Quadrinhos Abaixo dos 50! O exército de Jack Kirby

 

 

Quadrinhos Abaixo dos 50!

Nesta seção, destacamos grandes e interessantes obras em quadrinhos que estão disponíveis por preços menores que cinquenta moedinhas – e alguns bem abaixo disso. Para além de edições luxuosas de capa dura, este é seu guia de quadrinhos bacanas que, torcemos, podem caber no orçamento.

 

 

 

 

 

 

 

Lendas do Universo DC – OMAC por Jack Kirby

Gênero: Super-heróis, ação

Roteiro e Arte: Jack Kirby

Editora: Panini Comics

Páginas: 176

4.5 out of 5 stars (4,5 / 5)

 

 

 

 

 

 

Nos meados da década de 1970, Jack Kirby, o ilustrador responsável por uma cota imensa na criação do Universo Marvel na década anterior, deixou a casa das maravilhas. Seu pouso foi justamente na concorrência, a DC Comics. Em alguns poucos anos, o “Rei” Kirby lançou uma quantidade impressionante de personagens e conceitos, em títulos que se tornaram clássicos como Novos Deuses, Senhor Milagre, Kamandi. Na DC, Kirby criou Darkseid, o antagonista máximo dos heróis da editora.

 

OMAC foi uma das suas últimas produções por lá, tendo sido inclusive interrompida abruptamente quando Kirby fez as malas. Digam o que quiserem, a fábrica de ideias do Rei ainda estava a pleno vapor. Foram oito edições, entre 1974 e 1975. Todas compiladas pela Panini no encadernado Lendas do Universo DC – OMAC por Jack Kirby, com um prefácio assinado por Mark Evanier, cocriador do bárbaro Groo e ex-assistente de Kirby.

 

Seguindo a linha bem-sucedida de republicações da DC Comics, o volume tem uma encadernação de qualidade e papel de boa gramatura, que valoriza as cores vibrantes. Por conta da velocidade e volume com que trabalhava, Kirby desenhou as edições com requadros grandes e várias ilustrações de páginas inteiras, um deslumbre.

 

OMAC é um operativo da Agência Global da Paz, em um futuro indefinido, montado por Kirby sobre referências do livro 1984 de George Orwell. Seu nome significa One Man Army Corps (nas espertas traduções brasileiras, Operativo Máximo para Ações de Combate) e assim o é porque, na distopia de Kirby, os exércitos foram oficialmente abolidos, só existindo de maneiras clandestinas.

 

O herói surge a partir da manipulação eletrônica do corpo de um humano comum, Buddy Blank – com trocadilho, Buddy é praticamente uma tábula rasa mesmo. Quem altera e auxilia OMAC em suas missões é o Irmão Olho, um satélite superavançado e senciente, felizmente a serviço da humanidade.

 

As histórias seguem a marca de Kirby, dinâmicas, com sua arte fluida e cinética, ignorando qualquer rigidez anatômica e arrasadora nas intricadas tecnologias. OMAC se bate contra uma sociedade fria, onde o amor e até uma família podem ser comprados ou selecionados para você através de algorítmos. Existem também os obrigatórios loucos e gananciosos buscando dominar ou arrasar o mundo.

 

É pena que a arte do quadrinho sofra um pouco na finalização, apagando sutis detalhes do lápis. Segundo a introdução, os arte-finalistas trabalharam em tempo recorde para dar conta do cronograma alucinado de produção da série. Felizmente, algumas páginas originais a lápis de Kirby foram incluídas no volume.

 

Outro ponto complicado é a abrupta interrupção da última história, deixada sem conclusão. A DC Comics chegou a produzir uma última página, criando um fim corrido para a saga que deixou várias pontas soltas. Mas esta não foi incluída na edição nacional, que compila apenas o trabalho elaborado por Kirby.

 

OMAC é uma contribuição poderosa para o panteão da DC, como tantas que Kirby deixou por lá. Não é por acaso que o conceito vez ou outra é revisitado pela editora, mais fielmente ou em remixes das ideias originais. Uma saga imperdível e obrigatória.

 

 

Fabio Luiz Oliveira

Fabio Luiz Oliveira é historiador e crítico da Arte não praticante. Professor da rede pública do Rio de Janeiro. Escritor sem sucesso, espanta o mofo de seus textos em secandoafonte.wordpress.com

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