Jimmy Eat World – Surviving

 

Gênero: Rock alternativo
Duração: 36 minutos
Faixas: 10
Produção: Justin Meldal-Johnsen
Gravadora: RCA

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

 

Há um conceito nos esportes coletivos – especialmente no vôlei – chamado “bola de segurança”. Já ouviu algum narrador falando disso? Pois bem, é, basicamente, uma jogada com pouco ou nenhum risco, na qual se visa alcançar o ponto fazendo o basicão. Pois bem, o Jimmy Eat World é a tradução dessa ideia no rock moderno: sempre entrega discos nota 7 com boas guitarras, bons vocais e um tino muito acima da média para boas composições. Com este novo álbum, “Surviving”, não é diferente. A banda oferece pouco mais de meia hora de bons riffs, bons solos e faixas em que há uma verdadeira entrega do vocalista Jim Adkins. E nada muito além disso.

 

Ouvir “Surviving” vai trazer conforto para os fãs do quarteto do Arizona, até porque, eles são muitos. Desde que o JEW alcançou o estrelato com “Bleed American”, lá de 2001, o grupo ganhou respeito de muitos adeptos da sonoridade emo/hardcore. Ainda que isso não seja muito louvável visto de hoje, o JEW sempre foi uma boa banda, cedendo pouquíssimo aos maneirismos de seus pares, procurando fazer um rock livre das amarras conceituais daquele tempo. O resultado foi um crescimento do som da banda, sem perder o bom senso das composições, além de um consequente aprimoramento dos caras como músicos. Com uma postura que manteve um pé no underground pop-punk e outro no mainstream, o JEW se manteve saudável desde meados dos anos 1990, com uma discografia elegante e econômica, sendo “Surviving” o seu nono disco em 23 anos.

 

As dez faixas do álbum entregam o que a banda sempre prometeu. Bom rock, direto e reto. Mas também tem umas experimentações interessantes com timbres eletrônicos e alguns ganchos mais pops ao longo da coisa toda. Por exemplo, “555”, a quarta faixa, tem um clima meio Muse, se a banda inglesa passasse por uma depuração de conceito e perdesse boa parte de seu orçamento com efeitos de estúdio. O resultado não é ruim, enfatizando os vocais de Adkins que, verdade seja dita, sempre foram bons. “Delivery”, a faixa anterior, também tem essa pegada meio eletrônica mas tudo soa bem discreto e respeitoso com a herança guitarreira do grupo.

 

Aliás, essa pegada de boas guitarras é o que conduz o álbum. Ela surge logo de cara, na boa faixa-título, e vai conduzindo as canções, mesmo as mais experimentaizinhas. No meio do caminho há algumas surpresas, como “One Mil”, que vai intercalando violões dedilhados e intrumental de banda, lembrando algo que poderia ser do Weezer. “All The Way (Stay)” tem bom riff e bom trabalho de bateria marcando o ritmo, enquanto “Diamond” dá uns passinhos no rock oitentista, mostrando novamente a boa participação das guitarras, assim como em “Love Never”, pesada mas gentil. A melhor canção chega no final, “Recommit”, que tem parentesco com os pequenos achados melódicos que a banda entregava lá por 1999, quando lançou seu melhor disco: “Clarity”. Fechando os trabalhos, uma faixa com ares épicos: “Congratulations”.

 

“Surviving” é este disco de segurança que a gente ouve, gosta e volta quando quer a simplicidade e a eficiência. Não vai mudar sua vida nem te fazer refletir sobre muita coisa, mas vai te dar um abraço. Às vezes é tudo de que precisamos.

 

Ouça primeiro: Recommit”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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