Nossas Dez Melhores Séries de 2023

 

 

 

Já faz muito tempo que deixamos de ver a chamada TV aberta por aqui. Mentira. Ainda assistimos Masterchef, exibido na Band, mas vemos pelo YouTube, um dia depois de ir ao ar pela emissora paulistana. De resto, só vemos a programação disponível nos serviços de streaming e no próprio YouTube, feita por canais independentes, tocados por pessoas que nada têm a ver com o negócio formal da TV. Por essas e outras, o destino desta lista aqui é se mesclar com este conteúdo virtual em algum momento do futuro próximo, seguindo uma tendência irrefreável de democratização de produção de conteúdo em tempos digitais. Enquanto este momento – que já deve acontecer neste ano – ficamos com o que temos visto de melhor nestes serviços de streaming. Das dez produções listadas, duas são nacionais e uma delas nos surpreendeu bastante, ainda que siga um modelo de origem estrangeira. As outras atrações são gringas, refletindo bem o nosso gosto pessoal, que tem um carinho especial com as produções de ficção científica, que ocupam 40% do nosso ranking.

 

 

Concordem, discordem, sugiram e passem adiante.

 

 

10 – Only Murderers In The Building (Star+) – se as duas primeiras temporadas desta sensacional série foram maravilhosas, nada mais justo que esperar uma continuidade à altura, certo? A gente chegou a anunciar a terceira temporada de “Only Murderers” com pompa e circunstância em agosto, mas ela não correspondeu. Mesmo com Meryl Streep no elenco já estelar, os roteiristas se perderam e não conseguiram escapar da mesmice, além de apresentar um arco sem nenhuma graça. A pouca conexão com o que havia sido feito nas duas temporadas anteirores atrapalhou bastante e o que parecia ser uma barbada para levar o primeiro lugar, quase não entra nesta lanterninha aqui. Esperamos que haja uma melhora total para 2024.

 

09 – Assassinato no Fim do Mundo (Star+) – produção bacaninha da Star+, com a atriz britânica Emma Corrin no papel da detetive amadora Darby Hart. Além de investigar crimes desde criança, influenciada pelo pai que era médico-legista, Darby é hacker e escritora, motivos pelos quais chama a atenção de um magnata da informática, que a convida para passar uma semana num retiro na Islândia, no qual estão outras pessoas estranhas e com habilidades especiais. A partir da primeira noite, tudo muda, pois acontece um assassinato e todos são suspeitos. Ainda que a história possa soar meio clichezenta, a ambientação é ótima e a atuação de Clive Owen como Andy, o tal retiro se mostra uma experiência estranha e terrível. O clima de isolamento que surge, os constantes flashbacks e as situações misteriosas que vão surgindo fazem desta série uma ótima pedida para quem gosta de casos sem solução aparente.

 

08 – Cangaço Novo (Prime) – série nacional bacaníssima, baseada em fatos reais, na qual “novos cangaceiros” surgem no interior do Brasil, cometendo assaltos e crimes com preocupação social e combatendo desigualdade, numa onda meio Robin Hood, meio justiça feita pelas próprias mãos. Com Allan Souza Lima e Hermila Guedes nos papéis principais, a trama mostra um homem desiludido e desconectado de seu passado, mas que será obrigado a rever os fatos acontecidos há tempos, especialmente a história do pai, tomando conhecimento de várias situações que mudarão sua vida. Ao longo dos oito episódios, “Cangaço Novo” vai trazer várias cenas de ação bem convincentes e atuações acima da média. A segunda temporada já está confirmada.

 

07 – Ahsoka (Disney) – o melhor da saga de “Star Wars” está nas produções para os serviços de streaming e, mesmo assim, isso não é unanimidade. Tudo bem que “Ahsoka” não é um “The Mandalorian” ou um “Andor”, mas é bem bacaninha e apresenta um arco de ação bem convincente, com Rosario Dawson e Mary Elisabeth Winstead encabeçando um bom elenco a serviço de uma história que acontece logo após os eventos de “O Retorno de Jedi” (1983), ou seja, quando o Império é derrotado. Dá pra notar que “Ahsoka” tem o público infanto-juvenil na mira, até pelo fato da personagem ter surgido na série animada “Rebels”, mas tudo é tão bem feito e convincente que torna quase impossível achar algum defeito mais sério. Com a segunda temporada a caminho, “Ahsoka” leva o bastião de “Star Wars” adiante com garbo.

 

06 – LOL – Se Rir Já Era (Prime) – se me dissessem que esta série de humor da Prime Video estaria entre nossas preferidas de 2023, seria impossível acreditar. Sim, porque, “LOL”, originalmente batizada de “Last One Laughing”, é uma produção japonesa, que já foi adaptada para vários países. A versão brasileira é ancorada por Tom Cavalcanti e já está na terceira temporada. A ideia é simples: dez humoristas de diversas vertentes e estilos ficam trancados num estúdio, sem poder rir, por seis horas. Quem resistir até o fim, vence o prêmio de 350 mil reais, que poderá ser doado a uma instituição de caridade. A situação apresentada obriga os participantes a atacarem uns aos outros, buscando o riso a qualquer custo, sem descuidar da própria retaguarda. As situações que surgem são hilariantes e às vezes beiram a loucura total. As três temporadas estão disponíveis no Prime Video e são altamente indicadas.

