The Lemon Twigs – Songs For The General Public

 

 

Gênero: Rock alternativo, powerpop

Duração: 43 min.
Faixas: 12
Produção: Michael D’Addario, Brian D’Addario
Gravadora: 4AD

4.5 out of 5 stars (4,5 / 5)

 

Os irmãos Michael e Brian D’Addario surgiram em 2016 como The Lemon Twigs com uma proposta bem simples: percorrer os caminhos trilhados pelo rock clássico dos anos 1970 visando reproduzir seus aspectos mais ensolarados e ganchudos. Para isso fixaram atenção nas vertentes powerpop e pós-Beatles da coisa, especialmente na obra de gente como Electric Light Orchestra, The Raspberries, Big Star e Badfinger. Sendo assim, a sonoridade que os irmãos obtem é equivalente a ganhar de presente um daqueles repositórios de bolinhas de chiclete coloridas, ou viver uma tarde num parque de diversões tomando sorvete de casquinha ou, quem sabe, outro equivalente imagético de felicidade, cor, alegria e amores juvenis, tudo muito bem resolvido, feito e composto com o único objetivo de arrancar um sorriso do rosto do ouvinte. E nisso, gente, “Songs For The General Public” é quase infalível.

 

A ideia que temos é de que um cientista maluco conseguiu misturar os DNAs dos Monkees e do Supergrass, resultando num organismo novo, esquisito, engraçado e colorido. Com o álbum auto-produzido e gravado em casa, mais em dois outros estúdios, entre eles, o mítico Electric Ladyland, em Nova York, os irmãos D’Addario encamparam o protagonismo deste rock meio nerdificante de raiz, com precisão de colecionistas sonoros, emulando climas, timbres e tiques sonoros tão habilmente que confundem os mais cascudos fãs dos clássicos setentistas mencionados acima. É tudo muito legal e redondo, cativante mesmo.

 

E que sorte poder ouvir coisas comuns de dois. São doze faixas que se entrelaçam na temática infalível: relacionamentos. Tudo tem muito brilho, viço, brincadeira e drama, pois nem só de cor e vive o amor. Vai passando pelo calor do início, pelo tempo que não perdoa e que mata as crianças de outrora. O tempo também é tema presente, o tal amanhã com a felicidade sonhada, que pode não vir, mas que vivemos a favor da sua chegada. “Live i Favor of Tomorrow” traz esse brilho, da espera atenta, de saber que a dor vem, mas a alegria não sabe ser alegre sem ter sentido a tristeza, não é mesmo?

 

O cantar sobre amores impossíveis, sobre os olhares que caem sobre outros, outras… outras que não eu. Mas é um cantar bonito, não uma lamentação chorosa de engasgar e ficar presa no esofago, como algo que nao desceu direito. É o cantar da beleza de poder sentir, de ter um coração que, mesmo que sofra, tá vivo e pulsante. E o disco segue neste ritmo, na graça do estar apaixonado, na fúria de de um flerte não correspondido, de amar aquilo que nem sabemos direito o que é. Ah, já nem nos importamos com isso, basta ter cor e calor.

 

Falando em cor, “Moon” é uma faixa que brilha, que música bonitinha, é a esperança em forma de som. Por citar a tal esperança, um coração que sofre ainda pode amar? “The one” é isso, como dar amor se temos dor? Um coração dolorido assusta, carrega, sobrecarrega o outro, mentira não é. Mas nada mais interessante na vida que ser um bobo de amor, todos ficamos bobos no início, depois adultos sérios, cobradores de aluguel de emoções, até que acaba e cada um tece outra rede para se embalar: Only a Fool.

 

Álbum para todos os corações amados, desamados, desencantados e armados. Songs for the General Public certamente entra na playlist “músicas para sorrir sob a luz de um sol mesmo sabendo que ele/ela já não me ama e continuo acreditando no amor”. Nome de playlist grande como a complexidade do amor. Disco que brilha é esse aí.

 

Ouça primeiro: Live in Favor of Tomorrow

 

 

*Colaborou Carlos Eduardo Lima

Ariana de Oliveira

Ariana de Oliveira é canhota de esquerda, Cientista Social, estudante de Jornalismo e comunicadora da Rádio Univates FM. Sobre preferências: vai dos clássicos aos alternativos.

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