Quem é quem no Rock In Rio?
Pois bem, hoje, dia 05 de abril de 2022, começam as vendas de ingressos para o Rock In Rio 2022. Cerca de 95% das atrações estão confirmadas, a pandemia de covid-19 parece realmente em queda, então, salvo engano ou acaso, o festival acontecerá na Cidade do Rock entre os dias 2 e 9 de setembro próximo. Vamos então dar uma olhada clínica no que está programado para os dias, nos diferentes palcos, vamos dizer o que pode e o que não deve ser bacana, o que vale e o que não vale a pena assistir. Tem shows potencialmente bons, ótimos e, bem, mais do mesmo ou ruins. Tem Palco Mundo, tem Palco Sunset, tem Espaço Favela e mais uns eventos aqui e ali, que constituem essa coisa enorme e bacana que é o Rock In Rio. Sempre haverá gente reclamando do line up do festival, mas sempre haverá uma multidão feliz e realizada por ver seus ídolos de perto. Escolha o seu lado e vamos nessa.
Em tempo: este texto só vai analisar as atrações musicais. Ainda que sejam importantes, não vamos falar se a Tirolesa é legal, se a marca tal fará ação de marketing x ou y, ok?
Em tempo 2: os ingressos estão à venda pelo preço de R$ 625,00 (inteira) e R$ 312,50 (meia-entrada). O pagamento poderá ser feito por cartão de crédito e o valor parcelado em até 6x sem juros. Durante a venda geral, aqueles que efetuarem o pagamento com cartão de crédito Itaú, Itaucard, Credicard e Iti poderão comprar seus ingressos de gramado e ainda aproveitar 15% de desconto na inteira e o parcelamento em até 8x sem juros, válidos até o final da cota de ingressos disponibilizada para as mesmas.
Palco Mundo
02 de setembro, sexta-feira:
Iron Maiden, Dream Theater, Megadeth e Sepultura + Orquestra Sinfônica Brasileira
É o chamado DIA DO METAL, pela primeira vez, abrindo o Festival. Além do residente Iron Maiden – que vai mostrar o show do último e ótimo álbum, “Sunjutsu”, teremos a estreia do Dream Theater e a volta do Megadeth, ambos com condições de fazerem ótimos shows. O DT lançou disco ano passado, “A View From The Top Of The World”, com aquela mistura de progressivo e metal que os fãs tanto amam e foi o vencedor do Grammy 2022 na categoria Melhor Performance de Metal com a música “The Alien”. O Megadeth vai lançar disco novo em breve, com o título de “The Sick, The Dying And The Dead”. A banda de Dave Mustaine já foi cogitada várias vezes e agora, ao que tudo indica, está confirmadíssima. Além deles, o Sepultura novamente ganha o Palco Mundo com apresentação dividida com a Orquestra Sinfônica Brasileira, o que faz da banda mineira uma espécie de “rei dos feats do festival”.
Recomendamos: Iron Maiden e Megadeth
03 de setembro, sábado:
Post Malone, Marshmello, Jason Derulo e Alok
Gente, é um show para quem tem uma visão diferente da música. Aqui a ideia é ouvir algo para dançar, para azarar, para animar e nada mais. O último hit – e único – que ouvi de Jason Derulo foi “Wiggle Wiggle” e Post Malone é um daqueles rappers, trappers, que se apresentam com bases pré-gravadas ao máximo, para um público que não se importa com execução ao vivo. Além deles, tem o Marshmello, que é Christopher Comstock, um DJ e produtor norte-americano. Ficou amplamente conhecido após a música “Alone” alcançar o Billboard Hot 100. Nenhuma dessas atrações gringas parece maior que o onipresente DJ Alok, que tem publico fiel e internacional. De qualquer maneira, neste dia 3, o Palco Mundo é para um público bem específico. Bem específico MESMO.
Recomendamos: ficar em casa.
04 de setembro, domingo:
Justin Bieber, Demi Lovato, Migos e Iza
Dia do Pop no Palco Mundo. A carioca Iza, que já se apresentou no Palco Sunset, ganha o palco principal e vai certamente ganhar o público presente com seu talento, ótima vez e performance. O trio Migos, originário da Georgia. Os números dos caras são impressionantes e eles têm uma série de álbuns intitulados “Culture” que são sucesso de público e crítica. São quase 30 bilhões de streams e mais de 68 bilhões de views no YouTube. Demi Lovato e Justin Bieber são estrelas pop mundiais. Lovato já se apresentou no Rock In Rio Lisboa em 2018 e tem um público que se identifica muito com suas canções de superação e vivência. Além disso, Demi tem boa voz e deve fazer um espetáculo na medida para os fãs. Fechando a noite, Bieber, que é um dos artistas mais populares do planeta, vai ganhar a plateia com uma sucessão de hits e muita marra. Quem gosta, vai se refestelar. Quem não gosta, nem deve passar perto.
