Plastic Ono Band retorna em versão completíssima

 

 

Lançado em 11 de dezembro de 1970, “John Lennon/Plastic Ono Band” seguiu três singles de sucesso que John lançou em 1969, após a separação dos Beatles – “Give Peace A Chance”, “Cold Turkey” e “Instant Karma! (We All Shine On)”, três gravações avant-garde lançadas com Yoko (Two Virgins, Life With The Lions e Wedding Album) e o álbum ao vivo do concerto, “Live Peace In Toronto” (1969), gravado com a sempre em evolução Plastic Ono Band, que contou com a participação de Eric Clapton, Klaus Voormann e Alan White nesta performance lendária.

 

 

 

“John Lennon/Plastic Ono Band” foi o primeiro álbum solo de John pós-Beatles, então o interesse era grande para ver o que ele faria com sua recém-descoberta liberdade criativa. A resposta chocou o mundo. Desapareceu qualquer instrumentação floreada ou psicodélica como em “Sgt. Pepper” ou o tipo de rock alegre e poesia abstrata do último álbum da banda, “Let It Be”, e em seu lugar vieram canções autobiográficas tremendamente emocionais, profundas sobre ser abandonado por sua mãe e pai, a solidão do estrelato, sua querida Yoko e o fim da revolução cultural. Com trilha sonora de instrumentação simples e produção mínima, mas majestosa, a voz de Lennon perfurou os corações do ouvinte como nunca antes, enquanto ele revelava seu verdadeiro eu. Isso marcou seu verdadeiro nascimento como artista solo. O álbum alcançou o Top 10 tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido, apesar da ausência de um single de sucesso.

 

 

“John Lennon / Plastic Ono Band – The Ultimate Collection” continua a celebração do 50º aniversário deste álbum icônico, que começou em outubro de 2020 com o lançamento do livro, John & Yoko/Plastic Ono Band para o que seria o aniversário de 80 anos de Lennon. Com comentários em primeira mão de John & Yoko, membros da Plastic Ono Band e outras figuras-chave em suas vidas – incluindo Ringo Starr, George Harrison, Klaus Voormann, o fundador e editor da Rolling Stone Jann S. Wenner e o terapeuta Arthur Janov – e repleto de letras, capas e fotografias evocativas e reveladoras – muitas delas inéditas – por Annie Leibovitz, Richard DiLello, Ethan Russell, Iain Macmillan, John Reader e David Nutter, este volume incisivo oferece novos insights sobre as emoções e a mentalidade aberta de Lennon após o casamento com Ono e a separação dos Beatles. Lindamente embalada, esta histórica publicação tem capa dura com bordas em preto e estêncil com “Who are the Plastic Ono Band?” – riffing de um teaser de uma campanha para o álbum de 1970.

 

 

Dos sinos assustadores, fúnebres e lamentos emocionais da faixa de abertura, “Mother”, foi imediato – o primeiro álbum solo de estúdio de John Lennon era diferente de tudo que ele já tinha feito antes. Gravado em 1970, logo após o fim dos The Beatles, “John Lennon/Plastic Ono Band” viu John se despojando do artifício e da ornamentação para um exorcismo artístico visceral que era confessional, cru, dolorosamente honesto e revelador. Inspirado pela psicoterapia do grito primitivo, que ele e a esposa Yoko Ono vinham praticando com o Dr. Arthur Janov, John, acompanhado da minimalista Plastic Ono Band – Ringo Starr, na bateria, e Klaus Voorman, no baixo, e o produtor Phil Spector – confrontou seus demônios, professou seu amor por sua esposa, protestou contra falsos ídolos e declarou que o sonho tinha acabado em seu álbum mais pessoal. Hoje, é a grande conquista de sua carreira solo – o momento em que o maior astro do rock do mundo desnudou sua alma para todos ouvirem – tão real quanto revolucionário.

 

“John Lennon/Plastic Ono Band – The Ultimate Collection” é uma experiência que proporciona uma audição profunda e envolvente e uma exploração aprofundada do que John descreveu como “a melhor coisa que já fiz”. Totalmente autorizado por Yoko Ono Lennon, que supervisionou a produção e a direção criativa, e pela mesma equipe de áudio que trabalhou no aclamado “Imagine – The Ultimate Collection”, de 2018, incluindo o engenheiro três vezes vencedor do GRAMMY® Awards Paul Hicks e os mixers/engenheiros Rob Stevens e Sam Gannon, “The Ultimate Collection” coloca os ouvintes no centro do estúdio e explora as sessões de gravação do álbum, em 1970, no EMI Studios 2 & 3, em Abbey Road, juntamente com os singles pós-Beatles de Lennon, “Give Peace A Chance”, “Cold Turkey” e “Instant Karma! (We All Shine On)”, desde o princípio até a master final, por meio de dezenas de demos inéditas e raras, ensaios, outtakes, jams e conversas no estúdio, revelando como essas amadas canções surgiram. Tudo neste box foi mixado do zero a partir de novas transferências em 192kHz/24bit hi-res. Além das várias novas mixagens, o box set possui 87 gravações nunca antes ouvidas.

