Rock In Rio, 03 de outubro – E aí?

 

Cá está Célula Pop para mais um dia de cobertura especial, direto da Cidade do Rock. Andaremos pelo imenso espaço com cara de praça de alimentação e estaremos diante de shows interessantes e outros nem tanto. O que teremos por aqui hoje?

 

No Palco Sunset é um dia interessante para a música nacional. Bandas legais e artistas bacanas estarão se apresentando, mostrando a importância do que se faz hoje no país. Os campineiros Francisco El Hombre já devem ter se apresentado quando este texto surgir no site, é uma banda boa, com viés político e letras que cutucam o sistemão. Só por isso já merecem a sua boa vontade e carinho. Talvez seja o único grupo a se aproximar do nicho rock, uma vez que a maioria das atrações seguintes transitará entre a música eletrônica e o hip-hop.

 

O Pará Pop deverá mostrar uma galera do estado cuja capital, Belém, é o ponto brasileiro mais próximo da Europa. Virão Jaloo, Gaby Amarantos, Lucas Estrela e as veneráveis Dona Onete e Fafá de Belém, num show que deve sua existência à visão aguçada do querido Carlos Eduardo Miranda, que Deus o tenha em bom lugar. Daí pra frente, o Sunset se transforma numa pista de decolagem do hip hop nacional.

 

Emicida se apresenta com as irmãs Ibeyi, num show que promete chamar a atenção e, logo em seguida, uma galera de MC’s e DJ’s se aglutina com o nome de Hip Hop Hurricane, com a presença de Nova Orquestra, Rael, Agir, Baco Exu do Blues e Rincon Sapiência, num encontro que deve sair faísca.

 

No Palco Mundo a coisa é, no mínimo, diferente. Num dia de atrações banais e sem sal, mas com grande apelo de cliques e likes, as ações começam com Capital Inicial, a banda mais domesticada do país. À frente, Dinho Ouro Preto, o Dorian Gray do combalido rock nacional mainstream e aquelas canções que não demonstram qualquer evidência temporal. Podem ser de 1985, 1999 ou 2015 que soam rigoramente iguais e sem sal.

 

Em seguida, a única exceção ao line up do Palco Mundo no dia de hoje: Nile Rodgers, que se apresenta com uma superbanda – a qual ele rebatizou de Chic, seu grupo antológico dos anos 1970 – engata a quinta marcha e desfila um setlist de canções próprias e hits que ele produziu para Madonna, David Bowie, Duran Duran e Daft Punk. É festa na certa.

 

Panic At The Disco sobre ao palco depois de Nile, numa clara demonstração que a lógica é algo superestimado. Com origem nos grupos emos que surgiram no início dos anos 2000, o PATD incorporou elementos pop e eletrônicos ao longo do tempo, fazendo discos que têm grande legião de admiradores. No ônibus, vindo pra cá, dois caras conversavam sobre a banda no banco atrás do meu. Um deles dizia: – Cara, eu sou músico, o PATD é a melhor banda deste Rock In Rio.

 

Então tá, né?

 

Fechando a noite, Red Hot Chili Peppers, em sua sexta apresentação no festival. Banda cansada, gasta, sem sal e com um repertório tão empolgante quanto pintar uma parede com tinta branca fosca e passar a tarde vendo-a secar. A conferir.

 

Estamos presentes, gente. Aguardem as postagens com os shows.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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