Recomendamos: Iza. Se estiver la com os filhos pequenos, fãs de Demi e Bieber, recomendamos paciência.
08 de setembro, quinta-feira:
Guns n’ Roses, The Offspring, Måneskin e CPM 22
Este é o dia de mais um residente, o Guns’n’Roses, que vai fazer um show apenas para seus fãs – e eles são muitos. É a mesma coisa de sempre, Axl sem voz, Slash tentando salvar a pátria, com Duff McKagan e os outros integrantes dando a liga. A mistura de hard rock do Guns já está velhíssima e ultrapassada, mas o público permanece fiel. Outra banda veterana, The Offspring, também está datada, mas a atitude no palco e a carreira, cheia de lançamentos de álbuns ao longo do tempo, não deixa o grupo engessar. Promessa de bom show, correria melódica e alguns hits clássicos. A banda italiana Maneskin, consagrada mundialmente com uma cover de “Beggin”, hit dourado de Frankie Valli, vai fazer a delícia dos novinhos, que descobriram o rock ontem. Vai ser show pirotécnico e competente, com hordas cantando as músicas do grupo. E tem o CPM22 também. Fazer o quê?
Recomendamos: Offspring.
09 de setembro, sexta-feira:
Green Day, Fall Out Boy, Billy Idol e Capital Inicial
Um dia que pode ser bem interessante. Billy Idol é o show mais legal deste dia, pelo menos, para um velhusco como eu. Repertório matador, banda muito legal, carisma e casca grossa no palco, não tem erro. Para noventistas de plantão, tem o Green Day, que deve fazer uma apresentação competente, cheia de hits. O Fall Out Boy é uma daquelas bandas punk pop emo surgidas na virada do milênio, tem público fiel e deve agradar ao senso comum. E, bem, tem o Capital Inicial.
Recomendamos: Billy Idol e Green Day.
10 de setembro, sábado:
Coldplay, Camila Cabello, Bastille e Djavan
Outro dia voltado para o pop, mas com detalhes interessantes. A começar pela presença sensacional de Djavan, que é um dos grandes artistas brasileiros e que costuma ir muito bem ao vivo. Com uma carreira cheia de hits e sempre acompanhado por músicos ótimos, torço para que o público que verá as outras atrações curta a obra do velho alagoano. Depois tem o Bastille, que é uma espécie de Coldplay eletrônico, meio irmão mais novo do Imagine Dragons, aquele tipo de banda que mistura eletrônica, guitarras e pirotecnia. Vai passar logo. Depois uma das grandes estrelas dessa edição, a cubana Camila Cabello, que pousará no Palco Mundo a reboque de um novo disco, “Família”, que será lançado no dia 08 de abril. A julgar pelas músicas que já saíram, Camila pode arrebentar em sua apresentação. Fechando a noite, o Coldplay. A banda inglesa sempre é competente no palco, mesmo que o repertório não seja lá tão bom como poderia. Vai ter música do início da carreira, vai ter “Viva La Vida” com explosões e serpentinas coloridas, e, claro, vai ter faixa do disco mais recente, o fraco “Music Of The Spheres”. O público vai delirar, como convém.
Recomendamos: Djavan, Camila Cabello e, vá lá, Coldplay em nome das possíveis canções dos dois primeiros álbuns.
11 de setembro, domingo:
Dua Lipa, Megan Thee Stallion, Rita Ora e Ivete Sangalo
E mais um dia para o pop. A grande atração da noite é a cantora inglesa Dua Lipa, uma das mais interessantes artistas deste segmento em atividade. Seu último álbum, “Future Nostalgia”, lançado em 2020, foi um dos maiores sucessos daquele ano e a catapultou para a fama mundial. Garantia de show bacana. Rita Ora, cantora kosovar, criada no Reino Unido, deve apresentar um show badalado. Cheia de colaborações e participações – inclusive na trilogia “50 Tons”, Rita também é atriz. Seu disco “Phoenix”, de 2018, tem faixas na casa dos 700 milhões de streams. Megan Thee Stallion é rapper americana, com apenas um disco lançado até agora: “Good News”, que fez muito sucesso nas paradas mundiais. Megan tem um dueto com Dua Lipa na canção “Sweetest Pie”, que periga ser reeditado ao vivo, quem sabe? Ah, também tem Ivete Sangalo nesse dia, com aquele seu show de sempre.
