Biografia de Raul Seixas fala sobre colaboração com a ditadura militar
Dia 1º de novembro chega às lojas “Não Diga Que A Canção Está Perdida”, biografia de Raul Seixas, escrita pelo jornalista Jotabê Medeiros. Entre a narração dos principais fatos da vida do cantor e compositor baiano, falecido há 30 anos, está a colaboração deste com a ditadura civil-militar, que teria acarretado na prisão de Paulo Coelho – seu parceiro em grandes canções – e da namorada deste, Adalgisa Rios.
Segundo o livro, Raul e Paulo foram a um interrogatório no DOPS e, após Raul depor, Paulo teve seu apartamento invadido e sua namorada presa. No dia seguinte, Paulo foi preso, levado para local ignorado e torturado por duas semanas.
O autor de “O Alquimista” se pronunciou no Twitter: “Fiquei quieto por 45 anos. Achei que levava segredo para o túmulo (…) Não confirmei e não confirmo nada. Eu apenas vi o documento e me senti abandonado na época. Por isso que não quis dar entrevista”.
Jotabê Medeiros já atuou na CNT/Gazeta, na Veja São Paulo e nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Em 2004, foi foi finalista do Prêmio Comunique-se de Jornalismo. É autor de BELCHIOR — APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, publicado pela Editora Todavia (2017).
Sobre a análise de fontes históricas, especialmente do período da ditadura civil-militar, recomenda-se cautela e bom senso, algo que Jotabê certamente teve. São documentos frios e implacáveis, que dispersam dúvidas e boatos. Quando bem utilizados, podem revolucionar as impressões vigentes sobre fatos e pessoas. Torço, como historiador e jornalista que sou, que a verdade surja, mesmo que ela seja dolorida.
O texto de divulgação do livro diz:
Como Raulzito, o garoto classe média de Salvador e fã de Elvis Presley, se transformou em Raul Seixas, um dos maiores ícones da cultura pop brasileira? Como o jovem sonhador, depois de “passar fome por dois anos na cidade maravilhosa”, conquistou as gravadoras e o grande público? E como o responsável por versos que se confundem com a contracultura dos anos 1970, foi derrotado pelas drogas e pelo alcoolismo na década seguinte, mas sem deixar de produzir hits inesquecíveis? Jotabê Medeiros, autor de BELCHIOR — APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, e crítico musical de larga experiência, responde a essas perguntas e apresenta a primeira biografia de Raul à altura de sua importância.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Eu morro e não vejo tudo…