Rock In Rio 2019 – Lulu Santos e Silva
Cobertura especial, direto da Cidade do Rock
Lulu Santos tem algumas personas. As mais conhecidas são: o hitmaker de passado glorioso, dono de repertório dourado, mas que não entrega nada tão brilhante desde o início dos anos 2000, e o jurado do programa televisivo The Voice, que lança álbuns sem qualquer relevância ultimamente, exceção feita ao último, “Pra Sempre”. Pois foi esta segunda personalidade que deu as caras no Palco Sunset, com a participação do capixaba Silva, como convidado.
O repertório de Lulu se sustenta sozinho e, dependendo do pique do sujeito, o show pode ser bastante legal. O que se viu hoje foi uma autêntica apresentação meia boca. Se havia canções à prova de erros como “Tempos Modernos” ou “Casa”, havia também um set de covers que deram vergonha alheia. “Ovelha Negra”, de Rita Lee, que veio embalada num arranjo reggae constrangedor e “Admirável Gado Novo”, uma canção apocalíptica e contestadora, numa versão nana-nenê que fez a audiência presente cantar em uníssono, num momento que não faria feio numa ficção científica com mundos paralelos.
Algumas canções presentes no show marcaram também o fim do período fértil de Lulu como compositor de sucesso. “Apenas Mais Uma de Amor” e a ótima “Já É”, deram as caras e mostraram força, mas com o cantor já na energia auxiliar. Pelo menos, ao contrário dos Paralamas, Lulu não contradisse suas letras, enfatizou suas qualidades como ourives pop e, mesmo que seu melhor momento esteja já num passado de quase 20 anos, ele fez o possível. A lamentar apenas a exclusão completa de canções do último e bom disco.
Detalhe: Lulu recebeu no palco a vencedora do último The Voice, Priscila Tossan, num gesto, digamos, fofo, mas que não livrou a cara do show
Setlist
Tempos Modernos
Toda Forma de Amor
Casa
Apenas Mais Uma de Amor
Hoje em Dia
Ovelha Negra
Admirável Gado Novo
A Cor e a Rosa
Fica Tudo Bem
Aviso aos Navegantes
Já É
Assim Caminha a Humanidade
Descobridor dos 7 Mares
Foto: Adriana Vieira
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Silva!? Esses mininu meio odara, meio lá, meio cá… sei lá… nem Caetano é mais isto!