Guardiões da Galáxia vol.3 é o melhor da série

 

 

E se eu te disser que o terceiro longa dos Guardiões da Galáxia, além de ser o melhor que seus dois antecessores, é um dos mais interessantes e deslumbrantes filmes do chamado MCU – o tal universo Marvel? Pois acredite. O diretor e roteirista James Gunn escreveu e realizou uma pequena obra prima espacial, comovente, divertida e capaz de proporcionar delírios visuais praticamente inéditos. Tudo funciona absurdamente bem nesta terceira aventura dos Guardiões: o espectador chora, ri, leva sustos e ainda se depara com uma história comovente, que elucida o passado de um dos personagens mais queridos do grupo: Rocket, o guaxinim, cuja voz e interpretação cabem ao ótimo Bradley Cooper. Tudo aqui gira em torno da vida do roedor, passando por fatos e eventos nunca antes mencionados.

 

 

Gunn é um ótimo diretor e capaz de materializar, seja em imagem, seja em ação, verdadeiros delírios estéticos. Além dessa capacidade de realizar o exótico e o impensável, ele também é ótimo em diálogos e na contação de histórias. E são várias as narrativas em curso neste terceiro longa. O bode que os Guardiões vivem quando começa o filme, fruto dos eventos recentes nos outros longas da Marvel, é interrompido pelo ataque de uma nova criatura ao QG dos heróis, Knowhere Land. Nesta ação, Rocket é ferido de morte e a equipe, após duríssima batalha contra esta criatura, Adam Warlock (Will Poulter), que terá um papel importante ao longo do filme – e da própria história dos Guardiões – a equipe de heróis vai em busca de informações sobre a origem de Rocket, na verdade, um fruto de experiências genéticas feitas por um maníaco chamado Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji).

 

 

A partir daí, Gunn conduz o espectador por uma sucessão de mundos, cenários e eventos que vão se fundir no confronto contra um ser que, sob a alegação de buscar a perfeição social e biológica, não hesita em fazer todos os tipos de experiências brutais em diferentes espécies, com resultados perturbadores. Há momentos de repulsa ao longo da narrativa deste personagem e cenas realmente violentas que ilustram a dimensão assassina deste tipo de postura que, sabemos bem, passa pela eugenia e pelo fascismo. Enquanto isso, as tramas dos personagens, especialmente a de Star Lord (Chris Pratt) e Gamora (Zoe Saldana) ganham novas dimensões à medida que os eventos acontecem. Gunn também se diverte dando voz e espaço para personagens secundários, especialmente Cosmo, o Cão Espacial. Anteriormente um cão que foi enviado pelo espaço pela União Soviética, em 1966, Cosmo desenvolveu habilidades telepáticas. James Gunn mudou o gênero de Cosmo de masculino, como retratado nos quadrinhos, para feminino para o filme, como uma homenagem à inspiração original do personagem, Laika, a cadela espacial soviética que se tornou um dos primeiros animais no espaço. Quem fornece a voz de Cosmo é Maria Bakalova, que também cedeu a captura de movimento para a personagem.

 

 

É importante, assim como em todos os filmes do MCU, ter a noção dos acontecimentos prévios a fim de compreender totalmente o que está acontecendo na tela, porém, em Guardiões da Galáxia vol.3, o deslumbre estético é tão impressionante, que o espectador de ocasião pode se divertir e espantar apenas pelas imagens e sons. Aliás, como os antecessores, a trilha sonora é um personagem decisivo no longa, com um detalhe interessante. Se nos anteriores, a seleção musical oscilava entre as décadas de 1960 e 1970, aqui temos várias exceções a esta regra. “Creep”, do Radiohead, aparece logo de cara, numa versão acústica e “In The Meantime”, sucesso maravilhoso da banda Spacehog, sonoriza uma sequência impressionante no espaço – ambas dos anos 1990. “No Sleep Til Brooklyn”, dos Beastie Boys, é de 1986; “This Is The Day”, do The The, é de 1983; “Do You Realize?”, dos Flaming Lips (2002) também está presente e “Dog Days Are Over”, sucesso de Florence + The Machine, de 2009, tem papel importante na sequência final. Além delas, claro, os hits dourados seguem presentes, sendo que “Reasons”, baladaça clássica do Earth, Wind And Fire, sonoriza uma sequência de combates fisicos com resultados impressionantes.

 

 

Este terceiro filme encerra as ações dos Guardiões, pelo menos, por enquanto, mas não há qualquer momento de tristeza que aponte para um fim definitivo. Pelo contrário. Este último longa é uma verdadeira montanha russa de emoções e deslumbre e deve ser visto, com pompa e cirscunstância, numa ótima telona, de preferência, numa sala IMAX.

 

 

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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