Stevie Wonder, 70 anos

 

 

A gente tem publicado vários obituários nestes dias de pandemia. Por isso, pra tentar equilibrar um pouco as coisas, resolvi celebrar o 70º aniversário de Stevland Hardaway Morris, mais conhecido como Stevie Wonder.

 

Stevie é um desses gênios da música popular do século 20. Ele teve – e tem – papel definitivo na propagação da soul music, da funk music e de outros ritmos, como o reggae e o pop. Concebeu discos definitivos, obras como “Innervisions” (1973), “Songs In The Key Of Life” (1976), “Journey Through The Secret Life Of Plants” (1979), álbuns que levaram a música a uma nova categoria, a um oto patamá.

 

Sua técnica peculiar ao piano e teclados, sua fluência na bateria e em outros instrumentos, tudo isso somado à habilidade de produzir e se espalhar no estúdio, como um sujeito que sofre a falta, cobra na área e ainda corre para cabecear, tudo a mesmo tempo.

 

Meu primeiro contato com Stevie Wonder, quer dizer, com suas músicas, é também uma das únicas lembranças que tenho de dois irmãos mais velhos e do meu pai, pessoas essas que nunca mais vi. Havia uma série de compactos dele neste lugar onde eu os encontrava – eu tinha 3, 4 anos – e tinham o símbolo da gravadora Tamla. Lembro de “Superstition” e “Higher Ground” desde muito novo. Elas são clássicos absolutos do cancioneiro pop mundial de todos os tempos temporais, mas tenho minhas próprias favoritas. “Golden Lady”, do álbum “Fulfillingess First Finale”, de 1974, é um colosso de beleza e melodia; adoro a gravação de “Do I Do”, de 1982, inserida como faixa inédita na coletânea “Original Musiquarium”; e amo de paixão “Love Light In Flight”, parte da trilha sonora de “A Dama de Vermelho”, lançada em 1984. Ah, isso para não mencionar as baladas, como “Ribbon In The Sky” ou “Lately”, que fazem uma estátua chorar no cantinho.

 

A obra dele é tão importante para mim que a letra de “For Once In My Life” veio impressa no convite do meu casamento.

 

Stevie é emoção, é vida, é música. É memória e presente, certamente futuro. Eu o amo, celebro a felicidade de saber que ele está vivo, entre nós e que, caso seja necessário, vai se levantar e defender causas justas em nome do que é mais caro a todos nós.

 

Parabéns, Stevie. E obrigado.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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