Bruce Lee genérico enfrenta o diabo

 

Saudações! Minha intenção dessa vez era falar sobre alguns filmes obscuros do Rutger Hauer, mas já passou um tempo desde que ele faleceu e eu achei que perdi o timing, por isso voltei à estaca zero e resolvi recomeçar a nossa jornada pelo maravilhoso mundo do cinema podreira com “The Dragon Lives Again”, essa pérola que é um dos maiores expoentes da “Brucesploitation”.

“Ei, mas que troço é esse?”, você deve estar se indagando… responderei: Pouco antes de o Bruce Lee bater as botas, em 1973, vários atores pé-rapados chineses começaram a colocar nomes artísticos semelhantes aos dele (como por exemplo Bruce Li, Bruce Le, Bruce Lei e por aí vai), para ver se confundiam o público americano e, assim, faturavam às custas do cara. Pois bem, depois que o verdadeiro Bruce foi dessa para melhor, o que já estava feio piorou de vez: Começaram a surgir inúmeras picaretagens explorando a morte do sujeito, e foi aí que “Dragon Lives Again” deu o ar da graça. A história é uma coisa tão, mas tão sem nexo que nos faz questionar a sanidade mental dos responsáveis:

“Bruce Lee” (interpretado por sua versão genérica Bruce Leung) desencarna e vai parar no inferno (pôxa, o que ele fez para merecer isso?). Chegando lá descobre duas coisas: Primeiro que o andar de baixo não difere nada de qualquer vilarejo chinês comum e segundo, que o diabo é fã dele, adora seus filmes e quer muito conhecê-lo. Porém, ao encontrar o demônio, Bruce desdenha e debocha da sua cara, o que deixa o tinhoso furioso. Decepcionado com a atitude do seu ídolo e indignado com tamanha prepotência, ele jura matar o Bruce (Mas ele já não estava morto? Pois é, não tente entender…) e para isso, pede ajuda aos seus aliados James Bond (!), Emanuelle (!!), Drácula (!!!) e também um monte de múmias e esqueletos toscos (curiosidade: Toda vez que as tais múmias aparecem, fazem um som como se fosse um pato incorporado por alguma entidade maligna. Eu achava estranho pois esse barulho me parecia familiar e, após um tempo, descobri o porquê: São os 30 segundos finais da música “Bike” do Pink Floyd repetidos ad infinitum e provavelmente usados sem o conhecimento da banda) para tocar o terror no tal vilarejo e atrair a atenção do tal Bruce Lee, que nessa batalha por sua vida na pós vida, conta com o inestimável apoio do marinheiro Popeye. Sim, é isso mesmo mesmo que você leu. Calma, poupe seu fôlego, ainda tem mais!

Temendo que novamente possam ir dessa para melhor (ou pior, vai saber…), os moradores do local pedem ajuda para o Bruce e para o Popeye e eles, preocupados com o bem estar de todos (sim, mesmo no inferno, qualidade de vida é fundamental) abrem uma academia de artes marciais para ensinar defesa pessoal para todos. As coisas vão seguindo tranquilas até que num dia desses, Drácula faz um ataque surpresa. Lee obviamente desce-lhe o sarrafo e descobre que os capangas do capeta tinham um plano secreto para trair o diabo e tomar o controle do inferno. Sabe-se lá porque, Bruce resolve dedurá-los ao Coisa Ruim, que fica agradecido, perdoa o nosso herói e o convida para ser seu guarda-costas. Pois é, nesse momento parece que tudo caminha para um final feliz, mas a trégua dura pouco tempo: Logo ele se cansa do emprego e pede demissão, deixando o demo ainda mais possesso, o que nos leva a uma “empolgante” batalha final onde Popeye come espinafre e derrota todo o exército das trevas ao som da sua canção-tema. Após o embate, Bruce sobe aos céus e reencarna. Fim!

E aí, já parou de rir? E acredite, esse roteiro maluco nem é o mais constrangedor: Os cenários lembram o do Chaves, tamanha a pobreza (o bar do vilarejo, diga-se de passagem, lembra muito o da Dona Florinda), as sequencias de lutas não empolgam, as atuações são péssimas, os efeitos especiais são patéticos, mas como comédia involuntária funciona que é uma beleza! Eu até gostaria de me alongar mais, porém se eu o fizer vou liberar ainda mais spoilers e acabar um pouco com a graça que é a experiência única de assistir essa tralha! Se você não passar mal de tanto gargalhar, então lamento informar, mas você é um chato de galocha!

 

Luciano Milhouse

Luciano Milhouse é flamenguista, pensa que sabe escrever, tem 6 cachorros e aceita doações de CDs, DVDs, videogames e carrinhos (para desespero de sua esposa)!

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