Pagamos pela festa do arthur lira

 

 

 

Como vocês sabem, o deputado federal do pp-al, arthur lira, foi eleito para a presidência da Câmara dos Deputados. E, não sei se vocês também sabem, foi dada uma festa de arromba em Brasília, com a presença maciça de parlamentares apoiadores de sua candidatura e, por conseguinte, do governo federal e do centrão, aquela massa de oportunistas políticos que acaba decidindo o rumo do país via compra de seu apoio com verbas disponibilizadas. Ou seja, é a velha política que o atual governo disse que iria por fim. É o troca-troca mais rasteiro.

 

 

Na festa, cujas imagens chegaram às redes sociais na tarde de ontem, é possível ver os parlamentares juntinhos, ignorando totalmente as regras de isolamento social ou uso de máscaras. Afinal de contas, o não-uso da proteção facial é um traço “político-ideológico” dessa gente. Pois bem, as imagens mostram a deputada joice hasselmann, do psl-sp, uma das mais votadas nas últimas eleições, sacolejando o esqueleto ao som de uma melodia sertaneja/dançante qualquer. Ao lado dela, várias outras pessoas aparecem se filmando, comendo salgados, rindo, confraternizando. Afinal de contas, ganharam mais uma, certo? joice até foge da câmera pois não quer aparecer diante do público, sabe que está fazendo o errado mais uma vez.

 

 

Uma olhadela neles nem faria supor que o país enfrenta sua pior pandemia. Ou que já teve mais de 226 mil mortos (números de 02/02/21). Ou que, segundo estimativas, terá mais 63 milhões de pessoas na linha da pobreza por conta do fim do auxílio emergencial. A partir desses números, a gente lembra dos 302 deputados que receberam verba do governo para “inspirá-los” a votar em lira, bem como dos 3 bilhões de reais que constituíram esse montante. Enquanto isso, a vacinação se arrasta nos estados, não há política unificada que dê conta da pandemia e tudo mais que você já está cansado/a de saber.

 

 

E lira já modificou as regras para composição da mesa da Câmara, fato que fez, unilateralmente, o PT e o PSDB perderem seus cargos. E já nomeou a deputada bia kicis, notória negacionista da covid-19, do psl-sp, para a Comissão de Constituição e Justiça, um órgão-chave da Casa. E, segundo informação que surgiu ao fim do dia de ontem, a deputada flordelis, do psd-rj, foi integrada como titular da Secretaria da Mulher. Logo ela, que é ré pela morte do marido, recebeu mais de dez milhões de reais do governo em emendas ao longo de 2020. Lembrando que a deputada carioca também postou foto ao lado de lira, celebrando sua vitória.

 

 

Por fim, é bom lembrar que o atual presidente da Câmara é acusado de agressão pela ex-esposa, Jullyene Lins. Segundo trecho publicado no site da revista Claudia:

Jullyene abriu o primeiro processo contra o ex-marido em 2006, por lesão corporal. Ela relatou que os dois estavam vivendo em casas separadas na época, ainda que seu filho mais novo tivesse apenas 23 dias de vida, porque vinha sendo traída por Lira há anos e ela já não aguentava mais a situação.

Um dia, contudo, Lira foi até sua casa e, assim que ela abriu a porta, passou a agredi-la com socos, murros, pontapés. O deputado chegou até a esganá-la. “Minha sorte foi a babá do mais velho, que ouviu meus gritos e ligou para a minha mãe, que apareceu lá, mas eu estava desfalecendo já”, relembrou.

A violência durou cerca de 40 minutos, durante os quais Lira, além de golpeá-la, também a xingava de vagabunda e outras ofensas. O comportamento explosivo já era comum da parte do político, mas Jullyene nunca imaginou que ele um dia pudesse de fato chegar a agressão. “Aquilo era o machismo puro, o sentimento de posse, que acho que tem até hoje. Tudo tem que estar no domínio dele, no comando dele, a arrogância e a prepotência.”

Com a mãe, o irmão e a babá como testemunhas, ela prestou queixa na delegacia e passou por exames no IML. Dias antes de ser ouvida, porém, a vítima recebeu uma nova visita surpresa de Lira, que entrou em sua casa sem que ela soubesse e a coagiu para que retirasse a queixa.

Quando ela se negou, Lira então ameaçou tomar a guarda dos filhos. “Ele deu um tapa na mesa e disse: ‘Ou você fala o que eu quero ou você vai perder os meninos porque quem manda aqui sou eu, o que eu quiser eu faço e aconteço. Ou você faz isso, ou nunca mais você vai ver seus filhos’.

 

 

Abaixo estão as imagens da festa de lira. E você pode se perguntar o porquê de estarmos falando disso. Eu te respondo: porque eu paguei pela festa. E você também. Todos nós. Enquanto isso, eu equilibro meu orçamento para os 30 dias do mês caberem nele. E você? Como está teu orçamento? O dessa gente está folgado demais.

 

 

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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