MIB Internacional – Recomende para seu pior inimigo

 

A ideia de Men In Black é absolutamente sensacional. Até hoje não consigo compreender como a agência de inteligência que monitora alienígenas clandestinos no planeta só conseguiu render um filme legal, o primeiro, de 1997. Todas as sequências e derivações, incluindo este lamentável “MIB Internacional” só serviram para diluir e complicar a belezura do argumento original. Tudo bem que a química entre o carrancudo Tommy Lee Joes e o legal Will Smith mascarava a fraqueza dos roteiros, mas, agora que eles não estão mais presentes, fica evidente o quanto tudo por aqui é fraco e sem criatividade. E vejam, não é culpa do elenco, que tem a ótima Tessa Thompson no papel principal, com Emma Thompson e Liam Neeson em aparições menores. Ah, e tem Chris Hemsworth num papel lamentável que só faz colocar em dúvida o talento que tem – provado especialmente pelo James Hunt de “Rush”.

 

Este novo filme diz o seguinte: em vez de ser uma agência americana clandestina, os MIB são, na verdade, uma organização mundial, com escritórios em toda parte. Desse jeito, toda a parte de explicação do primeiro longa vai por água abaixo imediatamente. Sendo assim, temos a história do escritório de Londres, chefiado por T (Neeson) e que tem no Agente H (Hemsworth) um veterano que vive momentos de desilusão com o trabalho. Do outro lado do Atlântico, O (Emma Thompson) efetiva uma nova agente, M (Tessa Thompson), que é nerd e fã dos MIB. A novata é enviada para Londres em missão de treinamento e logo se envolve com uma trama que afetou a rotina de T e H no passado recente, quando ambos combateram aliens de uma tal de “Colmeia”, uma entidade ou planeta que nunca é explicado corretamente no filme.

 

A partir deste fiapo de trama, o filme se apoia em piadas requentadas e efeitos especiais, que mascaram a fragilidade presente. E tome alienígenas emulando árabes, negros e demais minorias “exóticas” para serem devidamente tutelados pelo homem ocidental anglo-americano em todas as questões possíveis. E tudo tão tosco que, em certos momentos, parece que estamos vendo um desses filmes tipo “50 Tons de Preto” ou algo intencionalmente satírico, com a função de espinafrar o original. A lamentar apenas o desperdício de Tessa Thompson, que é mais conhecida como Bianca, esposa do Creed e excelente atriz.

 

Como entretenimento, “MIB Internacional” é raso e fraquíssimo, destinado apenas a quem não exige absolutamente nada de um filme.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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