 

 

Esta coleção histórica, remixada e remasterizada apresenta 159 faixas em seis CDs e dois discos de áudio Blu-ray por mais de 11 envolventes horas de música e inclui dois cartões postais (“Who Are The Plastic Ono Band?” e “You Are The Plastic Ono Band”), um pôster (“War Is Over!”) e um abrangente livro de capa dura de 132 páginas com as letras, fotos raras, memorabilia e extensas anotações sobre o álbum. Projetado e editado por Simon Hilton, produtor da compilação e gerente de produção da série “Ultimate Collection”, o livro conta a história por trás de cada uma das músicas e da criação do álbum nas palavras de John e Yoko e nas palavras daqueles que trabalharam com eles, através de entrevistas de arquivo e de novas entrevistas.

 

 

Yoko escreve no prefácio do livro: “Com os álbuns da Plastic Ono Band, John e eu gostamos da ideia dessa realidade realmente crua, básica e verdadeira que daríamos ao mundo. Estávamos influenciando outros artistas, dando-lhes coragem, dando dignidade a um certo estilo de vulnerabilidade e força que não era aceito na sociedade da época. Foi uma revolução para um Beatle dizer: ‘Escutem: eu sou humano, eu sou real’. Foi preciso muita coragem para ele fazer isso”.

 

 

Esta edição expandida verdadeiramente única inclui as animadas jams improvisadas que John e a banda tocavam entre as gravações, contradizendo o tema intenso do álbum, e a sessão completa de gravação ao vivo do LP de Yoko, “Yoko Ono/Plastic Ono Band”, que pela primeira vez apresenta as músicas em toda a sua extensão e velocidade completas e não editadas, e inclui três improvisações inéditas.

 

 

Semelhante à “Ultimate Collection” anterior, o conjunto oferece uma variedade de novas experiências sonoras, ao mesmo tempo imersivas e íntimas, que vão desde as novas Ultimate Mixes do álbum atemporal, que colocam os vocais de John à frente e no centro e aprimoram o som, até os Elements Mixes, que isolam e trazem certos elementos das gravações multitrack para revelar níveis ainda mais profundos de detalhes e clareza, e os Raw Studio Mixes, que permite que os ouvintes experimentem o momento em que John e a Plastic Ono Band gravaram cada música, mixadas cruas e ao vivo sem efeitos, sem delays ou reverbs. O Evolutionary Documentary é uma montagem de áudio única, faixa por faixa, que detalha a evolução de cada música, desde a demo até a gravação master, através de instruções, ensaios, gravações, exploração multitrack e conversas no estúdio. Os Blu-rays apresentam uma variedade de opções de áudio, incluindo alta definição, qualidade de estúdio 192kHz/24bit com áudio em estéreo e mixagens envolventes em 5.1 Surround e Dolby Atmos.

 

 

“John Lennon/Plastic Ono Band – The Ultimate Collection” também será lançado em múltiplas configurações físicas e digitais simultâneas, como um 1 CD que inclui as Ultimate Mixes do álbum original e os três singles não pertencentes ao álbum e como uma versão expandida de 2CD ou 2LP que adiciona um disco de outtakes de cada música. No Brasil, o projeto será lançado apenas na versão digital.

 

 

THE ULTIMATE MIXES

O álbum original “John Lennon/Plastic Ono Band” foi fielmente remixado do zero pelo já mencionado Paul Hicks, no Abbey Road Studios, sob a supervisão de Yoko Ono Lennon. Hicks utilizou transferências de áudio de 192 kHz/24 bits de alta definição das gravações multitrack de primeira geração para criar as melhores recriações possíveis dos originais. O resultado é que essa nova The Ultimate Mixes agora revela novos níveis de profundidade, definição e clareza sonora, especialmente em 5.1 Surround Sound e Dolby Atmos. “Yoko está muito interessada que, ao fazer a série ‘The Ultimate Mixes Series’, alcancemos três coisas: permanecer fiel e respeitoso com os originais, garantir que o som seja sonoramente mais claro e aumentar a clareza dos vocais de John. ‘É sobre o John’ ela diz. E ela está certa. Sua voz traz o maior impacto emocional para o álbum. ”

 

 

OS OUTTAKES

A coleção inclui outtakes estéreos inéditos de cada música, que foi mixada com um equilíbrio mais parecido com as mixagens do álbum original, com um pouco de efeitos adicionais – no estilo de uma “mixagem de audição bruta”, que John & Yoko e Phil Spector costumavam usar em Abbey Road. Os destaques incluem “Mother” (Take 61), que remove o sino de abertura e tem a bateria mixada em mono; “Love” (Take 6), com Lennon tocando a música num violão acústico sem o auxílio de Spector no piano e o primeiro ensaio de “Rememnber” (Rehearsal 1), que começou como uma música mais lenta e suave do que alegre e divertida e que evoluiu para “Well Well Well” (Take 2), que termina com uma jam instrumental, e a pedrada alternativa dedilhada em “Look At Me” (Take 2) e em “Cold Turkey” (Take 1), com uma guitarra tremendamente funky, tocada por John e Eric Clapton.

