sucessos da música pop na virada da década de 1960/70.

 

Graças aos seus papéis, o público pôde ver que negros podiam ser médicos (“O Ódio É Cego” – 1950), engenheiros,  professores (“Ao Mestre com Carinho” – 1967), ou mesmo policiais (“No calor da noite” – 1967). Em “Adivinhe Quem Vem Para Jantar” em 1967, ele interpreta o noivo de uma jovem burguesa branca que o apresenta a seus pais, um casal de intelectuais que se acreditam ter a mente aberta.

 

Tenho, no entanto, duas lembranças nítidas de Sidney Poitier. A primeira é quando ele aparece na tela em “O Chacal”, filme de 1995, no qual Bruce Willis é um terrorista internacional e Richard Gere é um prisioneiro irlanês, ex-atirador do IRA, que vai ajudar a força policial americana a deter o bandido. Poitier é um algo agente da CIA e dá as caras, mandando prender e mandando soltar. É uma rara aparição do homem num filme mediano, mas daqueles que se iluminam quando o sujeito está em cena.

 

A outra lembrança é emocionante e tem Denzel Washington como participante principal. Em 2003, ele foi aclamado com o Oscar de Melhor Ator em “Dia de Treinamento”, tornando-se o segundo ator negro a vencer o prêmio. E, talvez por uma das mais felizes coincidências da história do prêmio, Sidney Poitier havia sido homenageado na mesma cerimônia, recebendo um Oscar pela importância da carreira, dado a ele por … Denzel Washington. Quando vem a hora da entrega do prêmio de Denzel, anunciado por Julia Roberts, a transmissão volta-se para Sidney, que está vibrando com o resultado. Washington lhe agradece, fala da sua importância para ele mesmo, de como o inspirou e do quanto ele estava orgulhoso por receber a honra na mesma noite que o Mestre.

 

Momentos emocionantes de um gigante que se vai e que, mais que tudo, rompeu preconceitos e cravou seu nome na história das artes. E dos direitos civis.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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