“Pet Sounds” faz 54 anos

 

 

 

Há exatos 54 anos, os Beach Boys lançavam “Pet Sounds”.

 

Mais que um álbum “difícil” e “anticomercial”, “Pet Sounds” é uma obra lindamente aflita, totalmente pensada, composta, produzida e arranjada por Brian Wilson, então com impressionantes 24 anos de idade. Entocado no estúdio, Brian gestou uma obra plural, muito acima do que se entendia por Rock na época e confirmou que o estilo não era passageiro ou acessório, mais ainda, reivindicou aprecição séria e artística para a “música jovem”, inaugurando uma nova fase na História do Rock.

 

Gravando com músicos profissionais de estúdio (o Wrecking Crew de Los Angeles), Brian ampliou os limites da própria canção pop, inserindo instrumental exótico, influências eletrônicas novíssimas para a época, exorcizando sua paixão pela produção de Phil Spector e criando verdadeiros clássicos da música popular universal. Desde “Sloop John B” – que era o nome de um barco – passando pela doçura romântica de “Wouldn’t It Be Nice”, pela declaração de vida de “I Just Wasn’t Made For These Times”, pela transcendência absoluta de “God Only Knows” e chegando no ápice de beleza possível, concentrado na melodia e nos versos de “Caroline No”, Brian Wilson levou os Beach Boys para o proverbial oto patamá, influenciando tudo e todos, especialmente os Beatles, que se sentiriam compelidos a elevar o discurso de suas já brilhantes obras.

 

Demorou para que “Pet Sounds” tivesse seu mérito reconhecido, algo que acontece com as obras à frente de seu próprio tempo. Ao lado de outros discos importantes como “Bonde On Blonde” (Bob Dylan), “Revolver” (Beatles), “Aftermath” (Rolling Stones) e “Fifth Dimension” (The Byrds), “Pet Sounds” compõe uma espécie de Quinteto Fantástico do Rock, algo típico de uma época em que a preocupção com o dinheiro e o êxito comercial não ditavam as regras de maneira definitiva e artistas podiam – e precisavam – encontrar tempo para fazer … arte.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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