Morreu Antônio Bivar

 

 

Antonio Bivar morreu ontem, dia 5 de julho, de Covid-19, aos 81 anos, em São Paulo. O escritor e dramaturgo estava internado desde o dia 23 de junho no Hospital Sancta Maggiore, em Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Segundo a instituição, Bivar teve complicações respiratórias por conta do agravamento de sua condição clínica.

 

Bivar escreveu clássicos do teatro nacional, entre suas principais obras estão as peças “Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã” (1968), “Cordélia Brasil” (1967) e o “O Cão Siamês ou Alzira Power” (1969), mas foi com “O Que É Punk?”, da Coleção Primeiros Passos, editada pela Editora Brasiliense, em 1982, que ele entrou no mapa dos fãs de música pelo país. Seu livro é um dos raros a flagrar a aurora do Movimento Punk em São Paulo, naquele início de década. Mais que isso: Bivar foi o organizador do histórico festival Começo do Fim do Mundo, que ocorreu no mesmo ano da publicação de seu livro. O evento teve lugar no Sesc Pompeia e é considerado uma espécie de marco inicial do punk brasileiro.

 

Ele disse em entrevista ao jornalista paranaense Omar Godoy, há cinco anos:

 

“Muitas pessoas ficaram para trás. Não saíram daquela coisa dos beats, dos hippies, de adorar os Beatles. Eu, não. Em 1982, quando voltei de uma temporada na Inglaterra, senti que ainda havia aquele clima “bicho grilo”, antigo, passadista. Mas, de repente, vi o movimento punk acontecendo no centro de São Paulo. E realmente era um movimento, porque tinha muita gente. Me identifiquei na hora, porque também tive uma adolescência dura, de trabalho braçal. Uma adolescência muito mais parecida com a dos punks do que com a da classe média hippie, que morava bem, vinha de boas famílias. (…) Sou amigo dos punks até hoje. Há alguns anos, fui atropelado por um ônibus em São Paulo, quebrei costela, etc. Acredita que um dos bombeiros do resgate era um punk que me reconheceu? Ele me ajudou, avisou o pessoal do movimento e várias pessoas vieram me procurar, para saber como eu estava.”

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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