Recomendamos: Dua Lipa.
Palco Sunset
02 de setembro, sexta-feira:
Bullet For My Valentine, Living Colour Feat Steve Vai, Metal Allegiance e Black Pantera convida DeVotos
Complementando o line up do Palco Mundo, que terá o Dia do Metal, podemos dizer que o Palco Sunset também vai na mesma onda. Shows imperdíveis: Living Colour com Steve Vai e Black Pantera com DeVotos, que têm potencial para serem dois dos mais legais de todos o Festival. O Bullet For My Valentine, banda galesa que viria em 2013 e cancelou sua apresentação, tem mais de 20 anos de carreira e um público fiel. E o Metal Allegiance, comandado pelo baterista Mike Portnoy, também tem fãs devotados, dando certeza de lotação máxima neste dia.
Recomendamos: Black Pantera com DeVotos e Living Colour com Steve Vai.
03 de setembro, sábado:
Racionais, Criolo convida Mayra Andrade, Xamã convida Brô MC’s e Papatinho + L7nnon convidam MC Hariel e MC Carol
Outro dia bacana no Sunset. Racionais é sempre garantia de boa apresentação e aqui não deve ser diferente. Criolo receberá Mayra Andrade, artista originária de Cabo Verde, talentosíssima e com várias colaborações com Gilberto Gil na carreira. De resto, outras atrações voltadas para o rap nacional, com destaque para a presença da MC Carol, uma das maiores e mais irreverentes artistas de sua geração.
Recomendamos: Racionais MC
04 de setembro, domingo:
Gilberto Gil, Emicida & Convidados, Luisa Sonza convida Marina Sena e Matuê
Dois encontroa bem badalados e um mestre absoluto da música nacional. Luisa Sonza ganha cada vez mais fama e visibilidade no pop funk nacional e vai receber Marina Sena – que tem um trabalho muito bacana e está em nítida ascensão – e o “trapper” cearense Matuê, dono de uma popularidade impressionante. Além deles, Emicida, altamente bombado na cena do rap nacional e credenciado por uma apresentação bacana no Lollapalooza, vai receber convidados e executar várias músicas que estão na boca do público. E, bem, depois deles todos vem Gilberto Gil, 80 anos, membro da Academia Brasileira de Letras e gênio máximo.
Recomendamos: todos os shows.
08 de setembro, quinta-feira:
Jessie J, Corinne Bailey Rae, Gloria Groove e Duda Beat
Com a desistência de Joss Stone, a organização chamou a também britânica Jessie J, que já veio ao Festival e tem um pop-coach, cheio de mensagens positivas para o público, que parece gostar. Além dela, a interessante Corinne Bailey-Rae tem muitos fãs por aqui e é dona de um registro pop-jazz, que pode surpreender. Na área nacional, a pernambucana Duda Beat deve cativar o público com seu pop eletrônico e Gloria Groove, também bombada pelo Lollapalooza, que vai apresentar uma mistura interessante de hip hop, ritmos regionais e pop.
Recomendamos: Corinne Bailey Rae, Gloria Groove e Duda Beat
09 de setembro, sexta-feira:
Avril Lavigne, Jão e convidado, Di Ferrero e Vitor Kley, 1985: A Homenagem
A cantora canadense vai encontrar uma plateia ávida por sua apresentação. Dona de um séquito de admiradores fiéis, Avril virá respaldada pelo lançamento do bom álbum “Love Sux”, no qual revisitou os primeiros anos de sua carreira, com canções mais próximas do pop punk despreocupado. Sucesso garantido. Também estará presente o cantor Jão, que vem nas ondas do último álbum, “Pirata”. Além dele, uma participação estranha de Di Ferrero (ex-NxZero) e o cantor pop Vitor Kley, indicado apenas para quem gosta. E o show 1985: A Homenagem, que trará de volta ao Festival artistas como Alceu Valença, Blitz, Elba Ramalho, Ivan Lins e Pepeu Gomes. Eles se apresentarão com novos nomes, como Agnes Nunes, Andreas Kisser, Liniker, Luísa Sonza e Xamã. Então tá, né?
Recomendamos: Avril Lavigne, Jão e 1985.
