Ringo Starr – What’s My Name?

 

Gênero: Rock
Duração: 35 minutos
Faixas: 10
Produção: Ringo Starr e Bruce Sugar
Gravadora: Roccabella

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

 

 

Este é o 21º disco da carreira de Ringo Starr. São eventos marcados por reunião de velhos músicos, cheios de técnica e experiência, compondo e tocando pela amizade que têm entre si e pelo ex-baterista dos Beatles. O resultado é quase sempre o mesmo: álbuns com belas canções sobre amor, entendimento, paz e … amizade entre as pessoas como solução para o mundo melhorar. Claro, esta constante varia positiva ou negativamente, gerando discos melhores ou piores. No primeiro caso, por exemplo, temos o sensacional “Liverpool 8”, de 2008, um baita trabalho de belas canções e reflexões sobre o passar do tempo e as saudades de casa. No grupo dos trabalhos menos interessantes, tivemos “Ringo 2012”, mais frouxo e com uma safra menos inspirada de composições. Este “What’s My Name” não está nem lá, nem cá. É um típico disco nota 7. E quem se importa com isso?

 

Certamente não os fãs de Ringo. E como ele tem admiradores, não? Pudera, é um dos maiores boas-praças que já pisou no planeta, incapaz de aparecer de mau humor e, depois de tantos anos, ainda é capaz de modular sua voz grave – e desafinada – satisfatoriamente e, muito melhor, tocar seu velho kit de bateria, mostrando-se ainda capaz de segurar ritmos e bolar andamentos com a precisão de um velho relógio. A capacidade de Ringo para arregimentar músicos é impressionante. De Joe Walsh, Nathan East e Mike Campbell, velhos cupinchas de sempre, passando por Colin Hay – ex- Men At Work e integrante da All Starr Band – chegando a Benmont Tench e ao ex-parceiro e sempre amigo, Paul McCartney, todos estão por alguma faixa do álbum, colaborando, tocanado, cantando, fazendo tudo.

 

 

E Ringo é o centro das atenções. Seus discos são atestados de vida, de presença no mundo, de que ele está bem e produtivo. Certamente ele não espera que novas canções venham ultrapassar seus velhos e surrados cavalos de batalha. Quem já viu um show da All Starr Band sabe que se trata de uma celebração rock, de uma festa-baile de gente que se recusa a envelhecer e, se o corpo não evita, a mente segue inocente e em bom estado. Por isso não há muito pra exigir em termos de novidade ou sacadas de produção, porque os envolvidos são senhores de seus instrumentos e afazeres. O cuidado reside em não forçar muito a barra. Se você espera novidade e invenção, um disco solo do Ringo é o último lugar do mundo para procurar por isso.

 

 

A safra de canções é razoável. Duas covers soam meio sem sentido, “Grow Old With Me”, da carreira solo de John Lennon, já teve uma versão definitiva com Glen Campbell, deixando Ringo com anos luz de distância. Mas vale o registro. “Money”, clássico da Motown, que já teve leitura dos Beatles há mais de 60 anos, com John nos vocais, também parece meio desenxabida. Mas também passa. E das faixas novas, tem duas pequenas belezuras. “Better Days” é fluida e simpática, mas é “Life’s Good” que soa amistosa e celebratória, com potencial para ser entoada pela plateia em shows. “Thank God For The Music” também é brejeira e tem belo andamento que lembra alguma coisa dos Beach Boys. De resto, é o velho Ringo ringando aqui e ali.

 

 

“What’s My Name” é isso: um grupo de senhores tocando seus instrumentos, contando causos, vivendo o sonho mais uma vez. Funciona, é digno e, de quando em vez, nos lembra de como funciona a coisa toda. De qualquer forma, é muito mais legal viver num mundo em que lendas como Ringo ainda sentem vontade de cantar e subir num palco.

Ouça primeiro: “Life’s Good”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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