Os 21 anos de “The Miseducation Of Lauryn Hill”

 

Lauryn Hill gravou seu primeiro álbum, “The Miseducation Of Lauryn Hill” e o lançou com grande sucesso há exatos 21 anos.  A moça havia surgido para o mundo anos antes, como a voz feminina do trio de Rap Fugees e feito muito sucesso com a versão de “Killing Me Softly”, de Roberta Flack. Lauryn mostrava-se uma artista engajada logo no primeiro sucesso, a sensacional “Doo Wop (That Thing)”, uma canção sobre as questões racial e de gênero ao mesmo tempo.

 

Na época do lançamento, Hill disse que tinha a intenção de provar a possibilidade de uma artista “com cérebro” frequentar as paradas e vender bem. Dito e feito, com letra visionária sobre a preocupação dos homens com bens materiais e questões adjacentes, em vez de valorizar família e relacionamentos, Lauryn atacava as futilidades sentimentais como forma de criticar a violência doméstica, especialmente entre a população negra. Além disso, ela valorizava a figura da mulher negra usando a si mesma como parâmetro de novas possibilidades, especialmente falando sobre elas manterem sua autoestima e nunca deixar de se dar o devido valor. O sensacional clipe mostra a mesma questão sendo enfrentada pelos negros em duas épocas: 1967 e 1998, mostrando o quanto o problema é permanente e presente.

 

A canção tornou-se um hino contemporâneo do feminismo, unindo letra e música em altos padrões, ambas compostas por Lauryn, a exemplo de todos os arranjos do disco e da produção. Foi o único trabalho relevante que a cantora lançou, tendo enfrentado problemas emocionais ao longo dos anos seguintes.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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