Cidades Enferrujadas
Sabe aquele filme que é ruim, mas é bom? Máquinas Mortais se encaixa nesta simpática categoria. É ficção, ação, aventura, baseia-se em livro (do escritor Philip Reeve), ostenta luxo e riqueza sempre que pode mas, no fim, deixa aquela sensação de que poderia ter sido muito mais legal.
A sinopse é curtinha e banal: a Terra foi arrasada por um conflito armado que durou 60 minutos. Este tempo foi necessário para quase extinguir a humanidade e deixar os remanescentes totalmente vulneráveis, sem combustível, alimentos, enfim, completamente ferrados. A solução encontrada por algumas cidades foi … tornarem móveis. Isso, andar por aí, de um lado pro outro, sobre rodas, impulsionadas por motores, levando seus habitantes para onde forem. É o “tracionismo”, filosofia (?), meio de existência e sobrevivência que, por exemplo, Londres abraça. E é a antiga capital da Inglaterra que protagoniza o filme. Ela anda por aí, em planícies, atacando cidades menores e consumindo seus recursos.
Poderia ser sensacional, né? Mas não.
O filme foca na trama que envolve o personagem de Hugo Weaving, Thaddeus Valentine, que pesquisa novas tecnologias para a locomoção da cidade. Ele acredita no DARWINISMO MUNICIPAL, que é a ideia de que as cidades evoluem entre si e as mais fortes devem prevalecer sobre as menores e mais fracas. É uma espécie de justificativa filosófica para atacar os mais vulneráveis – algo bem comum na história da humanidade.
Um mistério no passado de Valentine vai conduzir a trama e iremos conhecer Hester Shaw, uma ativista antitracionismo, que vai se opor a ele, num jogo de gato e rato, no qual irão se misturar clichês, referências, efeitos especiais bacanas e uma sensação estranha de que estamos vendo um híbrido com ares steampunk de Mad Max, V de Vingança, Sim City e Corrida Maluca, com toques de Esquadrilha Abutre.
Gênero: Ação, Aventura
Direção: Christian Rivers
Elenco: Hugo Weaving, Hera Hilmar, Robert Sheehan
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.