Bob Dylan, 81

 

 

Hoje, dia 24 de maio de 2022, Bob Dylan completa seu 81º aniversário.

 

 

Nascido Robert Allen Zimmerman, em Duluth, Minnessota, Dylan é o maior mito da música do século 20, à frente mesmo dos Beatles. Ele foi a pessoa capaz de conferir realidade e significado à música popular americana, de trazê-la do mundo dos musicais e peças de teatro para o cotidiano de uma multidão de pessoas. Partindo do Folk, do Country e do Blues, Dylan construiu sua narrativa com visões pessoais de mundo, personagens metafóricos variados e assumiu o protagonismo como cronista deste tempo de mudança que foi a década de 1960.

 

Percebeu a chegada do Rock mas nunca mergulhou efetivamente no estilo, preferindo capturar seu quinhão de rebeldia e contestação, incorporando-o à sua própria música. Com este movimento sutil, trocou de pele diante de um público conservador e influenciou de forma definitiva o próprio Rock, que, a partir de 1965/66, evoluiu como estilo, assumindo outros contornos estéticos, temáticos e existenciais.

 

Ao longo de sua carreira, Dylan fez álbuns sensacionais. Foi decisivo não só no início dos anos 1960 ou em 1965/66, quando se eletrificou, mas construiu uma trajetória prolífica e elegante. Deste primeiro momento, surgem como obras primas incontestáveis The Freewheelin Bob Dylan (1963), Another Side Of Bob Dylan (1964), Bring It On Home (1965), Highway 61 Revisited (1965), Blonde On Blonde (1966) e John Wesley Harding (1967).

 

Além delas, Dylan foi tributário do Country em Nashville Skyline (1969), refugiado em sua própria alma em Blood On The Tracks (1975), viajante da América mitológica em Desire (1976), cristão renovado em Slow Train Coming (1979), voltando ao judaísmo quando adentrou os anos 80 com Infidels (1983), atualizou-se com o subestimado Oh Mercy (1989), renasceu esteticamente com Time Out Of Mind (1997) e mantem-se relevante, construindo álbuns extremamente legais desde então.

 

Não bastasse tudo isso, seu último disco de inéditas, “Rough and Rowdy Ways”, é seu trabalho mais interessante em muito tempo.

 

O homem está vivo, o mito vive nele. Parabéns e obrigado por tudo, Bob.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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