 

05 – A Queda da Casa de Usher (Netflix) – esta é uma baita série de terror, criada por Mike Flanagan, responsável por boas realizações como “Maldição da Residência Hill” e a ótima “Missa da Meia-Noite”, e adaptada do conto de mesmo nome, escrito por Edgar Allan Poe. Ao longo dos oito episódios da série, tomamos contato com a família de Roderick Usher (vivido por Bruce Greenwood e Zach Gilford) e Madeline Usher (vivida por Mary McDonell e Willa Fitzgerald), que são donos de uma indústria farmacêutica que criou um remédio viciante, responsável por várias mortes ao redor do mundo, mas que os tornou bilionários. Os Usher são pessoas totalmente sem alma, que, na verdade, firmaram um acordo misterioso e terrível no passado, no qual as pessoas que pagarão pelos desmandos e horrores do casal de irmãos, sempre serão outras, que não eles mesmos. Ao longo da narrativa, vemos todos os tipos de situação terrível, além de uma boa homenagem às criaçoes de Allan Poe. Como detalhe interessante, temos a participação de Mark Hamill, o Luke Skywalker em pessoa, num papel pra lá de cavernoso.

 

04 – The Bear (Star+) – a gente já havia adorado a primeira temporada de “The Bear”, então, ficou fácil para o segundo feixe de episódios cair no nosso gosto. Com a manutenção do ótimo elenco, no qual Jeremy Allen White (Carmy) e Ayo Edebiri (Sydney) são os nossos destaques absolutos, “The Bear” segue como uma das séries mais intensas e eletrizantes já feitas. As tomadas, a produção, a parte técnica, bem como os ótimos diálogos, trilha sonora, tudo condensado em episódios curtos, torna a experiência bem diferente das séries normais. Tudo isso sem mencionar a ambientação na cozinha do Original Beef e a trilha sonora, sempre bacana. Esperamos pela terceira temporada, já confirmada.

 

03 – Star Trek: Strange New Worlds (Paramount) – esta, não só é uma das mais adoráveis derivações do universo “Star Trek” como é uma das mais competentes e interessantes. A segunda temporada de “Strange New Worlds” é inferior à primeira, mas ousou entrar em terrenos arriscados (há um episódio musicado e coreografado), além de desenvolver personagens sacrossantos dentro do núcleo central da história, como, por exemplo, o Sr. Spock (Ethan Peck), que rouba a cena ao longo dos episódios, mostrando dificuldades imensas para se equilibrar em meio a um triângulo amoroso, no qual sua noiva, T’Pring (Gia Sandhu) e a enfermeira Christine Chapel (Jess Bush) são os outros dois vértices. Esta tensão gerou um dos mais sensacionais episódios da franquia, “Charades”, no qual tem lugar a cerimônia de noivado do oficial de ciências vulcano. A terceira temporada chega em algum ponto do ano, uma vez que suas filmagens foram atrasadas pela greve dos roteiristas e atores de Hollywood, no meio de 2023.

 

02 – Star Trek: Picard (Paramount) – chegou ao fim, após três temporadas e trinta episódios a ótima “Star Trek: Picard”. E encerrou suas atividades com sua melhor história, envolvendo mistérios do passado do Almirante Jean-Luc Picard, um filho do qual ele toma conhecimento de forma inesperadíssima e a reunião de todo o elenco da clássica “Star Trek: Next Generation”, série que deu continuidade ao culto de “Star Trek” em 1987, trazendo uma novíssima tripulação. Pois bem, com todo esse povo reunido numa trama bem feita, efeitos especiais bacanas e a manutenção de personagens bacanas de outras franquias, “Picard” arrebentou. Destaque para a atuação intencionalmente frágil de Patrick Stewart, o homem por trás do título, do personagem e da produção executiva desta aventura.

 

01 – The Last Of Us (HBO) – eu ainda não escrevi nada sobre “The Last Of Us”, que está em cartaz na HBO há quase dois meses, por um motivo: me faltam palavras. A série é tão impressionante que eu só faço ficar meio perplexo com as soluções dadas para uma narrativa pra lá de manjada: o fim do mundo via apocalipse zumbi. E, como uma pessoa que jamais viu o jogo para Playstation que inspirou a série estrelada por Pedro Pascal e Bella Ramsey, eu meio que me encontro num semi-limbo de pessoas que não têm qualquer vínculo emocional com a história, que estão nessa, justamente, por serem fãs das visões de fim de mundo que surgem por aí. No caso do apocalipse zumbi, o que mais me incomoda e assusta é que a sociedade sempre está a um centímetro da ruína total. Tudo o que existe – especialmente leis, bom senso, moral, estado, governo – cai por terra em questão de dias e a humanidade regride a um estado de barbárie, sempre com espaço para espertalhões e bandidos que, espertos, aproveitam o caos para tomar o poder e oprimir os que restam. Claro, é uma metáfora para seres humanos sem humanidade, mas, à medida que avançamos no tempo, a ficção é incomodamente plausível. Baita desempenho de Pedro Pascal, como Joel e de Bella Ramsey, como Ellie. A segunda temporada, já confirmada pela Warner, ainda não tem data para produção ou estreia. (leia a resenha completa aqui)

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *