Dave Grohl e seu Hanukkah musical
Dave Grohl, sabemos bem, gosta de aparecer e faz projetos aqui e ali. Alguns são legais, outros nem tanto, mas sempre fica evidente a inquietação do líder do Foo Fighters e seu comprometimento com o rock e suas várias variáveis variantes. Veja, por exemplo, as Hanukkah Sessions, que ele e o produtor Greg Kurstin, lançaram no início de 2021 e que repetem a dose agora, no início de 2022. Dave e Greg não são judeus, mas gostam de celebrar o Hanukkah, conhecido como a “festa das luzes” israelense, que marca a reconquista de Jerusalém pelos judeus e o milagre do óleo, que era utilizado para iluminar o Templo e que estava escasseando, mas durou os oito dias necessários para manter o povo aquecido.
É um momento de celebração e felicidade, que acontece no fim do ano, sempre no mês de dezembro, entrecruzando tradições com algumas celebrações cristãs, como o Natal. Mas Dave e Greg aproveitam o período para celebrar e, por que não, relembrar a obra de artistas judeus em atividade ou que já morreram, mas deixaram canções definidoras para o rock e o pop. Sendo assim, cada disco tem oito faixas, lançadas ao longo do mês de dezembro pela dupla em transmissões ao vivo no Youtube e agrupadas após a virada do ano.
No ano passado, as Hanukkah Sessions 2020 tiveram a seguinte track list:
Sabotqge – Beastie Boys
Hotline Bling – Drake
Mississippi Queen – Mountain
Fuck The Pain Away – Peaches
Rainy Day Women #12 & 35 – Bob Dylan
Connection – Elastica
Frustrated – The Knack
Rock And Roll – Velvet Underground
E neste ano, as escolhas seguem este padrão de celebrar a época do ano e apresentar para uma audiência jovem e sedenta de informações, um punhado de boas músicas e ótimos artistas.
Stay (I Missed You) – Lisa Loeb
Blitzkrieg Bop – Ramones
Copacabana – Barry Manilow
Jump – Van Halen
Take The Box – Amy Winehouse (com Violet Grohl)
Big Shot – Billy Joel
Train In Vain – The Clash
Rock And Roll All Nite – Kiss
As versões são bacanas, quase sempre fiéis aos originais, mas com algumas maluquices, como a metalização de “Stay”, uma das canções mais indie-fofas da década de 1990. Grohl é arroz de festa, mas sabe o que faz.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.