Steve Gunn – The Unseen in Between

Gênero: Folk, Rock
Duração: 44 min
Faixas: 9
Produção: James Elkington
Gravadora: Matador

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

A obra de Steve Gunn é ideal para você apresentar às pessoas que insistem em dizer que a música de hoje não presta e blá. Gunn, nativo da Filadélfia e radicado no Brooklyn, Nova York, é um artesão dos violões, climas e ambiências folk. Só que, ao contrário de emular trabalhos de gente como Bob Dylan o Bert Jansch, ele mistura essas referências com o rock – como fazia um tal de Led Zeppelin, especialmente em seus três primeiros discos – e amplia o espectro para os nossos tempos, tornado tudo moderno e retrô ao mesmo tempo. É bonito, bem feito e especial. “The Unseen in Between” é o mais novo capítulo desta trajetória bem legal.

De cara já dá pra notar que Gunn vem com alguns supertrunfos ocultos na manga. A segunda faixa, “Vagabond”, mistura sua habilidade guitarrística com os padrões fluidos de um Johnny Marr, tornando a canção muito próxima de alguma gravação perdida dos Smiths ou de bandas mais novas, como a conterrânea Real Estate, por exemplo. Esta sonoridade pós-punk afolkalhada dará as caras em outros momentos ao longo do álbum, mas é em faixas como “Stonehurst Cowboy” – cheia de dedilhados ao violão – ou “Luciano”, que parece um passeio no parque sábado à tarde.

Outras surpresas estão presentes. “New Familiar” é psicodélica e cheia de nuances no arranjo, “Lightning Field” intercala cordas elétricas e acústicas ao longo de seus cinco minutos de duração, enquanto “Morning Is Mended” exibe uma pujança de pradarias vazias até onde a vista alcança. “Paranoid” fecha os trabalhos com uma melodia bela conduzida ao piano, tradicional e moderna, evocando a angústia dos dias atuais.

Steve Gunn é um novo nome para as pessoas inserirem em suas galerias pessoais de bons guitarristas.

Carlos Eduardo Lima

Ouça primeiro: “Vagabond”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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