Liam Gallagher – MTV Unplugged
Gênero: Rock alternativo
Duração: 43 min.
Faixas: 10
Produção: Liam Gallagher
Gravadora: Warner
Se eu encontrasse com o Liam Gallagher aqui em Niterói, falaria pra ele: “eu sei o que você fez no verão passado”. Ele olharia pra mim e, certamente, mandaria um “fuck off” entredentes. A despeito do infausto trocadilho que abre esta resenha, é fato: Liam estava gravando seu MTV Unplugged no verão de 2019, mais precisamente na cidade de Hull, próxima à sua Manchester. Com pompa e circunstância, o ex-vocalista do Oasis subiu ao palco com uma banda turbinada por backing vocalists, cordas, metais e toda aquela parafernália que compõe o padrão dos “Acústicos MTV” lá fora e aqui. Aliás, enquanto Liam reavivava o formato na Inglaterra, Tiago Iorc era escolhido para fazer o mesmo por estas bandas. Felizmente, o assunto é o registro que o Gallagher mais jovem entregou para os fãs sedentos por mensagens na garrafa com o tema Oasis.
Isto seria uma injustiça com Liam. E com Noel. Cada um persegue sua musa inspiradora com autenticidade. Se o ex-guitarrista e cérebro do quinteto de Manchester tinha na criação a sua principal característica, colocando tal elemento por todos os cantos – com sucesso moderado – do seus atuais High Flying Birds, Liam é total dedicação ao passado. Sua praia é subir no palco e ser o centro das atenções e fazer a plateia cantar com ele. E isso é exatamente o que o povo espera que ele faça. Sendo assim, neste caso de junção de fome e vontade de comer, o sujeito está à vontade por todos os cantos deste registro ao vivo. Como se não bastasse, Liam ainda inventou de ser ótimo compositor e lançou discos solo que dão gosto de ouvir, numa carreira que está dando de goleada no que Noel tem feito, mas aí já é outra história e cabe muita análise.
A apresenção no Hull’s City Hall marca até um certo ajuste de contas de Liam com o passado. Os fãs do Oasis hão de lembrar de sua ausência no MTV Unplugged que a banda registrou em 1996. Mesmo que fosse justo comparar, o que ele consegue aqui é admirável, não só pela escolha bem pensada do repertório – que mistura sucessos solo e com o velho grupo -, mas pela acolhida calorosa que o público lhe concedeu. A cada fim de canção irrompe o coro de “Liam! Liam! Liam! Liam!” e o sujeito agradece murmurando e já enfileira a faixa seguinte. Entre as faixas recentes estão belas versões de Wall of Glass’, ‘Once’ e a lindeza que atende pelo nome de ‘Now That I’ve Found You’, que funcionam especialmente bem diante da orquestra de 24 elementos que fornece moldura musical de qualidade.
Quando é hora de revisitar o Oasis, ele chama o ex-guitarrista da primeira fase do grupo, Bonehead, que o acompanha nas belas releituras de ‘Some Might Say’, ‘Stand By Me’, ‘Cast No Shadow’ e na inédita interpretação de ‘Sad Song’, canção que era bônus de “Definitely Maybe”. Ainda compõem o repertório oasiano as marcantes “Stand By Me” (uma preferida pessoal deste que vos escreve” e o fecho com “Champagne Supernova”, executada para delírio dos presentes.
O”MTV Unplugged” de Liam Gallagher é digno e satisfaz ao mais exigente fã de Oasis, sem desapontar os admiradores da carreira solo do sujeito. E tem, como brinde, uma oportunidade de revisitar alguns detalhes daqueles 1994/96, que ficaram para trás como deve ser. Uma belezura.
Ouça primeiro: “Stand By Me”
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Liam Galagher é o último dos últimos rock stars. Drogas talento e soberba, Yes nós temos de sobra… e isso é ótimo… estou no meio da sua biografia e qualquer um q visse esse fdp no auge da sua dependência do seguro desemprego na Inglaterra saberia que ele seria grande e tudo se resume em postura e atitude, características que sobram nesse unplugged. Não tem como não ouvir ONCE e não se emocionar. Valeu LIAM…