Joe Jackson – Fool

Gênero: Pop, Rock, Jazz
Duração: 42 min.
Faixas: 8
Produção: Joe Jackson e Patrick Dillett
Gravadora: Ear Music

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

Não parece, mas o cantor e compositor inglês Joe Jackson já tem 40 anos de estrada. Ele foi, ao lado de Elvis Costello, responsável por uma pequena subdivisão no punk rock da época, chamada de “punk ilustrado”. Eram caras sintonizados com a crueza do movimento mas que eram capazes de ultrapassar a raiva e as guitarras típicas das bandas de então. Sendo assim, Jackson logo entraria para a história da música pop (4 anos depois) ao emplacar seu maior hit: “Steppin Out”, até hoje, uma das mais belas canções radiofônicas já escritas. Desde então, ele está na ativa, compondo trilhas sonoras, pequenas óperas, discos conceituais, tributos de jazz e, quando está em sua melhor forma, discos de pop/rock, como é o caso deste novíssimo “Rock Action”. “Fool”, é seu novíssimo álbum.

O que você vai encontrar aqui é Joe acompanhado por sua banda em oito faixas diretas, retas e sem muito conceito. É pop/rock como se costumava fazer há tempos, ou seja, sem eletrônicas, efeitos, autotunes e outras muletas tecnológicas. É música boa, simples, nunca simplória. Os arranjos privilegiam o piano de Jackson, mas abrem espaço para diálogos de guitarra, baixo, bateria e enfatizam o entrosamento dos músicos, sua capacidade de tocar naturalmente presente.

E neste clima surgem várias belezuras, cada uma a seu modo. Já na segunda faixa damos de cara com o velho Joe revoltado e punk, berrando em “Fabulously Absolute”, mas intercalando a raiva adolescente redescoberta com pequenos e preciosos acordes ao piano. “Dave” e “Friend Better” já mostram a habilidade de Joe com as melodias pop perfeitas, em arranjos cheio de pianos e melodia doce; a bela balada “Stange Land” evoca algum tom de Elton John perdido no tempo mas é no fechamento do álbum que Joe faz seu golaço de bicicleta: “Alchemy”, com quase sete minutos de duração, é uma balada épica, ao piano, com ambiência de pós-Bossa Nova, cheia de detalhes no arranjo, andamentos quebrados, uma lindeza noturna a beira-mar.

Joe Jackson é cheio de surpresas. Descubra-o.

Carlos Eduardo Lima

Ouça primeiro: “Alchemy”

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *