Os Cinquenta Álbuns Internacionais de 2024

 

 

E chegamos à última lista de melhores do ano passado. Aqui estão cinquenta e um discos internacionais lançados em 2024. Essas relações de álbuns se tornam mais difíceis de serem feitas a cada ano, justo porque, diante do acesso quase total que as plataformas de streaming proporcionam, a multiplicidade de experiências sonoras quase impossibilita a unificação de nomes.

 

Aliás, essa é, ao mesmo tempo, a grande maravilha de fazer listas em tempos atuais. Você tem a oportunidade de fazer algo inteiramente pessoal, próprio, deixando de lado os parâmetros que veículos hegemônicos de imprensa definem. Sendo assim, se você tem um site independente, como é a Célula Pop, tem o dever de fazer algo pessoal. De não comprar pronto o que sugerem lá fora e aqui. Infelizmente, tem gente que insiste em fazer assim, algo que nós nos recusamos a fazer.

 

Sendo assim, aqui vai a nossa lista totalmente pessoal e própria. Os cinquenta álbuns se dividem entre menções (os 25 últimos) e Discos Destacados, que merecem comentários. E, como você já deve ter notado, temos um disco a mais, que nós consideramos “hours concours”, totalmente à parte do que aconteceu no ano. Veja e comprove. E, claro, a qualquer momento, dê sua lista, aponte seus favoritos e opine, sempre.

 

 

– Mercury Rev – Born Horses

– Helado Negro – Phasor

– Orville Peck – Stampede

– The Marias – Submarine

– Leon Bridges – Leon

– Tahiti 80 – Hello Hello

– Kit Sebastian – New Internationale

– David Gilmour – Luck and Strange

– Gruff Rhys – Sadness Sets Me Free

– The Decemberists – As It Ever Was, So It Will Be Again

– L’Imperatrice – Pulsar

– Crowded House – Gravity Stairs

– Charly Garcia – La Lógica Del Escorpion

– DIIV – Frog In Boiling Water

– Pet Shop Boys – Nonetheless

– Trent Reznor e Atticus Ross – Rivais – Trilha Sonora

– Sarah Kinsley – Escaper

– The Heavy Heavy – One Of A Kind

– Paul Weller – 66

– Ryan Adams – Sword & Stone

– Beabadoobee – This Is How Tomorrow Moves

– Beth Gibbons – Lives Outgrown

– The Courettes – The Soul Of … The Fabulous Courettes

– Alex E.Chávez – Sonorous Present

– Los Yesterdays – Frozen in Time

 

Discos Destacados

 

25 – Underworld – Strawberry Hotel – Com o Underworld não tem erro. Este novíssimo álbum reafirma seu papel de protagonismo na música eletrônica mundial. A que realmente importa e instiga o ouvinte. Maravilha total.

 

 

24 – Paul Heaton – The Mighty Several – Conheça o que homem faz desde meados dos anos 1980 e identifique-se tanto com sua música, quanto com sua postura admirável, especialmente em dias tão cruéis como os atuais.

 

 

23 – Hataalii – Waiting For A Sign – Com uma sonoridade instigante, oscilando entre bandas dos anos 1990 como American Music Club, Pavement e Grant Lee Buffalo, além de uma influência nítida de Lou Reed e um desencanto próprio e contemporâneo, Hataalii atinge níveis altíssimos de eficiência e lirismo neste belíssimo “Waiting For A Sign”.

 

 

22 – Bon Enfant – Demande Spéciale – O quinteto de Montreal, Canadá, lançou este terceiro disco e atingiu média altíssima de ótimas canções. A vocalista Daphné Brissette é um achado!

 

 

21 – MJ Lenderman – Manning Fireworks – Tudo aqui é melódico, espontâneo e descolado, na medida certa. As nove canções que compõem o disco são interligadas por este espírito informal, como se um amigo te contasse as boas novas.

 

 

20 – High Llamas – Hey Panda – “Hey Panda” é uma lindeza inesperada. Tem melodia, inteligência, arranjo, superação, inovação e, claro, ótimas canções. Tem tudo o que devemos e queremos ouvir num álbum de alguém que amamos. Ouça.

 

 

19 – Kim Gordon – The Collective – Dizer que “The Collective” é uma “trilha sonora dos nossos tempos” é um clichezão da crítica jornalística musical, mas, sinceramente, ele é bem preciso para descrever a sensação de incômodo-fascínio-hipnose que essas canções exalam.

 

 

18 – YĪN YĪN – Mount Matsu – Puro pop perfeito contemporâneo para quem não tem disposição para permanecer estático no tempo e no espaço.

 

 

17 – Fcuckers – Baggy$$ EP – Fcuckerz é, simplesmente, uma das coisas mais sensacionais do ano. Sua insolência dançante, house, largada, preguiçosa e genial é um tempero irresistível nesse pequeno caleidoscópio sonoro que sua estreia em “Baggy$$”.

 

 

16 – Thee Marloes – Perak – “Perak” é um disco incrivelmente diversificado, tanto na composição musical quanto nas letras. Embora a maioria das canções do álbum gire em torno do amor e relacionamentos, elas são entregues de múltiplas formas; indo desde desgosto e amargura até felicidade e paixão.