10 de setembro, sábado:
Ceelo Green, Maria Rita, Gilsons e Bala Desejo
O cantor americano volta ao Festival, de olho na edição de 2017, quando fez um dos melhores shows daquele ano. CeeLo é versátil, tem ótima voz e presença de palco, certamente mandará bem. Seu último álbum, “CeeLo Green Is Thomas Callaway” representou uma mudança de direção na carreira, onde Green, produzido por Dan Auerbach, fez um disco de pop soul americano da virada dos anos 1960/70, com muita classe e beleza. Se ele misturar este repertório com o tradicional, periga ser um dos grandes momentos do Festival. Maria Rita irá se apresentar ao lado de um convidado, que ainda não foi definido. Não sei se a música que ela faz é apropriada para este tipo de evento, mas, enfim. A banda Gilsons, composta por José, João e Francisco Gil vai mostrar as canções do último álbum, “Pra Gente Acordar”, além de sucessos anteriores e covers. A banda Bala Desejo completa no line up deste dia com a fama adquirida recentemente pela participação em lives da cantora Teresa Cristina. Nesta onda, o grupo lançou o primeiro disco, “SimSimSim”.
Recomendamos: CeeLo Green e Gilsons.
11 de setembro, domingo:
Ludmilla, Macy Gray, “Power! Elza Vive” um show em homenagem a Elza Soares e Liniker convida Luedji Luna
No último dia do Festival, mais uma homenagem, desta vez a Elza Soares. Alcione, Majur, Agnes Nunes, Caio Prado, Mart’nália, Gaby Amarantos e Larissa Luz estarão no palco cantando seus sucessos. Além deles, a cantora Liniker recebe Luedji Luna numa colaboração que pode dar bons resultados. Macy Gray, cantora de pop soul americana com muito público no país, também é esperança de um show interessante, assim como Ludmilla, que tem um público enorme e fiel, que adora sua mistura de pop, funk e samba.
Recomendamos: Ludmilla
Espaço Favela
Um palco alternativo que cresceu para esta edição. Certamente o que vale a pena assistir por aqui é a inacreditável presença do Gangrena Gasosa (dia 02) e os shows simpáticos de Buchecha (dia 04), Funk Orquestra (dia 04) e da cantora Lexa (dia 11), que talvez seja a atração mais badalada deste setor. Também merece destaque o cantor Ferrugem, que já superou a marca de 1 bilhão de streams no Spotify.
Rota 85
O espaço dedicado ao ano que o Rock in Rio ganhou vida, a Rota 85, contará com uma cenografia inspirada na época da primeira edição do festival: um cinema que fará alusão ao antigo e histórico cinema Rian, que exibirá conteúdos relacionados ao festival. Um orelhão também fará parte do espaço. As pessoas que forem até ele terão a oportunidade de conversar com a primeira edição do Rock in Rio, contando histórias emblemáticas e emocionantes de tudo o que viveram na época e nas edições seguintes do festival.
Rock District
O local vai receber 16 shows inéditos e contará com apresentações da Rock Street Band (todos os dias, exceto 2 de setembro), composta por André Frateschi no vocal, Mauro Berman no baixo, Lourenço Monteiro na bateria, Fernando Vidal na guitarra e Gê Fonseca nos teclados. Outra atração, a Eletrika, é uma ponte entre a energia do rock e instrumentos clássicos: dois violinos e um violoncelo, todos elétricos, interpretando os grandes clássicos do Rock.
Supernova
Ao todo, o Supernova receberá 32 atrações e ficará posicionado na área mais elevada da Cidade do Rock, tendo uma vista privilegiada de todo o festival. O espaço contará com engrenagens na cenografia inspirado no SteamPunk, subgênero da ficção científica passado em uma realidade alternativa, cuja proposta estética remete ao Século XIX.
New Dance Order
A palavra de ordem deste espaço é dançar. Por isso, o New Dance Order terá uma programação com 12 horas de música por dia, sem intervalos, onde as pessoas poderão curtir a pista de dança das 16h até às 4h da madrugada, com 60 artistas, sendo 15 deles internacionais e de 11 nacionalidades diferentes. House, Techno, Trance, Bass, Trap, EDM, entre outros beats eletrônicos estarão presentes.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Tenho vagado pelos jornais O Globo e JB de 1985 e lendo coisas de gente como: Ana Maria Pernambucana, Tom Oncinha, Jamari Pança, Mario Noites , Lea Descabelado e Antonio Carlos Migué, é quase uma vingança ver o Dia do Metal abrir a festa e, principalmente, com o Iron Maiden.
O Mike Portnoy dar uma canja no show do DT é um sonho, desejo, necessidade e esperança. Maiores que queremismos políticos e copa de futebol em republiqueta.