Gil, 78
Hoje é o dia do 78º aniversário de Gilberto Gil. Ano passado eu fiz um top 13 de sua carreira como forma de celebrar a data, mais que especial.
Neste 2020 tão estranho e cruel, falar de Gil é uma bem-vinda atitude de carinho e amor diante do caos e do desgoverno. De esperança diante do abraço à morte que muitas pessoas estão dando conscientemente, apegadas a valores que não valem nada. Esquecendo da empatia, ou mesmo lidando com a necessidade de demonstrá-la pela primeira vez em suas vidas.
Gil deve estar em casa, aflito, pasmo diante das coisas e do rumo que elas tomaram. Ele é um integrante de uma ideia generosa de Brasil que não cabe no nosso atual momento, infelizmente. Ele pertence a tempos mais elevados, a épocas mais inspiradas, a planos audaciosos de andar na Lua ou de construir uma casa em Marte.
Gil é uma promessa de futuro realizado no presente, no passado em qualquer tempo. Sua presença entre nós é um privilégio que os nossos netos invejarão.
Como presente por seu aniversário, a Conspiração Filmes e a Gegê Produções fez um filme extremamente emocionante, no qual aparecem vários artistas para cantar “Andar Com Fé”, canção presente no álbum “Um Banda Um”, de 1982, que se tornou um hino de otimismo para qualquer tempo.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.