 

 

15 – Brittany Howard – What Now – Este novo álbum de Britanny Howard oferece uma possibilidade para a música afro-negona vigente. Não é o empastelamento via hip-hop das grandes divas, a meu ver, esgotado.

 

 

14 – Clairo – Charm – “Charm” é, perdoem o trocadilho, um charme. Mostra uma artista surpreendente, em evolução, ousando e atingindo novos patamares. Este disco é uma belezura e já está bem posicionado nas vindouras listas de melhores de 2024. Não perca.

 

 

13 – Billie Eilish – Hit Me Soft And Hard – “Hit Me Hard And Soft” é um senhor disco. Tem canções próximas da perfeição, não se entrega ao jogo multimilionário das demandas financeiras e nem brinca de revolução visando mais a divulgação na mídia.

 

 

12 – John Cale – POPtical Illusion – John Cale acessível para a garotada é coisa rara de ver e ouvir. Não perca a oportunidade de mergulhar nessas águas diferentes e ainda profundas da mente de um dos grandes nomes que o rock produziu e que parece facinho, facinho, como aquele vizinho que você encontra no elevador.

 

 

11 – Kim Deal – Nobody Loves You More – “Nobody Loves You More” é adorável. Depois de tanto tempo, não poderíamos esperar nada diferente de uma artista superlativa como Kim Deal. Uma lindeza.

 

 

10 – Michael Kiwanuka – Small Changes – Michael Kiwanuka estará no próximo Lolapalooza e esta será uma oportunidade dourada para ver se ele é capaz de transpor para o palco todas as sutilezas e sentimentos que sua obra, especialmente este álbum, propõe. Em estúdio, pelo menos, este “Small Changes” o coloca na prateleira mais alta.

 

 

09 – Nathaniel Rateliff & The Night Sweats – South Of Here – “South Of Here” é um dos mais sensacionais discos do ano. Não o perca. Vá conhecer a trajetória da banda, mergulhe em seus álbuns prévios e ame este trabalho aqui. Tem tudo o que a música precisa para continuar transformando a vida das pessoas. Um clássico instantâneo.

 

 

08 – Sault – Acts Of Faith – “Acts Of Faith” é um disco maravilhoso, lindo e cheio de méritos. É como um bálsamo misterioso que chega para curar algumas das lesões e feridas do ano, especialmente aquelas que surgem por teimar em acreditar na beleza e na excelência das canções, álbuns e artistas.

 

 

07 – Pernice Brothers – Who Will You Believe – Joe Pernice oferece um trabalho que tem viés de cronista. Suas canções funcionam muito melhor se soubermos quem ele é, o que pensa e como lida com essas situações comuns a todos nós. Seja como for, seu talento para criar canções rock perfeitas segue intacto e soa muito mais forte à medida em que ele fica mais velho. Ouça e comprove.

 

 

06 – Father John Misty – Mahashmashana – Deve ser complicado para gente como Father John Misty saber que seu país terá um segundo mandato de donald trump. Por outro lado, tal fato é a certeza absoluta de que as frases e o conceito deste impressionante “Mahashmashana” estão totalmente inseridos no contexto da realidade. Da inevitável realidade.

 

 

05 – Fontaines DC- Romance – “Romance” é um baita disco, presença certa em listas de melhores de 2024 e dá pra dizer isso desde já. O FDC é uma banda praticamente pronta para entrar no hall das maiores em atividade, oferecendo música nova, perigosa, urgente, ameaçadora. É coisa séria e você precisa ouvir. Já.

 

 

04 – Nick Lowe And Los Straitjackets – Indoor Safari – “Indoor Safari” é um milagre. É uma das mais sensacionais realizações deste 2024, sem qualquer dúvida.

 

 

03 – Black Crowes – Happiness Bastards – “Happiness Bastards” é intenso, belo e forte. É um baita atestado de vida e longevidade, se os Black Crowes ligassem pra esse tipo de coisa. Eles seguem sendo, existindo e, por conta disso, encantando. Uma maravilha.

 

 

02 – Jessica Pratt – Here In The Pitch – Jessica Pratt é absolutamente consistente em sua carreira. Seus discos são momentos de rara beleza, de tempo suspenso e de possibilidades de sonhos melódicos intensos, com o bônus de tudo soar familiar e querido. Ela parece que nos conhece. Você precisa conhecer – e amar – Jessica Pratt.

 

 

01 – The Lemon Twigs – A Dream Is All We Know – Os Lemon Twigs oferecem um banquete/quermesse/festinha para quem ouvir este álbum. É lindo, perfeitinho, encaixado e pronto para ser amado por você. Faça isso, sem reservas, se atirando. A recompensa é certa.

 

 

Hours Concours – Ryuichi Sakamoto – Opus – “Opus” é uma obra essencial e com força suficiente para cumprir uma função terrível: ser o último movimento de um gênio em sua forma “humana”. Seus sons e circunstâncias conseguem manter essa humanidade o tempo necessário, dando a transcendência necessária ao fim desses noventa e poucos minutos. Ouvi-la é uma experiência forte e impressionante, digna de seu criador. Só nos resta agradecer pela oportunidade.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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