 

 

DEMOS

Além dos outtakes, estão incluídas as gravações originais de cada música, seja de uma fita cassete caseira, seja de um primeiro ensaio ou de um ensaio no estúdio. É notável ouvir como muitas das músicas estavam totalmente formadas antes de serem trazidas para o estúdio e no que elas se transformaram. A maioria dessas gravações nunca foi lançada até agora.

 

 

OS ELEMENTS MIXES

Os Elements Mixes mixados por Hicks trazem alguns dos elementos ocultos nunca antes ouvidos, ou em alguns casos usados, e os apresenta em um palco sonoro mais amplo e brilhante para revelar níveis mais profundos de detalhes e clareza. A ideia por trás disso é que, uma vez que esses elementos tenham sido ouvidos, os fãs poderão ouvir detalhes anteriormente ocultos nas mixagens do álbum de uma forma completa. Eles vão desde a faixa vocal isolada de John para “Mother”, a conga “I Found Out”, os vocais extras em “Hold On”, o órgão alternativo em “Isolation”, as maracas não utilizadas em “Well Well Well” e o vocal guia original em “God”.

 

 

OS RAW STUDIO MIXES + OUTTAKES

Mixado por Rob Stevens, os Raw Studio Mixes transportam os ouvintes para o centro do estúdio em Abbey Road para experimentar como era ser testemunha das sessões de gravação. As músicas foram mixadas sem efeitos, delays ou reverbs, recriando o mais próximo possível como essas performances soavam ao vivo. Os Raw Studio Mixes se posicionam por conta própria para fornecer um conjunto notavelmente diferente de experiências de escuta, eliminando as técnicas de modelagem de som que foram usadas na produção do álbum original de 1970 para revelar mais nuances e profundidades nessas performances de estúdio sem adornos.

 

 

O EVOLUTION DOCUMENTARY

Os Evolution Mixes são minidocumentários que exploram o desenvolvimento de cada música por meio de seus elementos, arranjos e músicos que tocam nelas. Editado a partir das oito faixas multitracks originais, de 25cm de polegada das gravações e mixagens ao vivo e de algumas fitas demo de Sam Gannon, geralmente cada Evolution Mix percorre as sessões de cada canção cronologicamente, começando com as demos e/ou tomadas iniciais e terminando com as mixagens finais; documentando sua jornada criativa desde a inspiração até o trabalho final, explorando diferentes partes, por vezes ocultas das multitracks e incluindo todo o melhor método, magia, habilidade e conversas durante o desenvolvimento das canções. Ao longo das sessões, há uma sensação de leveza e jovialidade que contrasta com os temas pesados ​​e, às vezes, muito intensos que permeiam grande parte do álbum. Essas mixagens fornecem uma janela para esse mundo, colocando o ouvinte no centro do estúdio com John, Yoko, Phil e a Plastic Ono Band.

 

 

AS JAMS

Apesar da natureza séria do álbum, John e a Plastic Ono Band, que às vezes incluía Yoko, Billy Preston e Phil Spector, se divertiam entre as tomadas improvisando espontaneamente músicas clássicas de rock’n’roll, improvisações e até mesmo versões iniciais de algumas das outras canções de John. Pela primeira vez, essas 22 jams estão sendo disponibilizadas e são apresentadas na ordem em que foram gravadas. Algumas das muitas joias incluem performances improvisadas de “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry; “Ain’t That A Shame”, de Fats Domino; “Send Me Some Lovin'”, de Little Richard; e uma hilária imitação de Elvis Presley, ilustrando o amor de John pelo rock’n’roll. Outros destaques incluem “Hold On” e algumas tentativas iniciais de “I Don’t Want To Be A Soldier Mama, I Don’t Want To Die”, que acabaria em seu próximo álbum, “Imagine”.

 

 

YOKO ONO/PLASTIC ONO BAND – THE LIVE SESSIONS

Em 10 de outubro, um dia após o 30º aniversário de Lennon, Yoko, John, Klaus e Ringo gravaram uma freeform jam session experimental que seria publicada no álbum simultâneo de Yoko, “Yoko Ono / Plastic Ono Band”. Pela primeira vez, a sessão completa, mais de três vezes a duração do álbum original, pode ser ouvida como parte do Blu-ray em sua totalidade. Recentemente mixado por Sam Gannon, ele está sendo apresentado em áudio de alta resolução e em sua velocidade original sem edições, com faixas como “Why” marcando 18 minutos e “Why Not” excedendo 21 minutos. A sessão ao vivo é reforçada por três improvisações que nunca foram lançadas antes: “Life”, “Omae No Okaa Wa” e “I Lost Myself Somewhere In The Sky”.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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